Casa & Video pode ser vendida para Americanas ou private equity
Aquisição da varejista fluminense pode ser realizada até junho
Da Redação
Publicado em 13 de janeiro de 2011 às 09h51.
Nova York - A Casa & Video Rio de Janeiro SA, varejista com 66 lojas no estado do Rio de Janeiro, está em discussões com a Lojas Americanas SA e com um fundo de private equity para a possível venda da empresa. O negócio pode ser fechado até junho.
Uma aquisição pela Lojas Americanas, maior varejista de descontos do País, daria à Casa & Video mais capital e poder de compra. Fabio Carvalho, 33, o presidente e dono da empresa que pode ser vendida, disse estar interessado em um acordo que preserve seu modelo de negócios e sua marca.
O negócio “ou vai acontecer ou vai morrer”, disse Carvalho em uma entrevista por telefone do Rio de Janeiro. “A nossa prioridade é a manutenção do modelo de negócios. A gente não está olhando ser absorvido por alguém”, acrescentou, sem identificar o fundo de private equity com o qual está negociando.
A Americanas disse que mantinha conversas preliminares com a Casa & Video, segundo um comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários em junho. A assessoria de imprensa externa da empresa não retornou o pedido feito pela Bloomberg em busca de comentários quanto ao atual andamento das conversas.
A Casa & Video finalizou 2010 com receita bruta de R$ 1,3 bilhão e R$ 40 milhões em Ebitda, ou lucro antes do pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização, disse Carvalho.
Vendas no varejo
As vendas do varejo brasileiro cresceram em novembro mais do que o previsto pelos economistas, impulsionadas pelo aumento do crédito e desemprego em nível recorde de baixa. As vendas de móveis e eletrodomésticos tiveram um aumento mensal de 2,4 por cento e as vendas de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação subiram 10,5 por cento.
Eletrônicos e eletrodomésticos “é um setor muito competitivo,” disse Marcos Gouvêa de Souza, presidente e sócio sênior da GS&MD Gouvêa e Souza, empresa de consultoria em marketing, varejo e canais de distribuição, numa entrevista em Nova York no dia 11 de janeiro. “Os produtos são quase que commodities e a comparação de preços e a consequente baixa rentabilidade favorece ainda mais a consolidação,” disse ele.
Carvalho começou a trabalhar como consultor de reestruturação na Casa & Video em 2008 e comprou o controle da empresa em 2009. Depois de aprovado o plano de reestruturação, em novembro de 2009, foi criada uma nova empresa e Carvalho adquiriu o restante dos credores, assim como a marca. Hoje, ele é o único dono de ambos.
“Estamos olhando oportunidades no nível corporativo, mas a gente também tem a vida muito bem resolvida para tocar sozinho”, disse Carvalho, acrescentando que, em 2010, chegou a conversar com quatro fundos de private equity sobre uma possível venda. Carvalho não revelou os nomes desses fundos.
Expansão
A Casa & Video abriu cinco lojas no estado do Rio em 2010 e pretende abrir entre cinco e 10 lojas este ano, disse Carvalho. A empresa que vende produtos para o lar, eletrônicos e eletrodomésticos lançou seu cartão de crédito de marca própria em junho e está negociando com uma instituição financeira para expandir a operação.
“Esse cartão vai crescer em importância à medida que a gente tiver uma parceria bancária”, disse Carvalho, acrescentando que as vendas com o cartão atualmente representam 1,5 por cento do total. Carvalho espera fechar um acordo com um banco no primeiro trimestre e usar o dinheiro para financiar seu crescimento orgânico.
Se ele conseguir fechar negócio com a Lojas Americanas ou com o fundo de private equity, a Casa & Video pode se expandir mais rápido.
“Já temos um evento de capitalização em vista”, disse Carvalho. “Quando eu falo em uma nova capitalização se juntando a um grupo, é uma capitalização ainda maior, e nesse caso, a expansão que teríamos condição de fazer seria ainda mais agressiva”.