Rafael Vasto, da Daki: vamos continuar crescendo de forma sustentável e melhorando o serviço até chegar no caminho da rentabilidade (Daki/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 20 de setembro de 2023 às 08h10.
Última atualização em 21 de setembro de 2023 às 11h52.
A plataforma de delivery Daki recebeu um novo cheque em rodada série D no valor de US$ 50 milhões, algo em torno de R$ 240 milhões. Assim como a promessa da startup de fazer entregas rápidas, em até 15 minutos, o investimento não tardou e chegou poucos meses depois da rodada série C, anunciada no mês de fevereiro também no valor de US$ 50 milhões.
O investimento foi liderado pela Convivialité Ventures, braço de investimento da Pernod Ricard, o conhecido grupo francês de destilados e vinhos. A gestora, criada em 2017, já tinha participado na rodada anterior, ocasião em que se tornou a primeira representante da indústria a investir na startup.
Nesta nova etapa, a Convivialité foi quem estimulou a captação e foi acompanhada por velhos conhecidos no captable da Daki como os fundos Monashees, Tiger Global, G-Squared, GGV, Balderton Capital e Greycroft. Uma novidade é a entrada da Lombard Odier, uma espécie de boutique suíça de gestão de recursos de milionários.
“A Convivialité viu de dentro o potencial do negócio e foi uma rodada iniciada e proposta por eles”, afirma Rafael Vasto, co-fundador e CEO da Daki, no mercado desde janeiro de 2021. A startup tem ainda Alex Bretzner e Rodrigo Maroja como co-fundadores.
O “potencial’, no caso, é uma referência ao modelo de atuação da startup. A Daki trabalha com uma estrutura verticalizada de ponta a ponta desde o início, sem intermediários na cadeia de operação.
Com tudo feito dentro de casa, a startup reúne uma infinidade de dados e pode usá-los para incrementar e personalizar os serviços e os produtos aos consumidores. “Nós entendemos cada vez mais os hábitos de consumo, o que os clientes valorizam e o que querem”, afirma Vasto, conhecimento que interessa e muito à indústria.
A nova rodada avaliou a startup em US$ 800 milhões, uma queda de US$ 500 milhões em relação ao valuation anterior de US$ 1,3 bilhão. No fim de 2021, a Daki tinha entrado para o rol de unicórnios, título dado a startups que alcançam um valor de mercado acima de US$ 1 bilhão.
A redução acompanha o movimento de mercado, com gestores refazendo os cálculos e diminuindo o otimismo frente às incertezas econômicas. “Nós consideramos que isso seja um termo bastante justo e balanceado nesse momento de mercado e aqui, de novo, traz um um reforço muito grande de caixa a uma diluição bastante pequena”, diz.
A plataforma foi lançada em meio à pandemia para facilitar pequenas compras do dia a dia, itens básicos que o consumidor olha na geladeira ou nos armários e percebe que estão em falta em meio àquela receita que vai salvar o dia. Com um portfólio de 1.000 itens, o que mais saía eram bebidas e snacks.
De lá para cá, o cenário mudou, itens frescos, como frutas, verduras e legumes, de mercearia e bebidas lideram as vendas. O número de produtos chegou a 3.000 e a plataforma está presente em três estados do sudeste, além de São Paulo, opera em cidades do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Entre elas, São Paulo, Santos, Campinas, ABC Paulista, Osasco, Guarulhos, Rio de Janeiro, Niterói e Belo Horizonte.
O crescimento do volume de produtos permitiu a melhora das margens, hoje em torno de 25%, e também a abertura para novas oportunidades, indo além da proposta de app de compras de conveniência.
A startup tem procurado reforçar as experiências e investido em tecnologia para melhorar recomendações aos consumidores, destino principal dos recursos que tem recebido.
No meio do ano, a Daki apresentou uma nova versão do aplicativo com uma camada mais potente de AI para sugestão de compras e acaba de lançar um programa de fidelidade. Além disso, tem investido no desenvolvimento de itens com a marca própria, hoje com 5% de representatividade no faturamento.
“Tanto na série C quanto agora na D a nossa visão é de continuar crescendo de forma sustentável, melhorando o serviço e a nossa oferta até chegar no caminho de rentabilidade”, diz. A expectativa da startup é de alcançar o ponto de equilíbrio no segundo semestre de 2024.
Nesta trajetória, um movimento que a startup já percebeu na plataforma e pretende impulsionar é o de compras maiores, feitas para suprir a semana ou o mês, e com tíquetes médios maiores.
“Pensando no varejo do futuro, a nossa ideia é que daqui a pouco o cliente não precisará mais ir ao mercado porque conseguirá cobrir todas as jornadas dentro do nosso aplicativo”, diz o executivo.
Até por isso, tem feito testes para entender os melhores caminhos para endereçar a tendência, principalmente como integrar outros modais para fomentar as entregas e o modelo a ser oferecido aos clientes. Hoje, todas as entregas são feitas por motocicletas e bicicletas, o que acaba por limitar pedidos maiores.
Para este ano, a expectativa é de registrar um crescimento de 200% em relação ao ano passado.