Os erros e acertos da Barilla para conter a crise de imagem
O presidente da empresa, Guido Barilla, disse a uma rádio italiana que casais gays jamais fariam comerciais para a marca, mas teve de se desculpar pela internet
Luísa Melo
Publicado em 7 de outubro de 2013 às 15h44.
São Paulo - Após ter dito que casais homossexuais jamais estrelariam campanhas de publicidade para a Barilla, o presidente da fabricante italiana de massas, Guido Barilla, pediu desculpas por meio dos canais oficiais da empresa no Facebook e no Twitter .
O pronunciamento foi feito depois que a declaração repercutiu negativamente em todo o mundo e internautas iniciaram uma campanha de boicote aos produtos da marca nas redes sociais.
É claro que todo o transtorno poderia ter sido evitado se Barilla não tivesse feito a afirmação à rádio italiana "La Zanzara" na quarta-feira. Porém, uma vez que um problema desta natureza acontece, existem formas de minimizar - ou, pelo contrário, aumentar - o seu impacto.
Um especialista consultado por EXAME.com aponta quais foram os acertos e erros cometidos pela empresa para tentar conter a crise de imagem e melhorar a sua reputação . Veja quais são eles:
Acertos
Para Clovis Netto, coordenador do curso de especialização de projetos e serviços da Fundação Vanzolini, a retratação e o pedido de desculpas de Barilla representam atitudes fundamentais. "Era preciso que ele dissesse que não foi bem compreendido e reconhecer o engano. Nestes casos, é importante aceitar o erro e reforçar que a marca não quer deixar uma imagem ruim", diz.
Ter escolhido o Facebook e o Twitter para se pronunciar também foi um acerto da empresa, segundo Netto. Isso porque a mensagem chegou primeiro a seguidores da marca, que provavelmente já estavam por dentro da polêmica.
"Saber onde veicular a retratação é fundamental. Ela tem que ser direcionada às pessoas certas, porque levá-la a quem ainda nem sequer sabe do ocorrido, só vai despertar a curiosidade dessas pessoas para o fato", explica.
A rapidez com que a mensagem do presidente da Barilla foi postada no Twitter, menos de 24 horas após a sua entrevista à radio, foi outro ponto em que a empresa fez a coisa certa.
"Não dá para a companhia escolher a hora em que vai agir, tem ser muito rápido. Caso contrário, ela poderá ficar marcada pelo ocorrido", diz o professor.
Erros
Segundo Netto, o pedido de desculpas de Barilla seria mais eficiente se tivesse sido em uma declaração publicada em forma de vídeo, para dar um tom mais pessoal. "As pessoas viram o rosto dele nos jornais. Seria interessante que ficasse claro que o presidente está se pronunciando, e não somente a sua equipe", afirma. "Isso mostraria uma atitude mais veemente para entender o erro".
O professor também acredita que abrir um canal de comunicação em tempo real com a mídia e os consumidores também seria uma forma de deixar claro que a empresa entendeu que a declaração sobre os homossexuais foi um equívoco e que tem interesse em corrigi-lo.
"Mas teria que ser algo como um chat, com todo o suporte da assessoria e com um tempo de resposta. Porque colocar o presidente em uma coletiva de imprensa, por exemplo, em que ele não seria orientado o tempo todo, seria só mais uma forma de deixá-lo exposto", diz.
A Barilla é líder de mercado na Itália e é reconhecida pela qualidade dos produtos de sua marca. Por isso, ressaltar esse ponto poderia ser uma estratégia eficiente de conter a crise de reputação.
"A empresa poderia organizar um evento de degustação aberto ao público, por exemplo. Isso colocaria em evidência as suas massas, tirando a polêmica do foco", diz Netto. "Além disso, o presidente poderia ter ressaltado que a companhia possui consumidores pelo mundo todo e que deseja que todos eles, independente de suas preferências, sejam servidos com qualidade".
São Paulo - Após ter dito que casais homossexuais jamais estrelariam campanhas de publicidade para a Barilla, o presidente da fabricante italiana de massas, Guido Barilla, pediu desculpas por meio dos canais oficiais da empresa no Facebook e no Twitter .
O pronunciamento foi feito depois que a declaração repercutiu negativamente em todo o mundo e internautas iniciaram uma campanha de boicote aos produtos da marca nas redes sociais.
É claro que todo o transtorno poderia ter sido evitado se Barilla não tivesse feito a afirmação à rádio italiana "La Zanzara" na quarta-feira. Porém, uma vez que um problema desta natureza acontece, existem formas de minimizar - ou, pelo contrário, aumentar - o seu impacto.
Um especialista consultado por EXAME.com aponta quais foram os acertos e erros cometidos pela empresa para tentar conter a crise de imagem e melhorar a sua reputação . Veja quais são eles:
Acertos
Para Clovis Netto, coordenador do curso de especialização de projetos e serviços da Fundação Vanzolini, a retratação e o pedido de desculpas de Barilla representam atitudes fundamentais. "Era preciso que ele dissesse que não foi bem compreendido e reconhecer o engano. Nestes casos, é importante aceitar o erro e reforçar que a marca não quer deixar uma imagem ruim", diz.
Ter escolhido o Facebook e o Twitter para se pronunciar também foi um acerto da empresa, segundo Netto. Isso porque a mensagem chegou primeiro a seguidores da marca, que provavelmente já estavam por dentro da polêmica.
"Saber onde veicular a retratação é fundamental. Ela tem que ser direcionada às pessoas certas, porque levá-la a quem ainda nem sequer sabe do ocorrido, só vai despertar a curiosidade dessas pessoas para o fato", explica.
A rapidez com que a mensagem do presidente da Barilla foi postada no Twitter, menos de 24 horas após a sua entrevista à radio, foi outro ponto em que a empresa fez a coisa certa.
"Não dá para a companhia escolher a hora em que vai agir, tem ser muito rápido. Caso contrário, ela poderá ficar marcada pelo ocorrido", diz o professor.
Erros
Segundo Netto, o pedido de desculpas de Barilla seria mais eficiente se tivesse sido em uma declaração publicada em forma de vídeo, para dar um tom mais pessoal. "As pessoas viram o rosto dele nos jornais. Seria interessante que ficasse claro que o presidente está se pronunciando, e não somente a sua equipe", afirma. "Isso mostraria uma atitude mais veemente para entender o erro".
O professor também acredita que abrir um canal de comunicação em tempo real com a mídia e os consumidores também seria uma forma de deixar claro que a empresa entendeu que a declaração sobre os homossexuais foi um equívoco e que tem interesse em corrigi-lo.
"Mas teria que ser algo como um chat, com todo o suporte da assessoria e com um tempo de resposta. Porque colocar o presidente em uma coletiva de imprensa, por exemplo, em que ele não seria orientado o tempo todo, seria só mais uma forma de deixá-lo exposto", diz.
A Barilla é líder de mercado na Itália e é reconhecida pela qualidade dos produtos de sua marca. Por isso, ressaltar esse ponto poderia ser uma estratégia eficiente de conter a crise de reputação.
"A empresa poderia organizar um evento de degustação aberto ao público, por exemplo. Isso colocaria em evidência as suas massas, tirando a polêmica do foco", diz Netto. "Além disso, o presidente poderia ter ressaltado que a companhia possui consumidores pelo mundo todo e que deseja que todos eles, independente de suas preferências, sejam servidos com qualidade".