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Rússia toma Kherson e amplia ataques contra civis em Kiev e Kharkiv

A queda de Kherson, onde três jogadores de futsal brasileiros estão retidos, é importante porque o controle da cidade de 300 mil habitantes possibilita aos russos ter mais forças para tentar controlar os portos de Odessa e Mariupol

Firefighters work to contain a fire at the Economy Department building of Karazin Kharkiv National University, allegedly hit during recent shelling by Russia, on March 2, 2022. (Photo by Sergey BOBOK / AFP) (Photo by SERGEY BOBOK/AFP via Getty Images) (SERGEY BOBOK/AFP/Getty Images)

Firefighters work to contain a fire at the Economy Department building of Karazin Kharkiv National University, allegedly hit during recent shelling by Russia, on March 2, 2022. (Photo by Sergey BOBOK / AFP) (Photo by SERGEY BOBOK/AFP via Getty Images) (SERGEY BOBOK/AFP/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de março de 2022 às 21h49.

Última atualização em 2 de março de 2022 às 21h49.

Tropas russas tomaram nesta quarta-feira, 2, a cidade de Kherson - ponto estratégico entre a Crimeia, dominada pelo Kremlin, e o sul da Ucrânia. Em paralelo, os russos aumentaram o cerco a Kiev e devem intensificar a ação militar para tomar a cidade. Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, voltou a ser intensamente bombardeado pela artilharia russa na manhã de hoje, no 7° dia da ofensiva de Moscou contra o território ucraniano.

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A queda de Kherson, onde três jogadores de futsal brasileiros estão retidos, é importante porque o controle da cidade de 300 mil habitantes possibilita aos russos ter mais forças para tentar controlar os portos de Odessa e Mariupol.

O prefeito de Kherson, Igor Kolykhaev, e um alto funcionário do governo ucraniano confirmaram que Kherson havia caído. As forças russas cercaram a cidade, disse Kolykhaev, e após dias de intensos combates, as forças ucranianas recuaram em direção à cidade vizinha de Mykolaiv. “Não há exército ucraniano aqui”, disse ele em entrevista. “A cidade está cercada.” Cerca de 10 oficiais russos armados, incluindo o comandante russo, entraram na prefeitura, disse Kolykhaev, e tinham planos de estabelecer um centro administrativo russo lá.

Mais alvos civis na mira

Um alto funcionário do Pentágono disse que as forças russas em toda a Ucrânia continuam a sofrer problemas logísticos e que a liderança militar da Rússia se tornou muito mais agressiva ao atacar a infraestrutura civil dentro das cidades

Bombardeios russos mataram pelo menos 21 pessoas e feriram mais de 110 apenas em Kharkiv, segunda maior cidade do país, nas últimas 24 horas, de acordo com o governador regional Oleg Synegubov. Áreas residenciais e o prédio da administração regional foram atingidos por mísseis russos, segundo os ucranianos.

Outro bombardeio com mortes confirmadas atingiu a cidade de Zhytomyr. Quatro pessoas perderam a vida após uma área residencial ser atingida por um míssil de cruzeiro, que aparentemente era direcionado a uma base aérea próxima. De acordo com Anton Gerashchenko, conselheiro do Ministério do Interior, uma das vítimas seria uma criança.

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"Putin está em guerra contra as crianças. Na Ucrânia, onde mísseis estão atingindo escolas infantis e orfanatos, e também na Rússia. David, de 7 anos, Sofia, de 9 anos, Matvey, de 11 anos, Gosha e Liza passaram a noite atrás das grades em Moscou por causa de seus posteres 'No to War'. Isso mostra o quão assustador esse homem é", escreveu Dmytro Kuleba, chanceler da Ucrânia, compartilhando fotos das crianças russas.

Relatos da imprensa ucraniana apontam que alertas sobre ataques aéreos foram emitidos durante toda a madrugada em diferentes cidades do país. Em Kiev, Chernihiv, Sumy, Pyryatyn, Myrhorod e Dnipro, os moradores foram aconselhados a buscar abrigo.

Além dos bombardeios, tropas russas também avançaram pelo território da Ucrânia. No fim da madrugada, o Exército russo anunciou ter tomado o controle da cidade de Kherson, no sul do país.

"Divisões russas das forças armadas assumiram o controle total do centro regional de Kherson", disse o porta-voz do Ministério da Defesa, Igor Konashenkov, em declarações transmitidas pela televisão.

"As negociações continuam com o comando russo e a administração local para resolver questões relacionadas à operação das instalações de infraestrutura social, bem como para garantir a ordem e a segurança da população", acrescentou, dizendo que não faltam alimentos na cidade para os civis.

Minutos antes, o prefeito da cidade, Igor Kolikhayev, havia indicado que a cidade ainda estava sob controle ucraniano -- apesar de ter admitido anteriormente que forças russas já controlavam os acessos para Kherson e tinham assumido o controle da estação de trem e do porto.

O exército russo também já conquistou o controle do porto de Berdyansk e está realizando uma dura ofensiva contra Mariupol, também no sul do país.

Em Kharkiv, tropas aerotransportadas da Rússia desembarcaram durante a madrugada. "Um grupo de paraquedistas russos desembarcou em Kharkiv", disse o centro operacional das Forças Armadas da Ucrânia em seu canal Telegram. Segundo o órgão, "os ocupantes atacaram o hospital, o Centro Clínico Médico Militar da Região Norte" e eclodiu uma batalha entre os invasores e os defensores ucranianos.

UE abre as portas para refugiados

A Comissão Europeia anunciou nesta quarta-feira, 2, que concederá autorizações de residência temporárias aos refugiados ucranianos e lhes concederá direitos à educação e ao trabalho nos 27 países da União Europeia. A medida ainda precisa ser aprovada pelos estados-membros -- que já expressaram amplo apoio à medida no fim de semana passado.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que "todos aqueles que fogem das bombas de Putin são bem-vindos na Europa. Forneceremos proteção para aqueles que procuram abrigo e ajudaremos aqueles que procuram um caminho seguro para casa."

Apesar de recente, o confronto vem aumentando o número de vítimas a cada dia. Um balanço do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos, divulgado antes dos confrontos da madrugada, apontava que 136 civis morreram desde o início da invasão russa, incluindo 13 crianças, e 400 civis foram feridos -- 26 deles menores de idade. O número, de acordo com a própria ONU, devem estar subnotificado.

O último relatório dos militares russos sobre o avanço militar aponta que, desde o início da invasão, 1.502 alvos de infraestrutura militar ucraniana foram destruídos; 47 aviões foram obliterados ainda no solo (e 11 no ar); 472 tanques e outros blindados, bem como 62 lançadores de mísseis e 206 peças de artilharia e morteiros ucranianos foram destruídos.

Do lado ucraniano, uma estimativa das forças armadas indica que 5.840 soldados russos foram mortos em combate. 30 aviões e 31 helicópteros teriam sido destruídos, assim como 211 tanques, 355 carros, 862 veículos blindados, 85 peças de artilharia e duas embarcações. (Com agências internacionais)

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