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Essa startup vai fazer R$ 50 milhões matando pragas — e foi o grande destaque do South Summit Brazil

Empresa vai faturar R$ 20 milhões neste ano, mas já mira os R$ 50 milhões para 2025

South Summit Brazil: empresa foi eleita a startup destaque do evento de inovação em Porto Alegre (South Summit Brazil/Divulgação)

South Summit Brazil: empresa foi eleita a startup destaque do evento de inovação em Porto Alegre (South Summit Brazil/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 27 de março de 2024 às 10h38.

Última atualização em 27 de março de 2024 às 14h17.

Mapear toda uma plantação de soja para saber onde estão as ervas daninhas e, assim, aplicar inseticidas e herbicidas somente onde precisa. Parece uma função trabalhosa, mas a startup Cromai faz isso rapidinho, com ajuda de inteligência artificial

A empresa desenvolveu uma plataforma que lê as imagens de drones e consegue identificar rapidamente onde estão as ervas daninhas. Depois, a mesma plataforma pode ser integrada aos tratores, que irão aplicar os remédios somente na área necessária, economizando matéria-prima e dinheiro, e não aplicando pesticidas nas áreas em que não há necessidade.

Com essa tecnologia, em funcionamento desde 2017, a Cromai foi a startup vencedora do South Summit Brazil 2024, um dos principais eventos de empreendedorismo do país, que aconteceu em Porto Alegre. A empresa passou por diversas apresentações e foi avaliada ao longo de três dias.

Com a vitória, a startup paulista acumula uma série de prêmios, como o Agrishow Startups 2023, a Agrobit 2023 e a Embrapa Soja Open Innovation. Também foi selecionada como uma das startups brasileiras para estar na COP 28 em Dubai, no ano passado. 

“Estamos muito honrados com esse prêmio, pois trata-se da consolidação de um trabalho de equipe iniciado em 2017 e que gerou uma sólida solução de inteligência artificial para os produtores rurais e demais segmentos do agronegócio”,diz o CEO da startup, Guilherme Castro.

Qual a história da Cromai

Engenheiro mecatrônico pela Universidade de São Paulo, Castro quis trabalhar com tecnologia desde cedo. Quando se formou, porém, não encontrou muitas oportunidades pelo Brasil. Partiu para a Alemanha para fazer um mestrado por lá. Foi quando teve a primeira aproximação com inteligência artificial, no início dos anos 2010.

“Naquela época, ainda tinha pouca aplicação de inteligência artificial, voltei para o Brasil para entender como estava o ambiente por aqui”, afirma.

Quando pousou em terras brasileiras, trabalhou em uma startup de educação e no Mobly, hoje um gigante de itens para cara e decoração. Mas o que queria, mesmo, era empreender. Durante o doutorado pela USP, entre 2013 e 2016, estudou mais sobre empreendedorismo e sobre inteligência artificial. Resumidamente, ganhou munição para abrir a Cromai.

Mas como entra o agronegócio nessa história? 

“Meus pais são agrônomos, meu avô era agrônomo e meu bisavô foi um dos primeiros agrônomos formados na Esalq, na Universidade de São Paulo”, diz o empreendedor.

“Mas ao mesmo tempo, sendo um engenheiro mecatrônico, vi que eles usavam poucas tecnologias digitais”, afirma. “Então, conversei bastante com vários profissionais agrônomos para entender os maiores desafios. Queria resolver um problema”.

O problema foi resolver uma peste, literalmente, do campo: as ervas daninhas. “Os produtores, no lugar de tomar as decisões, tinham paradigma de uma agricultura preventiva. Para eles se protegerem contra erva daninha, aplicavam herbicidas em tudo. Era necessário porque eles não sabiam onde estavam os problemas”. 

Assim, Castro defendeu a tese de doutorado em 2017 e, consequentemente, já começou a startup. 

O que a Cromai faz

A principal solução da empresa é acabar com as ervas daninhas, usando inteligência artificial. A empresa recebe imagens de drones que o próprio produtor faz, às interpreta e, por meio de IA, mapeia onde estão as ervas danosas. 

Depois, o software gera uma rota para os tratores, que conseguem mapear exatamente o lugar onde está a erva daninha, e aplicar o herbicida somente ali. 

“Antes de usar a solução, aplicavam o veneno na área completa”, diz Castro. “Hoje, com nossa tecnologia, ele sabe onde está a infecção, só aplica ali, pulverizando muito menos. Isso gera uma redução de 65% nos gastos”. 

Hoje, 99% dos tratores em campo já tem capacidade de receber as “rotas” da Cromai. Além disso, 9 dos 10 maiores plantadores de cana de açúcar já usam a tecnologia da startup. Além da cana, a empresa também está presente nas plantações de soja.

Com a tecnologia, a empresa deve faturar 20 milhões de reais neste ano. A meta para 2025 é bater os 50 milhões de reais em receita.

Como a Cromai quer crescer

Para atingir um faturamento de 50 milhões de reais no ano que vem, com o breakeven já alcançado, a empresa quer ampliar, principalmente, sua base de clientes.

Hoje, já está em nove dos 10 maiores canavias do Brasil. Até o ano que vem, quer atuar nos 30 maiores. Além disso, quer aumentar a presença na soja. Hoje, já atua com os dois maiores plantadores de soja do Brasil, mas até ano que vem, quer estar nos sete maiores. 

Para crescer assim, a empresa recebeu aportes recentes, como os 12 milhões de reais da Totvs. Uma barreira a ser vencida, porém, é ainda a de disseminar a tecnologia. Como ela depende de drones, hoje plantações maiores conseguem acessá-la mais facilmente, pois possuem equipamentos próprios. Para pequenas e médias fazendas, o drone precisa ser locado ou compartilhado via cooperativas. É um desafio a mais para atingir o mercado. Desafio esse que a Cromai quer encarar.

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