Vaper: cigarro eletrônico é proibido no Brasil. (Rocky89/Getty Images)
Da redação, com agências
Publicado em 6 de setembro de 2022 às 16h32.
Última atualização em 6 de setembro de 2022 às 20h31.
A Juul Labs fechou um acordo de US$ 438,5 milhões de dólares com a Procuradoria Geral do estado de Connecticut, nos Estados Unidos, para encerrar dois anos de investigações de mais de 30 estados americanos que questionavam as campanhas de marketing da companhia que incentivavam o uso do cigarro eletrônico (também chamado de vaper) por adolescentes. Segundo a Juul, o acordo, firmado nesta terça-feira, 6, não reconhece "qualquer irregularidade" nas campanhas de marketing.
Segundo o procurador-geral de Connecticut, William Tong, a investigação descobriu que a empresa tinha um sistema de verificação de idade “poroso” para seus produtos e que 45% de seus seguidores no Twitter tinham entre 13 e 17 anos.
“Achamos que isso ajudará bastante a conter o fluxo de vaping da juventude”, disse Tong em entrevista ao The New York Times. “Não temos ilusões e não podemos afirmar que isso impedirá a juventude de vaping. Continua a ser uma epidemia. Continua a ser um grande problema. Mas essencialmente tiramos uma grande parte do que já foi líder de mercado”.
Além do valor, que será usado para campanhas de conscientização dos riscos de uso do cigarro eletrônico por adolescentes, o acordo inclui inúmeras restrições sobre como a Juul pode comercializar seus produtos. A empresa ainda enfrenta centenas de processos pessoais movidos em nome de adolescentes e outros que dizem que se tornaram viciados nos produtos vaping da marca.
Autoridades de saúde dos Estados Unidos chagaram a anunciar a proibição da venda de cigarros eletrônicos da Juul Labs no mercado norte-americano. Poucos dias depois, a Food and Drug Administration (FDA) voltou atrás na decisão. Na ocasião, a agência reguladora disse que "existem questões científicas exclusivas do aplicativo JUUL que justificam uma revisão adicional".
A Juul vinha sendo alvo de escrutínio da FDA e autoridades de saúde nos últimos anos por seu marketing direcionado a jovens, incluindo menores de idade. A empresa, que se tornou uma das marcas mais conhecidas no ramo de cigarros eletrônicos, existe desde 2015, mas ganhou popularidade sobretudo a partir de 2017.
Estudos têm mostrado que os efeitos dos cigarros eletrônicos podem ser tão ou mais nocivos do que dos cigarros comuns. O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, outra autoridade de saúde do governo norte-americano, afirma publicamente que a exposição à nicotina nos cigarros eletrônicos pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro de jovens adultos. Os produtos, segundo a autoridade, também possuem insumos químicos que podem desencadear câncer e outros efeitos indesejados nos pulmões.
VEJA TAMBÉM: O mundo contra os cigarros eletrônicos e a Juul
Em resposta, a Juul Labs já havia parado de vender cigarros eletrônicos com sabor de fruta, um de seus mais populares, em 2019. A empresa também reduziu os gastos com campanhas de marketing. Com isso, as vendas caíram de US$ 38 bilhões para US$ 5 bilhões entre 2018 e 2021.
Na semana passada, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), determinou que 33 empresas em todo o país suspendessem a venda de cigarros eletrônicos. A notificação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) do dia 1º de setembro. As companhias precisaram cumprir a medida cautelar em 48 horas, caso contrário tinham de pagar multa diária de R$ 5 mil.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já tinha decidido, em junho, manter a proibição de venda de cigarros eletrônicos no Brasil e ampliar a fiscalização para coibir o mercado irregular dos dispositivos. Participaram da votação quatro diretores da Anvisa - a decisão foi unânime. A venda de cigarros eletrônicos é proibida no país desde 2009.
(Com Estadão Conteúdo)
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