Todos os direitos humanos são violados na RCA, diz ONU
Na República Centro-Africana, os direitos dos cidadãos estão sendo violados e a fraqueza do Estado não permite fazer frente a essa situação, segundo a ONU
Da Redação
Publicado em 26 de março de 2014 às 10h47.
Genebra - A especialista independente das Nações Unidas sobre a situação dos direitos humanos na República Centro-Africana, Marie-Thérèse Keita Bocoum, considera que todos os direitos dos cidadãos desse país estão sendo violados e que a fraqueza do Estado não permite fazer frente a essa situação.
"As violações e os abusos mais atrozes e horríveis continuam ocorrendo sem nenhuma forma de justiça. Entre eles, podemos citar as violações do direito à vida, à segurança e à integridade física através de assassinatos e execuções sumárias, assim como tratos cruéis, desumanos e degradantes", afirmou Keita.
A especialista independente apresentou hoje perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU seu último relatório sobre a situação no país africano, que há mais de um ano vive imerso no caos de uma guerra fratricida, interétnica e inter-religiosa que forçou a fuga de mais de um milhão de civis.
O especialista reconhece que todos os grupos em conflito são responsáveis por massacres, tanto o grupo Seleka como as milícias conhecidas como "Anti-Balaka" e, "ultimamente", o Exército de Resistência do Senhor (LRA), assinalou Keita.
Há quase um ano, Bangui foi tomada pela então coalizão rebelde Séléka, que assumiu o poder no país após a fuga do presidente deposto François Bozizé.
Estes rebeldes são de confissão muçulmana e fazem frente a uma população majoritariamente católica, algo que deixa o conflito com ares sectários e religiosos, tendo em vista a ação das milícias cristãs "Anti-Balaka".
O LRA, segundo Keita, também é responsável pelo assassinato, sequestro, tortura e violação de milhares de pessoas desde o final dos anos 80, sendo parte ativa nos últimos confrontos.
O especialista lembrou que a população centro-africana vive "em permanente precariedade", tendo em vista que o conflito destruiu o tecido social e econômico, obrigou o fechamento de hospitais e escolas e qualquer tipo de estrutura do Estado.
"A fraqueza das instituições do Estado e a fragilidade do Estado em si acabaram por instalar um clima geral de medo, insegurança e de desconfiança que favorece a impunidade e insere o país em um círculo vicioso de violência", afirmou.
Essa mesma reflexão também é defendida pelo embaixador centro-africano perante a ONU em Genebra, Léopold Ismael Samba, que também se dirigiu ao Conselho para solicitar ajuda internacional. "Necessitamos de um plano Marshall para salvar o país", declarou Samba.
"Atualmente, existe uma precária calma em Bangui, mas ela não é real. O Estado está quebrado, e a impunidade é uma regra. Necessitamos que nos ajudem de forma urgente", acrescentou o embaixador.
Keita também solicitou que se reforcem urgentemente as missões de manutenção da paz enviadas pela União Africana e pela França para poder proteger efetivamente à população civil.
"É urgente que se estabeleçam medidas audazes no âmbito da segurança, da justiça e da administração do território para evitar o caos, a divisão do país e a exploração oportunista desta situação por grupos criminosos ou terroristas", concluiu Keita.
Genebra - A especialista independente das Nações Unidas sobre a situação dos direitos humanos na República Centro-Africana, Marie-Thérèse Keita Bocoum, considera que todos os direitos dos cidadãos desse país estão sendo violados e que a fraqueza do Estado não permite fazer frente a essa situação.
"As violações e os abusos mais atrozes e horríveis continuam ocorrendo sem nenhuma forma de justiça. Entre eles, podemos citar as violações do direito à vida, à segurança e à integridade física através de assassinatos e execuções sumárias, assim como tratos cruéis, desumanos e degradantes", afirmou Keita.
A especialista independente apresentou hoje perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU seu último relatório sobre a situação no país africano, que há mais de um ano vive imerso no caos de uma guerra fratricida, interétnica e inter-religiosa que forçou a fuga de mais de um milhão de civis.
O especialista reconhece que todos os grupos em conflito são responsáveis por massacres, tanto o grupo Seleka como as milícias conhecidas como "Anti-Balaka" e, "ultimamente", o Exército de Resistência do Senhor (LRA), assinalou Keita.
Há quase um ano, Bangui foi tomada pela então coalizão rebelde Séléka, que assumiu o poder no país após a fuga do presidente deposto François Bozizé.
Estes rebeldes são de confissão muçulmana e fazem frente a uma população majoritariamente católica, algo que deixa o conflito com ares sectários e religiosos, tendo em vista a ação das milícias cristãs "Anti-Balaka".
O LRA, segundo Keita, também é responsável pelo assassinato, sequestro, tortura e violação de milhares de pessoas desde o final dos anos 80, sendo parte ativa nos últimos confrontos.
O especialista lembrou que a população centro-africana vive "em permanente precariedade", tendo em vista que o conflito destruiu o tecido social e econômico, obrigou o fechamento de hospitais e escolas e qualquer tipo de estrutura do Estado.
"A fraqueza das instituições do Estado e a fragilidade do Estado em si acabaram por instalar um clima geral de medo, insegurança e de desconfiança que favorece a impunidade e insere o país em um círculo vicioso de violência", afirmou.
Essa mesma reflexão também é defendida pelo embaixador centro-africano perante a ONU em Genebra, Léopold Ismael Samba, que também se dirigiu ao Conselho para solicitar ajuda internacional. "Necessitamos de um plano Marshall para salvar o país", declarou Samba.
"Atualmente, existe uma precária calma em Bangui, mas ela não é real. O Estado está quebrado, e a impunidade é uma regra. Necessitamos que nos ajudem de forma urgente", acrescentou o embaixador.
Keita também solicitou que se reforcem urgentemente as missões de manutenção da paz enviadas pela União Africana e pela França para poder proteger efetivamente à população civil.
"É urgente que se estabeleçam medidas audazes no âmbito da segurança, da justiça e da administração do território para evitar o caos, a divisão do país e a exploração oportunista desta situação por grupos criminosos ou terroristas", concluiu Keita.