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Trump perdoa 73 pessoas em seu indulto, entre elas Steve Bannon e engenheiro que roubou dados do Google

Em seu indulto presidencial, no último dia de mandato, o presidente Donald Trump perdoou o criador do site Breitbart e o engenheiro Anthony Levandowski, acusado de roubar dados do Google para a Uber

Steve Bannon: criador do site de extrema-direita Breitbart foi estrategista de Trump no começo do mandato e grande apoiador de seu governo (Mary F. Calvert/File Photo/Reuters)

Steve Bannon: criador do site de extrema-direita Breitbart foi estrategista de Trump no começo do mandato e grande apoiador de seu governo (Mary F. Calvert/File Photo/Reuters)

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Carolina Riveira

Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 06h18.

Última atualização em 20 de janeiro de 2021 às 14h12.

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O presidente americano, Donald Trump, concedeu nesta quarta-feira, 20, perdão presidencial a 73 pessoas. Com a posse de Joe Biden marcada para a tarde de hoje, uma das grandes expectativas pelas horas finais de Trump era descobrir qual seria sua lista de perdoados -- e se ela incluiria ele próprio, que vive um processo de impeachment no Congresso e pode sofrer outras acusações.

Trump não se incluiu na lista do indulto. Caso o presidente tivesse se incluído no perdão presidencial, o caso seria algo inédito nos mais de 240 anos de democracia americana.

É comum que presidentes concedam perdões no fim do governo. Com o perdão presidencial, os perdoados não podem mais ser condenados por crimes federais cometidos anteriormente ao indulto.

O indulto de Trump inclui nomes como o criador do site de extrema-direita Breitbart, Steve Bannon, que foi grande apoiador e mentor de Trump nas campanhas presidenciais, sobretudo em 2016, e ex-estrategista no começo do mandato. Bannon é um dos principais nomes da comunicação de extrema-direita no mundo, e visto como um dos inventores de estratégias de notícias falsas virtuais.

Mas seus principais problemas com a Justiça americana residem em um caso de fraude em doações online, em que Bannon e outras pessoas pediram dinheiro a apoiadores para construir o famoso muro americano na fronteira americana com o México -- o dinheiro, contudo, não foi doado ao governo americano ou usado para esse fim, segundo a Justiça.

Ao todo, as fraudes teriam chegado a 25 milhões de dólares. Só Bannon teria recebido mais de 1 milhão de dólares, segundo a Justiça, o que o levou à prisão em agosto do ano passado.

Segundo a Bloomberg, Bannon não estava na lista de perdoados até o último minuto, quando ele e o presidente se falaram nesta terça-feira. Muito próximo a Trump em 2016, Bannon e o presidente terminaram rompendo no começo do mandato -- ainda assim, na campanha de 2020 contra Biden, o Breitbart seguiu apoiando a vitória de Trump.

Além de Bannon, a lista de indultos de Trump incluem ainda algumas celebridades, congressistas e outros aliados, como o rapper Lil Wayne (cujo nome verdadeiro é Dwayne Carter), o ex-deputado americano Rick Renzi (que passou três anos na prisão por lavagem de dinheiro, corrupção e outras acusações) e o empresário Sholam Weiss (condenado a nada menos que 835 anos de prisão por uma fraude em seguros).

Para o mundo empresarial, um perdão relevante foi a Anthony Levandowski, ex-engenheiro do Google acusado de roubar tecnologia de carros autônomos da empresa quando foi contratado pela Uber. A Justiça condenou Levandowski a 18 meses de prisão no ano passado, e o caso é até hoje um dos mais conhecidos no Vale do Silício.

Sobre Trump não se incluir nos perdões, um relato do jornalista John Roberts, correspondente na Casa Branca pela emissora de TV americana Fox News, já havia rechaçado a possibilidade nesta semana. Segundo as fontes, ao se autoperdoar, Trump assumiria ter culpa – algo que o presidente americano até agora nega.


Veja tudo sobre a posse de Joe Biden nos EUA

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