Negócios

Ele levou uma bronca da namorada e abriu um negócio de matcha que acaba de captar R$ 4 milhões

A Push & Pow, de produtos com matcha, prevê receita de R$ 8 milhões em 2024; os recursos serão usados para aumentar a capacidade produtiva em mais de 10 vezes

Bruno Rohlfs, da Push & Pow: "O nosso foco é muito sudeste no primeiro momento, crescer regionalizado e com menor dependência de frete" (Push & Pow/Divulgação)

Bruno Rohlfs, da Push & Pow: "O nosso foco é muito sudeste no primeiro momento, crescer regionalizado e com menor dependência de frete" (Push & Pow/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 2 de maio de 2024 às 12h34.

Última atualização em 3 de maio de 2024 às 09h46.

As noites insones e regadas a muitos goles de café e energéticos levaram ao que Bruno Rohlfs define como “o auge da não saudabilidade”. Ele varava a madrugada trabalhando na área de investimentos de um banco, em negociações de fusões e aquisições. O descontrole no ritmo fez com que a namorada desse um ultimato: ele precisava cuidar da saúde.

A sugestão foi adotar novos hábitos e os introduzir em doses homeopáticas. A primeira foi a substituição de cafés e energéticos por matcha, composto  extraído da Camellia sinensis, planta que também fornece o chá preto e o chá verde. 

Extraído de folhas verdes, o matcha tem consumo milenar, mas invadiu o ocidente recentemente e caiu no gosto das pessoas. É um mercado que faturou US$ 3,7 bilhões globalmente em 2023, de acordo com a Market Data Forecast, e deve avançar a US$ 5,7 bilhões até 2029.

Como funciona o negócio da Push Matcha

Na troca dos produtos e adoção de novos hábitos, surgiu em 2021 a Push Matcha, agora reposicionada como “Push & Pow”, referência ao nome dos dois produtos que oferece - o energético “pow” e o pó, “push”. Em 2023,  o negócio faturou R$ 1,8 milhão. 

A empresa nasceu oferecendo o produto apenas em pó e viralizou no primeiro ano de vida com uma estratégia usando nano e microinfluenciadores para divulgar os benefícios da matcha: energético natural, distribuição mais lenta da cafeína e rico em antioxidantes.  

Os resultados impulsionam estratégias não ortodoxas, de  investimentos em influenciadores grandes a lojas na Fazenda Boa Vista e no Shopping Cidade Jardim, em São Paulo. “Foi uma alocação de capital que não achamos que foi a mais eficiente possível”, diz o fundador. 

A empresa patinou em 2022, mas reencontrou o caminho para voltar a crescer no passado, quando faturou R$ 1,8 milhões. Para 2024,  a projeção é bem mais expressiva: R$ 8 milhões, valor que representaria uma alta de 444%.

Quer dicas para decolar o seu negócio? Receba informações exclusivas de empreendedorismo diretamente no seu WhatsApp. Participe já do canal EXAME Empreenda

Qual será o uso dos novos recursos

Parte deste crescimento será impulsionado pela entrada de R$ 4 milhões captados com a Moriah Asset, do empresário Fabiano Zettel, e com Georgios Frangulis, fundador e CEO da Oakberry. Cada um colocou R$ 2 milhões. 

Este é o segundo aporte na empresa, que recebeu  R$ 1 milhão lá em 2021, em rodada com a participação de Juliana Felmanas Marques, da Cimed, e João Pedro Pentagna Guimarães, do Banco BS2. 

Os recursos foram usados para estruturar o negócio e criar a fórmula de um energético em lata, hoje o carro-chefe da marca, com 55% das vendas. Em processo de patente, a bebida leva guaraná e outros ingredientes brasileiros.

“Eu entendi que realmente a escala, o grande x da questão sobre o matcha, estava na praticidade. E aí, veio toda essa questão de focar a empresa no energético”, afirma o empreendedor. Hoje, a empresa tem dois sabores: pink lemonade e lemon boost.

Quais as oportunidades de crescimento

Com o novo capital, a Push pretende aumentar as vendas em mais de 11 vezes até o final do ano, superando a fase em que não conseguia colocar mais produtos na rua por falta de capital de giro. A projeção é sair de 40.000 para 500.000 unidades. 

Além dos recursos, a empresa está trazendo novos nomes para expandir o negócio. Um deles é André Maldonado, co-fundador do Chocolate Chock, que entrou para liderar a área de distribuição e operacional, buscando ampliar os canais em que a marca está presente. 

“O nosso foco é muito sudeste no primeiro momento, crescer regionalizado e com menor dependência de frete, que castiga bastante”, diz Rohlfs. 

As vendas da marca estão distribuídas por canais online; para cafeterias e restaurantes, que usam o produtos para drinks e bebidas; e ainda corporativo, em companhias que oferecem o produto para quem busca melhor concentração e foco para as atividades do dia a dia.

A ambição da Push é se posicionar para o crescimento do mercado, acompanhando a tendência já em curso nos  Estados Unidos. “Tudo que explode no mercado norte-americano, logo depois explode aqui”, diz Zettel, da Moriah Asset. “É uma questão de tempo estourar aqui e, quando isso acontecer, nós já vamos estar com o produto pronto, com a distribuição pronta e vamos navegar sozinhos”.

A gestora, com investimentos em empresas de saudabilidade como Les Cinq, Smoov, Naturanic, FOONE e Grupo Frutaria São Paulo, também prevê a troca de conhecimento e potenciais parcerias entre os negócios, seja em colaboração de produtos seja na área de distribuiçãoe.

Clique aqui para inscrever sua empresa no ranking EXAME Negócios em Expansão 2024

Acompanhe tudo sobre:StartupsEmpresas

Mais de Negócios

Bolsa Família, bets e asiáticas: as pedras no sapato da indústria de calçados

Eles querem resolver a rotina das clínicas de saúde — e buscam investimento de R$ 5 milhões

Jurada do Shark Tank, ela transformou US$ 60 mil em dívidas em um negócio que fatura US$ 100 milhões

Startup quer facilitar a compra da casa própria e mira faturar R$ 17 milhões