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Conheça a gigante japonesa de US$ 32 bilhões que cresce no Brasil

A meta é transformar a operação brasileira em um negócio de cerca de 2 bilhões de reais até 2030

Toru Yamashita, presidente da japonesa NTT Data: expansão regional pela América Latina também é prioridade (Omar Paixão/EXAME.com)

Toru Yamashita, presidente da japonesa NTT Data: expansão regional pela América Latina também é prioridade (Omar Paixão/EXAME.com)

Karla Dunder
Karla Dunder

Freelancer

Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 17h43.

Última atualização em 4 de dezembro de 2025 às 17h44.

O setor global de tecnologia vive um momento de pressão por escala, capacidade de entrega e presença regional. As grandes consultorias disputam contratos em segmentos estratégicos, como serviços corporativos, infraestrutura digital e data centers. É nesse ambiente que a NTT DATA avança para consolidar espaço no Brasil e na América Latina.

A empresa é uma das principais verticais do Grupo NTT, conglomerado japonês com receita anual de cerca de 93 bilhões de dólares, mais de 341.000 colaboradores no mundo e 150 anos de operação.

Sozinha, a NTT DATA movimenta aproximadamente 32 bilhões de dólares e reúne um time global de 197.800 pessoas espalhadas por 58 países.

A movimentação mais recente — e o motivo pelo qual a companhia volta ao foco agora — é a compra da brasileira SPro, especialista em ferramentas SAP para o agronegócio.

“Essa aquisição fortalece a posição da NTT no Brasil e na América Latina como parceiro estratégico para o setor agroalimentar”, diz Ricardo Fachin, CEO da NTT DATA Business Solutions no Brasil.

O movimento também pressiona a ambição local da empresa. No Brasil, a divisão Business Solutions deve fechar o ano com cerca de 2.100 profissionais — eram 600 há cinco anos. Com a SPro, chegam entre 70 e 100 novos clientes e até 400 colaboradores adicionais.

História e estrutura global

A NTT DATA integra a espinha dorsal do Grupo NTT, um dos maiores grupos de telecomunicações do mundo.

A holding reúne operações como NTT Docomo, com receita próxima de 40 bilhões de dólares e 51.700 empregados, e as unidades NTT East e NTT West, com 20 bilhões de dólares e 64.550 pessoas.

A divisão de soluções urbanas e energia soma mais 11 bilhões de dólares e cerca de 27.250 colaboradores.

Dentro desse desenho, a NTT DATA se divide em três grandes blocos:

  • NTT DATA Japan

  • NTT DATA Inc. (responsável por América do Norte e Europa)

  • NTT DATA Business, Consulting e Technology Solutions, que incluem a operação brasileira — hoje com aproximadamente 8.948 colaboradores.

O grupo ainda mantém classificação de crédito A pela S&P e investe mais de 3,6 bilhões de dólares por ano em pesquisa e desenvolvimento, com foco em inteligência artificial, nuvem, redes e infraestrutura crítica de data centers. É o terceiro maior provedor global de data centers.

Por que o agronegócio virou prioridade

A digitalização do agro está em um ponto de inflexão. Automação, rastreabilidade, dados e exigências ambientais exigem sistemas robustos de gestão e integração.

A NTT DATA já atendia mais de 700 clientes no país, mas os executivos afirmam que faltava profundidade em processos do campo. E a SPro entra justamente para preencher essa lacuna.

A SPro nasceu dentro do agro. “Eu sou filho de produtor do oeste do Paraná. Minha carreira começou na Sadia, depois migrei para tecnologia e participei da implementação do SAP em 1997”, diz o CEO Almir Meinerz.

A decisão de buscar um sócio veio em 2023. “A gente precisava escalar o negócio. O conhecimento estava sólido, mas era hora de acelerar inovação e ampliar nossa capacidade de entrega. Por isso buscamos um parceiro global”, diz Meinerz. A conexão com a NTT, afirma, está no foco em execução e proximidade com o cliente.

Planos de expansão até 2026

A divisão Business Solutions movimenta aproximadamente 750 milhões de reais no Brasil e cresce mais de 20% ao ano há quase uma década.

Agora, a incorporação da SPro acelera projeções. “No Agro Food, enxergamos potencial para crescer entre 25% e 30%”, afirma Fachin.

No horizonte de cinco anos, a meta é transformar a operação brasileira em um negócio de cerca de 2 bilhões de reais. O caminho passa por crescimento orgânico e novas aquisições. A expansão regional também é prioridade — especialmente México, Chile, Colômbia e Argentina.

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