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Panvel aposta em market place com poucos — e bons — sellers

Uma das principais redes de farmácias da região Sul do país deve lançar em julho uma plataforma para venda de parceiros que, inicialmente, deve ter pouco mais de uma dezena de marcas

Julio Mottin Neto, CEO do Grupo Panvel: ecossistema dos market places é "oceano vermelho demais" (Ricado Jaeger/Divulgação)
LB

Leo Branco

Publicado em 26 de abril de 2022 às 09h15.

Última atualização em 26 de abril de 2022 às 09h47.

À frente de uma das principais redes de farmácias da região Sul, com vendas de 3,5 bilhões de reais em 2021, o gaúcho Julio Mottin Neto, CEO do Grupo Panvel, vem estudando atentamente o movimento de marketplaces no Brasil e no mundo nos últimos meses.

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O motivo: em julho, a Panvel espera lançar um marketplace próprio — e com um jeitão bem diferente do usual.

A ambição de Mottin Neto é ter um espaço com algo como uma dezena de sellers, jargão do mercado para as lojinhas virtuais de empresas parceiras de varejistas responsáveis por manter a plataforma no ar.

Só para ter uma comparação, a Amazon mantém 9,7 milhões de sellers mundo afora, dos quais 20% têm vendas constantes pela varejista. Na chinesa Alibaba, são 8,5 milhões de vendedores ativos. O Mercado Livre, marketplace líder em vendas na América Latina, tem mais de 10 milhões.

Mottin Neto vê essa grandiosidade com ceticismo. "É um oceano vermelho demais", diz ele. "Todo mundo quer competir fazendo tudo ao mesmo tempo e sem entender exatamente onde quer chegar."

A visão da Panvel para as vendas digitais de parceiros passa por uma curadoria apurada do mix de produtos — vindos de pouco mais de uma dezena de sellers escrutinados no detalhe pela equipe da rede de farmácias antes de receber o aval para vender por ali. "Somos uma marca muito reconhecida nos mercados em que atuamos e queremos preservar essa credibilidade", diz Mottin Neto.

"A ideia é usar o poder da marca Panvel para alavancar as vendas de native digital brands, que estão se proliferando e precisam de um canal poderoso como o nosso", diz ele, numa referência às marcas sem presença física e que vêm mudando a maneira de consumir produtos em categorias como higiene, beleza e bem-estar.

Vide o sucesso de linhas de cosméticos fundadas por celebridades do Instagram como as influenciadoras Jade Picon (Simple Organic) e Julia Petit (Sallve). "Esse mercado vem passando por uma revolução. Com o market place vou poder participar disso", diz ele.

A seleção das marcas para o market place da Panvel está em andamento e deve ser anunciada em breve.

"Vestir a loja de market place"

A intenção é aproveitar a força de 9.000 funcionários do Grupo Panvel, boa parte deles no atendimento das mais de 520 lojas espalhadas pelos três estados da região Sul e na capital paulista.

"Nossos vendedores vão oferecer esses produtos a quem estiver na loja. A venda do marketplace vai entrar na meta de cada loja. Vamos vestir a loja de market place", diz.

A aposta no marketplace vem depois de o canal digital da Panvel ter encarado bem os percalços da pandemia. Atualmente, o canal responde a 16% das vendas da varejista — antes da pandemia raramente chegava à casa de dois dígitos.

A quarentena elevou a demanda pelo delivery da Panvel, conhecido por muitos gaúchos, catarinenses e paranaenses pela agilidade — a empresa promete entregas em até 2 horas nas principais cidades da região.

Aí, outra diferença: boa parte das entregas sai dos estoques das lojas físicas ou de dark stores (espaços para armazenamento de estoques), e não de centros de distribuição.

“Temos 128 lojas híbridas, 9 mini centros de distribuição, as darkstores, e abrangência de entrega em até uma hora em todas as cidades que estamos presentes”, diz Mottin Neto. Segundo ele, no quarto trimestre de 2021, 97% das entregas foram feitas dentro do prazo.

Abertura de lojas

Em função disso, a varejista aposta alto na abertura de pontos de venda. Em 2021, foram 60 novas lojas. “Seguimos com a estratégia de adensamento regional na Região Sul do país, principalmente fora das capitais, e incremento da capacidade digital”, diz. Das 60 lojas, 36 foram no Rio Grande do Sul, 13 em Santa Catarina e 11 no Paraná.

A meta para este ano é de 65 novas lojas, diz o CFO Antônio Napp. Só no primeiro trimestre foram 15.

O foco é ganhar mercado em Santa Catarina e no Paraná, onde a varejista tem cerca de 5% de market share. (No Rio Grande do Sul, a fatia é de 22%.)

Em outra frente, a rede de farmácias quer aumentar o número de lojas em regiões periféricas ou no entorno de ruas de comércio popular. Hoje, 25% das lojas são "populares", diz Mottin Neto, e têm um mix mais amplo de produtos de baixo custo, voltados à classe C, e com um layout mais simples — nelas, os estoques costumam estar à vista dos consumidores para economizar espaço, algo fora de questão nas lojas de regiões mais nobres.

Os investimentos coincidem com resultados financeiros invejáveis em 2021 para o Grupo Panvel, fundado há 55 anos e que até dezembro do ano passado se chamava Dimed.

Atualmente, a companhia engloba a rede de farmácias Panvel, a distribuidora de medicamentos Dimed e o laboratório farmacêutico Lifar, responsável por produtos white label a outras marcas e pela produção da marca própria de produtos de higiene e beleza Panvel.

O lucro líquido ajustado do Grupo aumentou 32% na comparação com 2020 e chegou a 92 milhões de reais.

Na Panvel Farmácias, o crescimento da venda foi de 17,9%, acima da média do mercado e acima da inflação, um desafio para boa parte do varejo brasileiro no ano passado.

A marca própria, com 7,8% de participação nas vendas do ano, posição de liderança em relação ao restante do varejo farma brasileiro.

Os investimentos aumentaram 2,5 vezes na comparação a 2019 e foram os maiores da história da companhia.

O destaque foi a abertura de um centro de distribuição para a companhia em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

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