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De olho nos "millenials", Bradesco lança banco digital Next

Após passar os últimos meses pinçando clientes de uma lista de convidados, o Next vai para o "mar aberto" com uma campanha intensa em canais como Instagram

Next: o banco chega munido de acordos que reforçam o foco no que classifica como "millenials" (Bradesco/Divulgação)

Next: o banco chega munido de acordos que reforçam o foco no que classifica como "millenials" (Bradesco/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 30 de outubro de 2017 às 13h12.

São Paulo - O Bradesco deslancha nesta semana sua franquia totalmente digital, o Next, na maior ofensiva de um grande banco no país para marcar posição no efervescente mercado das fintechs.

Após passar os últimos meses pinçando clientes de uma lista de convidados, o Next vai para o 'mar aberto' com uma campanha intensa em canais como Instagram, Twitter, Google e Facebook, e também deixará o aplicativo disponível na Apple Store.

Além de esses endereços serem intuitivos entre 8 em cada 10 de seus 20 mil correntistas atuais, o banco chega munido de acordos que reforçam o foco no que classifica como "millenials", jovens de 18 a 34 anos altamente conectados a tecnologia.

De grifes como Apple, Uber, Xbox, Hoteis.com, alguns dos primeiros parceiros, sairão os 'mimos' para premiar correntistas, dependendo do pacote de serviços. O banco chega com três categorias, com tarifas mensais de 19,95 a 39,95 reais.

Embora sejam valores inferiores aos cobrados em geral pelos bancos de varejo, o modelo revela uma tática distinta e ousada do Bradesco para entrar num mercado em que nomes como Nubank, Banco Inter e outros ganharam popularidade apostando justamente em atrativos como isenção de tarifas.

"Isenção de tarifa acaba fazendo seleção adversa da base e não acreditamos que um bom serviço seja prestado de graça", disse à Reuters na sexta-feira o vice-presidente responsável pela área de tecnologia do Bradesco, Mauricio Minas. "Sempre que cliente percebe valor, ele paga de forma espontânea", afirmou em entrevista por telefone.

E embora concorde que a estrutura operacional mais eficiente permita ao Next oferecer crédito com juros menores do que as cobradas nas agências físicas, Minas foi taxativo ao rejeitar uma disputa cabeça a cabeça com as taxas das fintechs mais populares.

"Quem pratica taxa de juros muito baixa não se sustenta ao longo do tempo", disse Minas. "O Next não vai ser irracional com taxas."

Para o executivo, embora ainda haja um grande espaço subexplorado no mercado digital de serviços financeiros, vai sobreviver nesse mercado quem conseguir uma relação mais profunda com os clientes. Uma das formas de se fazer isso é ter um cardápio mais completo de produtos, o que alega que o Next terá logo na largada.

"Ninguém vai querer ter 10 ícones de banco no celular", afirmou.

O outro fator de diferenciação é a capacidade de fidelizar os clientes, segundo o executivo. Nesse aspecto, o banco vai buscar mais parceiros de renome no mundo digital, tanto para ajudar o banco a identificar hábitos dos correntistas, como para ampliar o catálogo de prêmios atrativos para seus millenials.

"Nosso objetivo é ter como parceiros as empresas que cubram cerca de 90 por cento dos hábitos de consumo desse público", diz Minas.

O executivo evitou citar estimativas sobre a base declientes que espera para o Next, assim como quando espera atingir a lucratividade.

Mesmo admitindo que inicialmente muitos dos interessados do Next possam já ser correntistas de bancos tradicionais, Minas avaliou que o risco de canibalização com o próprio Bradesco é baixo.

Sucessão

A estreia oficial do Next se dá no momento em que uma iminente regulamentação do Banco Central para fintechs tem provocado intensa movimentação do setor nas últimas semanas, com anúncios de investimentos mais robustos de grandes investidores internacionais e parcerias com bancos e varejistas.

Essa corrida espelha o crescente esforço para se diferenciar num segmento cujo número de players cresceu mais de seis vezes nos últimos três anos, para mais de 300 atualmente.

Nesse aspecto, o desempenho do Next pode ser decisivo para o Bradesco em pelo menos duas frentes. Primeiro, ajudar a definir a sucessão do comando da grupo em março próximo, quando o atual presidente-executivo, Luiz Carlos Trabuco, passará a ser unicamente chairman, posição que acumula hoje interinamente.

Responsável principal pela integração operacional do HSBC, comprado pelo Bradesco em 2015, Minas é apontado dentro e fora do banco como um fortíssimo candidato a suceder Trabuco. E isso leva ao segundo ponto vital da importância do Next, de ajudar a definir os rumos do negócio bancário do próprio Bradesco.

Embora seja o quarto maior banco do país em ativos, com base de dados de junho, o Bradesco tinha então a maior folha de salários do setor financeiro e a maior rede de agências no país.

Ganhar eficiência num cenário em que a rede física perde espaço ou tem que ser reinventada tem sido apontado pelos principais banqueiros do país como o maior desafio do setor.

Lázaro Brandão, ao deixar a presidência do conselho do Bradesco semanas atrás, deu exatamente essa resposta quando perguntado qual entendia ser o principal desafio do próximo comandante do banco, ou seja, o que fazer com a rede de agências do banco.

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