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Investida do homem mais rico da Europa, startup faz sucesso usando IA para evitar furtos no Brasil

O Brasil é o terceiro maior mercado da Veesion, startup francesa investida de Bernard Arnault que pretende abrir escritório por aqui no próximo ano

A francesa Veesion usa IA em vídeo para monitorar gestos dos clientes e evitar furtos em lojas e mercados (Veesion/Divulgação)

A francesa Veesion usa IA em vídeo para monitorar gestos dos clientes e evitar furtos em lojas e mercados (Veesion/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 17 de julho de 2024 às 10h52.

Última atualização em 17 de julho de 2024 às 11h19.

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Inteligência artificial, tecnologia antifurto e Bernard Arnault, o homem mais rico da Europa e ex-mais rico do mundo. Esse é o caldo que dá liga ao negócio da Veesion, startup francesa que tem o Brasil como o terceiro maior mercado entre os mais de 25 onde está presente.

Arnault, o empresário no comando da francesa LVMH, maior holding do mercado de luxo do mundo, foi um dos primeiros investidores e manteve uma participação acentuada por um bom período. A startup captou 15 milhões de euros desde 2018, ano de início da fase de desenvolvimento.

A Veesion é dona de um software de videovigilância, criado a partir do emprego de inteligência artificial, que detecta gestos suspeitos dos transeuntes. O mecanismo é conectado às câmeras de segurança dos estabelecimentos, acompanhando os gestos dos clientes em movimento pelas lojas.

Como funciona a tecnologia

“O algoritmo vê, basicamente, três componentes de IA diferentes para entender os gestos das pessoas no vídeo”, afirma Benoît Koenig, CEO e um dos fundadores da Veesion.

Entre eles, a detecção humana, localizando as pessoas para analisá-las separadamente, e o reconhecimento de objetos, identificando bolsas, sacolas e cestas de compras.

O mais importante, segundo Koening, para evitar vieses discriminatórios é o componente conhecido como ‘estimativa de pose’. “Essas zonas coloridas mostram as partes do corpo das pessoas, como o tronco, o braço, o antebraço e a mão. Isso é o que o algoritmo vê, não importa a aparência das pessoas. O que interessa é como a mão e o corpo se movimentam com o tempo”, diz.

Quando captura um movimento impróprio, a tecnologia sinaliza enviando um vídeo em tempo real para os donos dos estabelecimentos - ou área de segurança. Na abordagem mais comum até aqui, os lojistas procuram se antecipar e mostrar aos consumidores que sabem que tem algo de errado.

O francês Benoît Koenig criou a startup com dois sócios logo após terminar os estudos em inteligência artificial. Na busca por campos a explorar, o trio tinha uma certeza: os casos de uso de IA em vídeo eram a próxima revolução.

“Nós pensamos em diferentes aplicações em vídeos. Como a minha família comanda algumas lojas em Paris e estávamos cientes dos furtos, decidimos criar essa solução como a primeira”, diz Koenig. De acordo com números da startup, os clientes têm alcançado diminuições entre 30% e 60% nos furtos.

Benoît Koenig, da Veesion: estamos preparando a abertura de uma rodada série B no valor de 20 milhões de euros (Veesion/Divulgação)

De Paris, a tecnologia avançou por 25 países e está em mais de 4.000 varejistas de pequeno e médio portes - como mercadinhos, lojas independentes e farmácias - e também grandes redes como Walmart e Leroy Merlin. No Brasil, são mais de 250 clientes.

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Como a Veesion tem crescido no Brasil

60% da receita vem de fora da França e o Brasil é o terceiro maior mercado, atrás da França e dos Estados Unidos, e também o que cresce mais rápido. “Provavelmente, será o segundo, talvez o primeiro, nos próximos dois anos”, afirma Koenig.

A empresa não tem escritório por aqui. Os empreendedores locais começaram a ser impactados pelos anúncios que a Veesion fazia em redes sociais para varejistas portugueses, país em que mantém uma unidade. Uma reportagem exibida na Record impulsionou de vez o conhecimento sobre a plataforma.

Dada a relevância, a startup planeja desembarcar oficialmente em terras brasileiras no ano que vem, com uma unidade em São Paulo e uma equipe de 10 pessoas.

Algumas diferenças chamam a atenção do francês em relação a outros mercados, como o uso do WhatsApp, o funcionamento de lojas 24 horas e também a presença de seguranças em frente aos estabelecimentos. “Isso não é tão comum na França”, afirma.

Em busca de 20 milhões de euros

Para os planos de expansão, o que também inclui a abertura de uma filial nos Estados Unidos, a Veesion vai abrir uma rodada série B em setembro buscando captar 20 milhões de euros. A startup pretende atrair fundos americanos para aporte, mas a presença de Arnault também já está confirmada no acordo.

A relação da startup com o dono da LVMH veio a partir da escola de engenharia, a HEC Paris (École des Hautes Études Commerciales), onde ambos estudaram na capital francesa. Como o bilionário investe em startups, a partir de um family office, os jovens empreendedores usaram o networking para apresentar as ambições da Veesion.

“A sinergia é grande porque Bernard Arnault tem diferentes empresas, principalmente no varejo, e os furtos são também um problema para o mercado de luxo”, diz o CEO. Segundo ele, apesar de o foco da startup ser pequenas e médias empresas, testes estão em andamento em negócios que integram o grupo comandado por Arnault.

Bernard Arnault tem uma fortuna estimada em US$ 191,6 bilhões e ocupa a terceira colocação entre os mais ricos do mundo.
Acompanhe tudo sobre:StartupsParis (França)

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