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Para o 'pai do CRM', adoção da IA nas empresas é mandatória, mas não do jeito que estão falando

Thomas Siebel fundou a Siebel Systems, adquirida pela Oracle no começo dos anos 2000, e comanda a operação da C3.AI, fábrica de softwares que atende do Google à Força Aérea Americana

Thomas Siebel, da C3.AI: "As empresas que não usam IA generativa serão adquiridas por essas que estão usando" (Marcos Bonfim/Exame)

Thomas Siebel, da C3.AI: "As empresas que não usam IA generativa serão adquiridas por essas que estão usando" (Marcos Bonfim/Exame)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 9 de abril de 2024 às 18h47.

Última atualização em 10 de abril de 2024 às 09h39.

Sunnyvale (Estados Unidos) — Carismático e alegórico, o americano Thomas Siebel subiu ao palco do Brazil at Silicon Valley para questionar falas que considera precipitadas sobre o futuro com inteligência artificial generativa. 

Sim, o pai do CRM, as ferramentas usadas por empresas para a gestão dos negócios, também acredita que a adoção das tecnologias é mandatória. A diferença está em como fazer esse processo. 

“Há uma ideia de que o futuro com a IA é que precisamos reeducar todo mundo para ser um cientista de dados”, diz Siebel. “Há um monte de besteira, não é verdade. As pessoas usarão a IA de forma inteligente, incorporada nas ferramentas que utilizam no dia a dia e nem saberão que estão usando”.

Quem é Thomas Siebel

Ex-funcionário da Oracle, Thomas Siebel criou sua própria fábrica de softwares nos anos 1990, a Siebel Systems, empresa que mais tarde seria adquirida pela própria Oracle por US$ 5,85 bilhões em 2006.

Aos 71 anos, ele é o chairman e CEO da C3.AI, uma plataforma fundada em 2009 e que abriu o capital em 2020. Na bolsa, a companhia é avaliada em mais de US$ 3 bilhões.    

Tem clientes como Google, Shell, Petronas e CIA, passando pela Força Aérea Americana. Para elas, a C3 oferece softwares que ajudam a monitorar dados, trazer eventuais riscos operacionais e ajudar na transformação digital da indústria.  

No caso de um avião da força aérea, isso significa integrar informações que circulam por mais de 40 mil sensores e movimentam em torno de 80 terabytes de dados.

Diferentemente da corrida por STEAM (tecnologia, arte, matemática, engenharia) nos últimos recentes, com vários profissionais buscando migrar para tecnologia, o empresário americano aponta que o momento é outro com a IA generativa. 

“Deixem essa ideia de que precisamos requalificar os taxistas do Rio em ciência de dados”, brincou, arrancando risos de uma plateia formada em sua maioria por empreendedores brasileiros.

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Quais serão as empresas ganhadoras

De acordo com o empresário, a base para o uso da tecnologia virá dos modelos de LLMs, desenvolvido por companhias como a OpenAI, com o ChatGPT, e o Google, com o Gemini, com outras ferramentas como aprendizado de máquina e big data.

A partir daí, o acesso se expandirá para as várias camadas de profissionais, sem uma necessidade de especialização em tecnologia por parte de marqueteiros e advogados, por exemplo. A percepção do executivo difere de outros players, que estimulam a busca por ciência de dados.

Neste momento de transformação, quem não pode ficar para trás na adoção da tecnologia são os negócios. “Existem empresas que adotam IA e está tudo bem. E há aquelas que não usam, que serão adquiridas por essas que estão usando”, afirmou o americano.

Ele usa dessa experiência de décadas no Vale do Silício e no ambiente da inovação fundamentar as suas ideias. Quando saiu da faculdade nos anos 1980, o mercado de tecnologia era calculado em US$ 200 bilhões, montante bem distante dos números atuais de US$ 8 trilhões.

“Eu estava lá quando as pessoas diziam que não iam usar computadores, quando os CIOs falavam sobre não usar PCs. Eu estava lá quando o CEO não dizia que não usaria a nuvem. Quanto tempo durou isso?”, diz o executivo.

*O jornalista viajou a convite da organização do Brazil at Silicon Valley 

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