Neon recebe aporte de R$400 milhões e tentará crescer fora do eixo Rio-SP
Com 2 milhões de usuários, fintech usará recursos para expansão e novos produtos. Neste ano, empresa havia comprado a MEI Fácil, com serviços PJ
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2019 às 14h48.
Última atualização em 18 de novembro de 2019 às 16h03.
A disputa entre os bancos digitais fica cada vez mais acirrada. A fintech Neon , que oferece produtos como conta de pagamentos digital e cartão de crédito, recebeu investimento de 400 milhões de reais do fundo General Atlantic e do Banco Votorantim.
O aporte foi um dos maiores de série B no Brasil, isto é, voltado a empresas com modelo de negócio já consolidado e foco em expansão dos serviços.
Fundada em 2016, a Neon tem atualmente 2 milhões de contas ativas, e pretende usar o aporte sobretudo para levar a marca para capitais fora do eixo Rio-São Paulo, com investimentos em marketing, além de ampliar a oferta de produtos, com novas modalidades de crédito e opções de investimento. Hoje a Neon tem 600 funcionários, e os recursos também serão usados para contratações e melhorias na tecnologia.
É a segunda rodada de aportes da Neon, que já havia recebido 72 milhões de reais em maio de 2018, em uma rodada série A, voltada a negócios ainda em estágio menor. Também participaram do aporte desta vez os fundos Monashees, Omidyar Network, Propel, Quona e Mabi, que já haviam investido na primeira rodada, em 2018.
Pedro Conrade, fundador da Neon, afirma em nota que o o negócio se manterá independente e que a rodada "chancela nosso modelo de negócios e nos dá fôlego para seguir crescendo em um ritmo ainda mais intenso".
Concorrência
A Neon concorre com uma dezena de bancos digitais que pipocaram nos últimos anos oferecendo contas e serviços a taxas menores, como Nubank, com 10 milhões de usuários, Inter, com mais de 3 milhões de contas e Next, do Bradesco, com mais de 1,4 milhões de clientes.
Dentre as carteiras digitais, ferramentas que guardam dinheiro e realizam transações financeiras sem serem necessariamente um banco, estão entre as líderes do mercado estão nomes como o PicPay, que tem mais de 10 milhões de usuários, e o Mercado Pago, carteira digital do Mercado Livre e que tem mais de 6 milhões de usuários ativos nos países em que opera, como Brasil, Argentina e México.
Recentemente, o Itaú também colocou no ar a iti, sua carteira digital. Varejistas brasileiras também vêm intensificando os investimentos em braços financeiros, com ferramentas como a carteira digital Ame (da B2W) e o BanQi (da Via Varejo).
Uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que, em cada dez pessoas que usaram cartão de crédito nos últimos 12 meses, duas usam serviços de fintechs.
Neste ano, um dos movimentos de expansão da Neon para se manter foi a aquisição da MEI Fácil, que oferece serviços para pessoa jurídica (PJ) na categoria Microempreendedor Individual (MEI), com faturamento de até 81.000 reais por ano. A MEI Fácil tem um aplicativo que permite ao usuário PJ pagar facilmente seus impostos, gerar notas fiscais e checar informações sobre a conta, sem necessidade de ir ao site oficial do governo.
A Neon afirma que, dos cerca de 9 milhões de MEIs no Brasil, 1 milhão (cerca de 13%) passa pela MEI Fácil. A tendência é que esse número aumente com o advento de novas modalidades de emprego na economia compartilhada, como motoristas e entregadores, que podem se formalizar como MEI e passar a ter direitos como aposentadoria e proteção no caso de acidentes de trabalho.
Após ter rompido barreiras com contas gratuitas e sem taxas para pessoas físicas, a tendência é que as fintechs passem a oferecer cada vez mais serviços para pessoa jurídica. O Nubank também começou em outubro a testar uma conta PJ, que ainda não foi oficialmente lançada.