Repórter
Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 16h23.
Última atualização em 3 de dezembro de 2025 às 08h12.
Aos 29 anos, a brasileira Luana Lopes Lara é a mais nova bilionária 'self-made' (ou seja, que construiu a própria fortuna) do mundo.
Ela é cofundadora da Kalshi, plataforma americana de apostas sobre eventos do mundo real, que acaba de anunciar um investimento Série E de US$ 1 bilhão nesta quarta-feira, 3. A rodada fez o valor de mercado da empresa ir para US$ 11 bilhões, tornando Lara a mais nova participante do clube dos mais ricos do mundo.
Vale ressaltar que isso não significa que a jovem de Joinville (SC) tem quase R$ 6 bilhões disponíveis na conta. O valuation de uma empresa é a avaliação estipulada pelos investidores durante uma rodada de captação. Quando dizemos que a Kalshi vale US$ 11 bilhões, significa que o mercado projeta esse valor para o negócio como um todo.
Consequentemente, o título de bilionária de Luana deriva da fatia da empresa que ela detém (seu equity); neste caso, entre 10% a 15%. Trata-se de um patrimônio "no papel", atrelado ao valor das ações da companhia.
Para transformar essa cifra em dinheiro vivo, seria necessário um "evento de liquidez", como a venda das ações, a aquisição da empresa por outro grupo ou uma abertura de capital na bolsa (IPO).
Embora o conceito possa soar familiar em tempos de popularização das "bets", a Kalshi opera em uma categoria distinta e muito mais complexa.
O nome da empresa significa "tudo" em árabe, uma alusão à ambição de transformar qualquer evento mensurável em um ativo negociável.
Na prática, ela funciona como uma bolsa de derivativos focada em contratos de eventos, sendo devidamente licenciada e regulada pela rigorosa CFTC (Commodity Futures Trading Commission) dos Estados Unidos desde 2020.
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Diferente de uma casa de apostas tradicional, a plataforma utiliza a "sabedoria das multidões", como descreve Lara, para criar mercados preditivos.
Os usuários negociam contratos baseados em perguntas de "sim" ou "não" sobre o futuro, e o preço desse contrato flutua conforme a probabilidade percebida pelo mercado. Se o evento acontece, o contrato paga US$ 1; se não, paga zero.
Isso permite que a plataforma seja usada não apenas para especulação, mas como uma ferramenta séria de gestão de risco.
Um investidor preocupado com a economia, por exemplo, pode comprar contratos que pagam caso os EUA entrem em recessão, protegendo assim o restante de sua carteira.
Atualmente, a empresa vive uma expansão agressiva para o setor de apostas esportivas, aproveitando sua infraestrutura regulada. Esse segmento já se tornou a principal fonte de liquidez da companhia, respondendo por 80% do volume negociado.
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De Joinville (SC), Luana Lopes Lara cresceu dividindo o tempo entre sapatilhas e equações. Na juventude, a jovem estudou balé na renomada Escola do Teatro Bolshoi no Brasil.
Autodenominada uma "nerd de matemática", sua aptidão para os números — que lhe rendeu até uma medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia — a levou para o MIT (Massachusetts Institute of Technology).
Lá, graduou-se em Ciência da Computação e Matemática e conheceu Tarek Mansour, com quem fundou a Kalshi em 2018, quando tinha apenas 22 anos e ainda estava na faculdade.
Antes de empreender, no entanto, Luana validou suas teses no mercado financeiro tradicional. Ela acumulou experiência operando nas mesas de grandes instituições de Wall Street e fundos quantitativos, com passagens pela Citadel, Bridgewater e Five Rings Capital.
Hoje atuando como COO (Diretora de Operações) da Kalshi, a executiva lidera a estratégia de uma empresa que movimenta mais de US$ 1 bilhão por semana.