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Geladeira, fogão, cama: na Casas Bahia, o foco da Black Friday será naquilo que sempre soube vender

Estratégia da varejista é focar as vendas nos produtos que considera seu "core business"

Casas Bahia: empresa já considera a Black Friday uma data tão importante quanto o Natal para vendas (Casas Bahia/Divulgação)

Casas Bahia: empresa já considera a Black Friday uma data tão importante quanto o Natal para vendas (Casas Bahia/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 13 de novembro de 2023 às 15h11.

Última atualização em 13 de novembro de 2023 às 16h45.

A música da campanha é conhecida e aproveita a marca criada em 1952. “Quanta gente, quanta alegria. A nossa felicidade é a Black Friday da Casas Bahia”, cantam apresentadores, artistas e influenciadores digitais na propaganda da varejista Casas Bahia, remetendo à música da banda Mamonas Assassinas. A bem da verdade, a Black Friday da empresa não visa só a felicidade dos clientes. O grupo também aposta na data para ajudar no seu processo de reestruturação e para se recuperar de um trimestre pintado de vermelho, com prejuízo de 836 milhões de reais, contra perda de 203 milhões de reais um ano antes.

A melhora, segundo o CFO Elcio Ito, já está a caminho, e será mais rápida do que a diretoria esperava, especialmente no processo de renegociação de dívidas com os bancos e na redução de estoques. De 1 bilhão de reais de reduções previstas, R$ 750 milhões já ocorreram neste trimestre. E o restante deve vir, justamente, com a Black Friday.

“Essa Black Friday vai ser um pouco diferente, vamos entrar mais racionais, já que os estoques estão menos abarrotados”, diz Ito, vendo um movimento similar também nos concorrentes.

Casas Bahia tem trimestre pintado de vermelho; CFO mostra o copo meio cheio

O foco da empresa neste ano é deixar de lado produtos que não são seu “core business” e apostar naquilo que já tem experiência, como telefonia e eletrodomésticos. “O papo mesmo é geladeira, fogão, cama”, diz Vivian Zwir, diretora de marketing do Grupo Casas Bahia. “São produtos que sabemos que nossos clientes precisam e que têm valor agregado maior, por isso, acabam esperando a Black Friday para comprar”.

“Não é uma Black Friday de queima de estoque. Não vamos queimar e perder tanta margem”, afirma. “Vamos equilibrar melhor e apostar em outros benefícios, como condições de entrega e facilidade no pagamento, como o uso do cartão de crédito da empresa para parcelar em até 30 vezes”.

Equilibrando o digital e o físico

O foco do grupo, tanto para as operações da Casas Bahia como as do Ponto, é entregar uma estratégia unificada. Ou seja, os mesmos descontos que estarão no site poderão ser encontrados nas lojas. “Para garantir que todas lojas vão começar ao mesmo tempo, é preciso ter um planejamento e antecipação relevantes”, diz. “Começamos a organizar a próxima Black Friday assim que a anterior termina”.

Como um ponto importante da estratégia também é a velocidade da entrega, as lojas físicas são usadas como mini centros de distribuição, para ajudar na logística de última milha.

“Às vezes, o cliente deixa de fazer compra por prazo de entrega”, afirma Zwir. “O fato de a gente ter alcance nacional, garante escala. Temos quase 30 centros de distribuição, mais de 300.000 entregadores e usamos as lojas físicas para ajudar na capilaridade da entrega”.

Antecipando descontos e ampliando experiências

Seguindo uma tendência adotada também pelas concorrentes, como Magazine Luiza, o grupo Casas Bahia vai apostar na antecipação de alguns descontos. Desde o dia 27 de outubro, já há alguns produtos com preços de Black Friday. São preços que não serão modificados durante o evento, que já se aproxima do Natal em termos de relevância e de vendas.

Além da antecipação, que garante um prazo mais aliviado para os clientes comprarem os produtos, há um movimento que se popularizou bastante com a pandemia: as live commerce. São eventos em que apresentações artísticas são intercaladas com a venda de produtos.

Neste ano, a Casas Bahia quer puxar esse recurso, tradicionalmente digital, para as lojas físicas. “Algumas de nossas operações terão ações todos os finais de semana”, afirma Zwir. “Na área de culinária, vamos levar chefs para cozinhar com os produtos que estão com desconto de Black Friday. Na área de beleza, os clientes vão poder testar os produtos, como chapinhas, e já sair da loja como se tivessem ido num salão de beleza. O que aprendemos com o live commerce é que as pessoas têm, cada vez mais, sede de conteúdo. Não é só a compra pela compra. Ela quer o conteúdo por trás”.

Todas essas estratégias, claro, atreladas aos preços, que precisam ser competitivos. Por enquanto, no site, há descontos que vão de 20% a 35%. Planos para ajudar a Casas Bahia no seu projeto de reestruturação.

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