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Metaverso não dá dinheiro? Essa startup gaúcha recém-aberta já vai faturar o primeiro milhão por ali

Empresa coloca treinamento de trabalho em altura no mundo virtual

Deise Sprenger e Priscilla Machado, da Meta Safety: empresa de Porto Alegre quer dar escala para os treinamentos de trabalho em altura (Eduardo Rocha / Sebrae / Mercopar/Divulgação)

Deise Sprenger e Priscilla Machado, da Meta Safety: empresa de Porto Alegre quer dar escala para os treinamentos de trabalho em altura (Eduardo Rocha / Sebrae / Mercopar/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 19 de outubro de 2023 às 15h30.

Seja para construir prédios, pontes ou estruturas, seja para fazer manutenção ou limpeza de partes altas de uma construção. Quando um funcionário tem que exercer qualquer atividade acima de dois metros de altura em relação ao nível inferior, ele precisa passar por um treinamento de trabalho em altura antes. É uma normativa exigida e regulamentada pelo Ministério do Trabalho e prevê uma parte teórica e outra prática. 

Até aí, tudo bem. Mas a questão identificada pelos engenheiros de segurança do trabalho gaúchos Deise Sprenger e Yuri Machado foi que esses treinamentos estavam ficando precarizados. “Nós somos também professores do técnico em engenharia de segurança do trabalho e vimos uma demanda do mercado, dos alunos, para ter treinamentos mais assertivos e modernos”, diz Deise. “Eles têm custos elevados e costumam demorar porque geralmente uma empresa consegue treinar apenas um funcionário por vez”.

O que os empresários resolveram fazer, então? Colocar tecnologia na parada. E assim surgiu a recém-criada Meta Safety, de Porto Alegre. A startup substitui a aula prática, que geralmente acontecia em ambientes não tão altos, por uma simulação em realidade virtual, usando óculos de realidade aumentada da Meta, empresa dona do Facebook. Com isso, consegue simular atividades em alturas bem elevadas, como 20 metros, e escalar o treino. Assim, mais de um aluno consegue fazer a aula prática ao mesmo tempo. 

“O funcionário fica dentro de um ambiente seguro, mas exposto na pior condição, que é uma subida de 20 metros de altura”, diz a diretora financeira da empresa, Priscilla Agassis Machado. “Nos treinamentos convencionais, a empresa não vai colocar um trabalhador a subir numa plataforma tão alta, e normalmente só vai conseguir fazer um por vez, porque precisa ter cintos, todos EPIs, precisa ter turmas. É mais trabalhoso e mais caro”. 

Criada em março, a empresa tem meta de alcançar já o primeiro milhão em faturamento ao completar 12 meses de atuação. Hoje, conta com cinco grandes clientes e também fatura vendendo os treinamentos em semanas internas de prevenção de acidentes nas empresas. Também está presente em feiras como a Mercopar, de inovação na indústria organizada pelo Sebrae RS e pela Fiergs, para se apresentar. 

Inclusive, a Meta Safety foi uma das escolhidas pelo Sebrae X, braço de startups do Sebrae Rio Grande do Sul, para apresentar suas tecnologias na estante da empresa na Mercopar, feira de inovação industrial que a EXAME acompanha em Caxias do Sul. 

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Como a Meta Safety usa a realidade virtual

Deise Sprenger, co-founder, e Priscilla Machado, diretora financeira: mulheres no quadro de direção da startup (Eduardo Rocha / Sebrae / Mercopar/Divulgação)

Metaverso é uma tecnologia ainda incipiente. A Meta, dona do Facebook, uma das principais apoiadoras da tecnologia, investe mais de 1 bilhão de dólares por mês nele. Apesar disso, o assunto arrefeceu no último ano, e quem tomou conta da mesa das discussões estratégicas das empresas foi, mesmo, a inteligência artificial. 

Recentemente, em um painel em São Paulo, a ex porta-voz do Facebook e irmã de Mark Zuckerberg, Randi Zuckerberg, defendeu a tecnologia. "Na posição em que o metaverso está hoje, não tem como ele substituir as tecnologias atuais", disse Randi. "Mas precisamos lembrar que, no início da internet, demorava sete minutos para carregar uma página. Não precisou 20 anos para termos todos acessos de internet do mundo em segundos pelo celular. O metaverso é assim. É preciso começar a desenvolver a tecnologia, mesmo que ainda não seja o momento dele. Estamos esperando o 'value moment'".

É nesse caminho de apostar na transformação do mercado que a Meta Safety se posiciona. O cenário de realidade virtual que ela utiliza foi feito por uma equipe de desenvolvedores terceirizados, mas o interessante mesmo da tecnologia, segundo Deise, é o conhecimento embargado. 

“Enquanto o funcionário vai treinando, vai aparecendo em sua frente os próximos passos e a sinalização se ele está fazendo o movimento certo ou não”, diz. “Depois, isso gera um relatório que é encaminhado para a empresa. Ela consegue ver em quanto tempo o funcionário levou, se ele teve alguma dificuldade e quais são os pontos de atenção”. 

Como a Meta Safety funciona 

O principal ponto defendido pela empresa é a possibilidade de ganhar escala - e reduzir custos - dos treinamentos. Isso porque, em caso de grandes empresas, é possível colocar várias pessoas treinando ao mesmo tempo, no mesmo cenário. Por outro lado, tem a questão da agilidade para as pequenas empresas. Nesse caso, elas não precisam esperar até uma turma ser formada para então treinar seus funcionários.

No caso da Meta, a empresa ou a pessoa física compra o curso completo, incluindo as sete horas teóricas e a uma hora prática. Depois, ela recebe por correspondência o óculos para fazer o treinamento. No caso das grandes empresas, às vezes são mandados mais de um. Aí, é só fazer as aulas e devolver os óculos no final.

As metas da Meta Safety são: 

  • bater o primeiro milhão de reais em faturamento em um ano 
  • expandir para outros treinamentos de segurança de trabalho, como de espaços confinados e de combate a incêndio

A EXAME viajou a Caxias do Sul a convite do Sebrae

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