O líder não só compreende sua própria relevância e utilidade no contexto empresarial, como ajuda seus colegas nesta mesma jornada, criando condições favoráveis para um ambiente de engajamento (Prostock-Studio/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 29 de outubro de 2022 às 08h15.
Agir como um líder de maneira consistente e com alta qualidade, pressupõe ser um líder com legitimidade e profundidade. Falo aqui de uma condição não necessariamente vinculada a um cargo ou hierarquia, e que, portanto, poderá ser alvo de aprendizado e refinamento contínuo, em qualquer nível de uma empresa – independentemente de seu porte.
Assim, proponho a visão de pilares fundamentais para ser e agir como um líder, organizados dentro do que chamo de: as 3 arenas de trabalho de um líder:
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No contexto amplo e geral de qualquer empresa, o líder é um indivíduo capaz de ler, interpretar adequadamente, comunicar e traduzir os propósitos e objetivos organizacionais gerais de forma clara junto àqueles de seu convívio. Ele não só compreende sua própria relevância e utilidade no contexto empresarial, como ajuda seus colegas nesta mesma jornada, criando condições favoráveis para um ambiente de engajamento.
Neste mesmo sentido, ele associa e ajuda seus colegas a correlacionarem suas próprias ambições (de qualquer natureza ou magnitude) às ambições do negócio, especialmente àquelas relacionadas à prosperidade. Assim, constrói e propaga, por meio do exemplo, a visão de que ao contribuir ativamente em atividades para o atingimento de performances no negócio, melhora as condições necessárias para suprir suas próprias expectativas particulares de evolução e prosperidade.
Sintetizo os dois pilares fundamentais que sustentam o “ser líder” neste contexto, sendo:
Neste contexto, ser e agir como líder pressupõe objetivamente entender os atributos de qualidade dos comportamentos dos times, independentemente de diferentes metodologias que podem ser adotadas para o trabalho em si, e agir deliberadamente sobre cada um deles. Relaciono abaixo os atributos, resgatando também elementos destacados por Patrick Lencioni, de forma simplificada, que podem servir como os seis pilares fundamentais a serem trabalhados nesta Arena:
Como ponto de partida para a construção do entendimento e alinhamento comum, mitigando aspectos de ambiguidade e permitindo a construção de um contexto de confiança. O trabalho de um time deve se apoiar, idealmente, em informações e dados abertos e comuns a todos os que possam interessar. Qualquer restrição de acesso ou de análise imposta (deliberadamente ou não) a um membro do time deverá fragilizar este importante pilar, a partir do qual se estabelecem os demais;
Condição a partir da qual todos trarão à mesa suas competências na plenitude, certos de não haver agendas ocultas, interesses paralelos ou vieses preestabelecidos. A criação de um ambiente de “temperatura e pressão ideais” é tarefa do líder, para que se extraia o melhor das pessoas e de suas diferentes visões e opiniões, na manifestação da riqueza de seus repertórios, experiências e perspectivas únicas. Ter a convicção de que ninguém possui a visão completa do todo (ela sempre é parcial, a partir de um determinado ângulo) contribui para o estabelecimento do próximo pilar;
A apreciação de diferentes opiniões, pontos de vista, perspectivas e expectativas é da natureza do trabalho em times e entre diferentes times e, portanto, deve não somente ser estimulada como também apreciada e nunca evitada. O líder deverá zelar sempre pela pauta corporativa, destacando os propósitos maiores envolvidos e garantindo a justa ponderação ao longo do exercício dos debates. O objetivo final deverá ser a convergência, nunca o consenso. Somente assim, garantindo o espaço para as discordâncias e diferenças, é que se pode ponderar sobre princípios, prioridades e focos, costurando a convergência com a linha do comprometimento;
Neste momento, o líder é responsável por garantir a clareza e compreensão do papel de cada membro do time em dada iniciativa, e em materializar através de metodologias e métricas os frutos tangíveis que passarão a ser colhidos. Desta forma, o comprometimento de cada um deverá também convergir a um resultado final único, que por sua vez reflete a manifestação das competências únicas e especiais de cada integrante do time. O entendimento dessas competências e contribuições únicas e especiais são fundamentais para nos garantir a constituição do próximo pilar;
De maneira categórica, o líder deverá praticar e estimular a prática permanente da responsabilização, no sentido de estabelecer e manter a clareza sobre “o que se espera de quem”, ou “quem deverá cuidar do que”. Naturalmente, essa responsabilização deverá se apoiar também claramente num conjunto de competências e expectativas acordadas previamente, que por sua vez embasam o mesmo sentimento de utilidade ou relevância já citados anteriormente.
Por fim, a responsabilização é fundamental para a sustentação do último pilar, o respeito às metas. Uma vez que recursos e competências serão organizados e disponibilizados em forma de times para o atingimento de certos propósitos claros, estes mesmos propósitos nunca poderão ser negligenciados. As metas são efetivamente os norteadores e deverão servir como régua permanente, servindo sempre que necessário como gatilhos para disparar demandas por ajuda, revisões ou novas proposições, mas nunca abandonadas ou minimizadas.
Ao final, ser e agir como líder significa exercitar deliberadamente a influência sobre outros indivíduos. Para tal, é pressuposto que o líder seja capaz de desenvolver relacionamentos virtuosos junto a seus pares e liderados. Assim, relaciono e sintetizo aqui quatro elementos citados por Ram Charan e Larry Bossidy na obra “Execução” e que aponto como pilares fundamentais para garantir a originação, estabelecimento e sustentação de tal qualidade de relacionamentos, orientados à prosperidade:
O líder é um indivíduo a ser percebido como único, verdadeiro e coerente. As pessoas enxergam suas atitudes e comparam com suas falas. Essa coerência, constituindo sua autenticidade, estão na base da construção da confiança individual;
O líder, em qualquer nível de uma empresa de qualquer porte, tem um entendimento superior sobre suas próprias competências de destaque, suas forças e também sobre suas fragilidades – e se serve desta consciência para estabelecer a dinâmica necessária ao aprendizado contínuo, tanto com seus sucessos, como com seus erros, e à composição de times com a diversidade necessária ao atingimento de objetivos para a empresa.
Permite que um líder escolha melhor a forma de se relacionar em diferentes contextos e de como deverá reagir – especialmente perante adversidades, mas também perante sucessos ou situações inesperadas em geral. A partir de uma conduta ponderada, o líder maximiza as chances de evolução ao sucesso em sua jornada individual e junto ao seu time.
Por fim, ser e agir como líder implica acreditar profundamente que se pode aprender sempre, em qualquer lugar, com qualquer pessoa e a praticar essa abertura ativamente através de uma postura curiosa e interessada. A manifestação desse atributo ajuda na construção da empatia, com o interesse genuíno pelo outro, e contribui finalmente para um contexto de liderança de sucesso.
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