Valda Gonçalves, fundadora do Engenho Café de Açaí: marca produz uma bebida semelhante ao café, feita a partir do caroço do açaí.
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Publicado em 28 de novembro de 2024 às 16h00.
O espírito empreendedor da macapaense Valda Gonçalves, 48 anos, foi amplamente desenvolvido ao longo da adolescência, quando ela ajudava o pai, um comerciante que vendia caldo de cana na rua. “Ali eu atendia os clientes, calculava perdas e lucros, pensava em estoque”, conta Valda. “Foi uma escola que me preparou para enfrentar os desafios que viriam no futuro.” Hoje, o grande desafio de Valda é o Engenho Café de Açaí, empresa que ela ergueu com um olhar original e muito trabalho. A meta da marca é faturar R$ 1 milhão em 2024.
A marca produz uma bebida semelhante ao café, feita a partir do caroço do açaí. A ideia surgiu quando Valda começou a trabalhar como despolpadora do fruto, em 2011, e notou o grande desperdício na cadeia produtiva. “O descarte dos caroços era todo jogado fora. E aí me acendeu a vontade de transformar o que era descartado em algo valioso”, recorda.
Com determinação, Valda pesquisou o que poderia ser feito com o material descartado. O processo envolve várias etapas: “Os caroços são lavados, desidratados em estufa, têm suas fibras retiradas, passam pela torrefação, são moídos e, finalmente, envasados e embalados. É um processo cuidadoso que garante qualidade e sabor ao produto final”, explica Valda.
Mesmo sem experiência no setor de cafés, Valda buscou capacitação. “Pesquisei muito, assisti vídeos e recebi apoio do Sebrae. Em 2020, consegui consolidar todas essas informações e ajustar o produto até chegar ao sabor e qualidade que queria.”
Um dos maiores desafios de Valda foi atrair clientes para uma bebida tão diferente. Enquanto trabalhava como motorista de aplicativo em 2016, ela oferecia o café de açaí aos passageiros. “A surpresa deles era sempre marcante. As pessoas começaram a me chamar de ‘a mulher do café de açaí’.”
A aposta no boca a boca deu certo. Com o apoio do marido, que vendeu uma pequena confecção para investir no negócio, Valda expandiu sua produção. Hoje, ela lidera uma equipe de nove funcionários, vende para várias cidades brasileiras e começou a exportar para países como Alemanha e Estados Unidos. “Produzimos cerca de 10 toneladas por mês e nossa meta de faturamento para este ano é de R$ 1 milhão, com boas perspectivas de crescimento”, comemora.