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A Eneva levou em frente um plano visionário de Eike. E se deu bem

A geradora de energia Eneva, fruto da fusão da MPX com a OGX Maranhão, mostra que existe vida sem o bilionário

Eike Batista: ponto crucial para a derrocada do grupo EBX foi prometer entregas vultosas para empresas que ainda não estavam em operação (Wilson Dias/Agência Brasil)

Eike Batista: ponto crucial para a derrocada do grupo EBX foi prometer entregas vultosas para empresas que ainda não estavam em operação (Wilson Dias/Agência Brasil)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 10 de outubro de 2019 às 07h44.

Última atualização em 10 de outubro de 2019 às 11h55.

São Paulo — Seis anos após a derrocada do ex-bilionário Eike Batista, a geradora de energia Eneva é a remanescente que deu certo. De 2015 para cá, venceu uma recuperação judicial e passou de um prejuízo de 1,5 bilhão de reais, em 2014, para um lucro de 307 milhões, em 2018. À frente do negócio está o ex-diretor financeiro da mineradora Vale, Pedro Zinner, que recebeu EXAME numa pequena sala de reuniões na sede da Eneva no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, um escritório moderno, mas sem luxo. Nos últimos dois anos, ele trabalha para mostrar que por trás da megalomania de Eike estavam as bases de uma empresa promissora.

A Eneva é o resultado da fusão da MPX, focada em geração de energia por meio de usinas térmicas, com a OGX Maranhão, braço da petroleira OGX voltado para a extração de gás na Bacia de Parnaíba. No modelo original, a MPX seria cliente da OGX Maranhão, que forneceria o gás para suas usinas.

O ponto crucial para a derrocada do grupo EBX foi prometer entregas vultosas para empresas que ainda não estavam em operação. Foi o caso da OGX Maranhão e de sua “meia Bolívia de gás”. A empresa de energia MPX investiu em térmicas e assumiu contratos, mas o combustível da OGX não veio.

Em 2014, a MPX teve o controle vendido ao grupo alemão de energia E.ON e mudou de nome para Eneva. No mesmo ano, o Cambuhy, fundo de investimento da família Moreira Salles, sócia do banco Itaú, assumiu o controle da OGX Maranhão, que mudou de nome para Parnaíba Gás Natural (PGN).

Em 2016, as duas empresas se fundiram, mantendo o nome Eneva. Zinner assumiu o comando da companhia no ano seguinte. A empresa resultante retira do solo o gás que é usado como combustível nas usinas termelétricas, fechando a cadeia. A solução ajuda a dar destino ao gás encontrado nos rincões do país, onde gasodutos são escassos, mas existe a rede de transmissão de energia elétrica. “É um modelo visionário pensado pelo Eike. O problema foi ter vendido um sonho sem um plano de execução”, afirma Zinner.

O crescimento da Eneva acontece em um momento importante para o setor. Em abril, a geradora francesa de energia Engie pagou 33 bilhões de reais pela Transportadora Associada de Gás, uma malha de gasodutos do Norte-Nordeste que pertencia à Petrobras. Em julho, o governo federal lançou o programa Novo Mercado de Gás, com a intenção de criar um “choque de energia barata” no país, nas palavras do ministro da Economia, Paulo Guedes.

O modelo de negócios da Eneva está em linha com essa ideia, já que o gás usado pela empresa custa metade do valor do gás retirado do pré-sal. “A Eneva tem um projeto único no Brasil. Das empresas que vieram do grupo EBX, é a que está mais madura”, afirma Adriano Pires, sócio da consultoria Centro Brasileiro de Infraestrutura.

A reportagem completa sobre a Eneva, seus planos de crescimento, e o espólio de Eike Batista está na edição 1195 de EXAME, disponível na versão impressa e digital. 

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