Macron: presidente da França pressiona China e alerta que UE pode adotar medidas duras. (AFP/AFP)
Repórter
Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 06h42.
O presidente da França, Emmanuel Macron, advertiu a China que a União Europeia poderá reagir nos próximos meses se o país não cooperar para reduzir seu superávit comercial com o bloco.
A declaração foi feita em entrevista ao jornal francês Les Echos após sua visita de três dias à China. O déficit comercial da UE com o gigante asiático ultrapassou € 300 bilhões em 2024, e preocupa governos europeus.
Macron afirmou ter proposto aos líderes chineses uma agenda de cooperação que inclui aumento dos investimentos chineses na Europa. Segundo ele, se Pequim não responder às preocupações europeias, o bloco poderá adotar medidas semelhantes às tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sob o governo Donald Trump.
O presidente francês disse ter discutido o tema com Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e destacou que considera a iniciativa uma questão de sobrevivência para a indústria europeia, que enfrenta concorrência considerada desleal e o impacto adicional das tarifas americanas.
Macron reconheceu que formar uma frente comum europeia não é simples, sobretudo porque a Alemanha ainda resiste à adoção de medidas mais duras contra Pequim. Segundo o presidente francês, empresas alemãs temem retaliações, embora Berlim comece a reconhecer que os desequilíbrios comerciais também a afetam.
Ele afirmou ter explicado às autoridades chinesas que o superávit com a Europa é insustentável, ressaltando que a China "está matando seus próprios clientes" ao quase não importar produtos europeus.
O fluxo crescente de itens chineses pressiona a estrutura industrial europeia, especialmente nos setores automobilístico e de máquinas, enquanto as tarifas implementadas por Trump desviam parte das exportações chinesas para o mercado europeu.
Macron avalia que a Europa se tornou “o mercado de ajuste” entre as duas maiores potências econômicas, situação que classifica como o “pior dos cenários”. Para o presidente francês, a UE precisa reagir com políticas de competitividade, simplificação regulatória, investimentos em inovação e fortalecimento do mercado único.
O presidente defendeu a implementação das recomendações do relatório do ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, sobre competitividade. Entre as medidas, destacou uma política monetária ajustada, a conclusão da união aduaneira e mecanismos de segurança econômica europeia.
Macron também disse que a China direcione investimentos para setores estratégicos da UE, como baterias, refino de lítio, energia eólica, placas solares, veículos elétricos, robótica e reciclagem. Ele impôs a condição de que esses investimentos não sejam “predatórios”, com objetivo de hegemonia ou criação de dependências.
A França espera que a mudança reduza desequilíbrios comerciais e preserve a competitividade da indústria europeia.
*Com informações da EFE