Simple Organic: "Os produtos com volumetria maior vão competir com grandes nomes do mercado de beleza", diz a CEO Patrícia Lima (Simple Organic /Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 23 de abril de 2024 às 17h12.
Última atualização em 24 de abril de 2024 às 13h39.
Você provavelmente já ouviu que cosméticos limpos, aqueles sem parabenos e veganos, são mais caros, pouco acessíveis ou têm eficácia duvidosa. A publicitária Patrícia Lima tem trabalhado há pelo menos oito anos para desmistificar este mercado.
Queridinha da geração Z, a marca de cosméticos Simple Organic está lançando uma nova linha de produtos com embalagens maiores e preços competitivos. O objetivo é simples: aumentar as vendas no varejo farmacêutico, onde a sócia majoritária Hypera Pharma tem ajudado a marca a crescer nos últimos anos.
“Quero tornar a beleza sustentável mais acessível e democrática. Com a Hypera, conseguimos entrar nas farmácias e ganhar escala sem aumentar os preços”, diz a CEO Patrícia Lima.
Cinco produtos da linha Revolution já estão à venda no e-commerce e em 2.500 lojas das principais redes de farmácias do país, como Raia Drogasil e Pague Menos. Gel de limpeza com trio de ácidos e acelerador de hidratação estão entre os cinco lançamentos que variam entre R$ 65 e R$ 89, os preços mais baixos praticados pela marca até o momento. Outros quatro produtos da linha devem ser lançados nos próximos meses.
A ideia é aumentar a participação no varejo farmacêutico, que hoje representa 15% das vendas -- superando o resultado das 29 franquias da marca. A liderança entre os canais segue no meio digital, onde a marca tem uma base sólida de clientes e concentra 70% das vendas. Só no Tiktok são 1,2 milhão de seguidores.
A Simple Organic não divulga o faturamento, apenas informa que cresceu treze vezes desde que a Hypera se tornou sócia majoritária do negócio, em 2020. A expectativa é que nova linha represente 25% do crescimento deste ano.
A fundadora conta que para desapegar do negócio, ela deixou passar mais de dez propostas de vendas até fechar com a farmacêutica. Fundada em 2016, a marca de cosméticos nasceu depois de uma viagem internacional da publicitária. “Vi na Califórnia uma beleza natural de uma maneira que não existia no Brasil, com fórmulas limpas e minimalistas", diz.
A sede da marca segue em Florianópolis, Santa Catarina, onde concentra seu laboratório, dois centro de distribuição e escritório. "Nossa produção é verticalizada. Temos um time especializado no desenvolvimento de cosméticos e produtos de skin care limpos".
Quer dicas para decolar o seu negócio? Receba informações exclusivas de empreendedorismo diretamente no seu WhatsApp. Participe já do canal EXAME EmpreendaA Hypera também impulsionou a presença da Simple Organic numa área até então pouco explorada: os consultórios médicos. Com um time grande de representantes espalhados pelo Brasil, as prescrições médicas têm levado novos consumidores às farmácias em busca de produtos da marca.
"Expandimos de forma significativa a presença da Simple Organic no varejo farmacêutico nos últimos meses para atendermos a demanda proveniente das prescrições médicas. Agora vamos expandir o portfólio com a linha Revolution, que irá atender várias categorias presentes nas farmácias em que ainda não atuávamos", diz Vivian Angiolucci, diretora-executiva da unidade de negócios skincare da Hypera Pharma.
A Simple Organic aparece como uma das marcas poderosas da companhia em sua última apresentação institucional, ao lado de marcas como Engov, Buscopan e Neosoro. “No ano passado crescemos 70% e as expectativas futuras são positivas, afinal o mercado de beleza cresce muito no país e somos um negócio nativo do digital que se une com sustentabilidade", diz Lima.
No quarto trimestre de 2023, a receita líquida da Hypera caiu 13%, para R$ 1,85 bilhão nos últimos três meses do ano, refletindo principalmente o recuo nas vendas de antigripais, para febre e analgésicos que representam um terço das vendas da companhia (contra 10% no mercado farmacêutico). No seu guidance para 2024, a Hypera prevê crescimento de 9% em receita, para R$ 8,6 bilhões, alta de 13% na EBITDA, para R$ 3 bilhões, e avanço de 8,4% no lucro líquido para R$ 1,85 bilhão.
O movimento de posicionar marcas nativas digitais em farmácias não é necessariamente novo. A Sallve, marca da blogueira Julia Petit, é um exemplo. Com uma comunicação direta com seus consumidores digitais, a marca desenvolve produtos, ou pelo menos tenta, com base em suas demandas -- e tem posicionado seus produtos com embalagens coloridas nas prateleiras das farmácias também.
Resta saber se a proposta de cosméticos limpos da Simple Organic vai se destacar, de fato, nas prateleiras das farmácias e atingir novos públicos com potões e preços acessíveis. "Os produtos com volumetria maior vão competir com grandes nomes do mercado de beleza. Nosso diferencial é oferecer uma formulação limpa e sustentável", diz a CEO.