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Startup StopClub capta R$ 5,9 milhões para ajudar motorista a saber quando vale a pena ser Uber

Plataforma calcula ganhos e custos e ajuda o motorista a decidir se vale a pena aceitar uma corrida -- ou não

Sócios da StopClub: com o dinheiro, a empresa quer crescer cerca de nove vezes em receita até o final do ano (StopClub/Divulgação)

Sócios da StopClub: com o dinheiro, a empresa quer crescer cerca de nove vezes em receita até o final do ano (StopClub/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 5 de março de 2024 às 09h00.

Cerca de 1,7 milhão de brasileiros trabalham com aplicativos de transporte do Brasil. Um número que vem em escala crescente, pelo menos até o início de 2022, como revelam os dados mais recentes do Instituto de Pesquisa Avançada, o Ipea.

Esses motoristas ou entregadores fazem parte do que o mundo conhece como Gig Economy. Trata-se de uma economia alternativa da era digital com prestação de serviços autônomos no lugar de contratações fixas. Esses serviços podem ir da hospedagem, como é o caso do AirBNB, até deslocamento, como acontece com a Uber e a 99, por exemplo.

Foi identificando essa tendência -- e mercado de trabalho -- em alta que os cariocas Pedro Inada e Luiz Gustavo Neves criaram a StopClub em 2017. 

Inicialmente, a plataforma permitia que motoristas de aplicativo encontrassem lugares seguros para estacionar, se alimentar e fazer suas necessidades enquanto estavam trabalhando. Durante a pandemia, porém, o modelo de negócio pivotou e hoje a empresa serve como um “assistente” do trabalhador.

Pela StopClub, por exemplo, o motorista pode calcular se a viagem que está sendo oferecida a ele valerá a pena. A plataforma coleta a distância, o valor que está sendo pago e informações adicionais, como o consumo do veículo e o preço da gasolina e mostra essas informações num único dashboard para o motorista, que avalia e toma a decisão de aceitar a corrida -- ou não. 

Com essa tecnologia, a empresa acaba de captar 1,2 milhão de dólares, cerca de 5,9 milhões de reais. A rodada de investimento foi liderada pela Redpoint Ventures e teve participação da Raio Capital. 

Com o dinheiro, a empresa quer crescer cerca de nove vezes em receita até o final do ano. A startup não divulga, porém, quanto fatura. O dinheiro será usado para desenvolvimento de tecnologias com a intenção de criar novos produtos para entrar mais dinheiro na plataforma. 

Como a StopClub nasceu 

O projeto foi desenvolvido por dois amigos de infância. 

Pedro Inada trabalhava no mercado financeiro, numa gestora de investimentos que administrava cerca de 1 bilhão de reais no Rio de Janeiro. Em 2013, largou a operação para ter uma startup de marketplace de prestação de serviços. O negócio não foi para frente, mas serviu como base de aprendizado para o mundo do empreendedorismo. 

Luiz Gustavo Neves teve um movimento de carreira parecido, mas na área de direito. Trabalhou no setor tributário até sair para empreender, mais ou menos na mesma época, em 2013. Sua primeira empreitada foi na revitalização de uma área ociosa do Jockey Club no Rio. 

“Nós sempre compartilhamos experiências, porque éramos amigos de infância e estávamos vivendo momentos muito semelhantes de nossas vidas”, diz Inada. “Estávamos sempre trocando figurinhas”. 

As figurinhas viraram uma oportunidade de negócio em 2017, quando os dois perceberam um movimento que chamam de “uberização”, com mais trabalhadores colaborativos no país. Foi quando decidiram desenvolver a StopClub, primeiramente como um clube de apoio físico para o motorista, depois como um “assistente virtual”.

Como a StopClub funciona 

Atualmente com cerca de 230.000 usuários ativos no Brasil, a StopClub é um clube para o motorista de aplicativo, atuando em duas frentes: segurança e rentabilidade. 

Na parte de segurança, a plataforma funciona como uma rede social em que motoristas podem se adicionar, compartilhar localização e viagens e mostrar para onde estão indo. O app também transforma o telefone do usuário numa câmera de segurança. “Em dois toques, inicia uma navegação em segundo plano”, afirma Neves. 

Na parte de rentabilidade, há uma calculadora de ganhos e outra de custos. Na de ganhos, a plataforma informa quanto o profissional vai ganhar por hora ou quilômetro rodado com a corrida, podendo recusar automaticamente as que não interessarem. Na de custos, os usuários a entenderem seus custos e calcular o ganho líquido real de acordo com o número de horas trabalhadas e o total de quilômetros rodados.

“Antigamente, toda corrida era vantajosa, mas hoje em dia, tem muita viagem que não vale a pena para o motorista”, diz Inada. “Como os brasileiros não costumam ter uma boa educação financeira, essas ferramentas ajudam o motorista a tomar as decisões”. 

E como a StopClub fatura? Para quem quiser pagar, há uma modalidade “premium” que custa 7,99 reais por mês. Hoje, a empresa tem cerca de 15.000 assinantes. Boa parte das funcionalidades, porém, também estão disponíveis na versão gratuita. 

Nesse caso, o faturamento vem de um outro serviço da empresa: um marketplace de produtos que possam interessar o motorista. Na lista de vendas há serviços como seguro, consórcio e crédito. E a plataforma ganha uma comissão em cima da venda. 

Entre as marcas que aparecem hoje na plataforma estão empresas como o consórcio Mycon, a seguradora Iza e uma oferta de crédito do Santander via a startup mexicana Bankuish.

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“O StopClub Pro traz ferramentas que melhoram muito os ganhos dos usuários e o nosso marketplace os ajuda a encontrar os produtos e serviços que eles precisam”, diz Neves. “Essas duas frentes vêm fazendo nosso faturamento crescer 82% ao mês”.

Pedra no sapato da Uber

A possibilidade de recusar automaticamente viagens desagradou a gigante de corridas Uber. No ano passado, as duas empresas travaram uma disputa na Justiça pela possibilidade dos motoristas usarem a plataforma da StopClub ou não.

Na alegação da Uber, a plataforma violava os termos de uso da companhia, que conta com restrições sobre o uso de robôs para um trabalho que deve ser humano: de aceitar uma corrida ou não. A gigante de tecnologia também disse que havia violação de privacidade de dados e concorrência desleal por parte da startup carioca.

Num primeiro momento, a Justiça acolheu o pedido da Uber e mandou suspender o uso das ferramentas de cálculo de ganhos e recusa automática do aplicativo. Depois, em segunda instância, voltou atrás e liberou a plataforma, que segue funcionando. 

Como o aporte será usado 

Os quase 6 milhões de reais que entram agora serão usados para a plataforma ganhar escala -- e principalmente, motoristas. 

O dinheiro será usado tanto para marketing e divulgação como para incrementar o produto de marketplace para o motorista. “Nosso plano para esse ano é focar em tracionar vendas”. 

A expectativa é chegar ao breakeven operacional até o final do ano. Segundo Neves, as chances são altas: “ Todos nossos indicadores apontam que vamos chegar nessa métrica”. 

Outro objetivo, com o dinheiro, é ampliar o alcance territorial do app, para que mais pessoas fora do eixo Rio-São Paulo usem a tecnologia, seja no modelo gratuito, ou no modelo pago. 

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