Pierre Poilievre: líder conservador que promete transformar o Canadá com uma agenda populista (Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 21h15.
Pierre Poilievre, de 45 anos, não é o típico líder conservador, tampouco um canadense convencional. Definido por analistas como ousado e confrontador — até mesmo com seus apoiadores na alta cúpula executiva — ele transformou o Partido Conservador, que governou o Canadá apenas quatro vezes desde a Segunda Guerra Mundial, em uma força política temida. Simultaneamente, tem mudado a relação da sigla com o setor empresarial.
Assim como no Partido Republicano de Donald Trump nos Estados Unidos, ataques contra aqueles que cruzam o caminho do político estão em alta, e a estratégia tem dado resultado: há mais de um ano, os Conservadores mantêm uma liderança de dois dígitos nas pesquisas de opinião pública. Poilievre é agora apontado como possível sucessor do primeiro-ministro Justin Trudeau, que anunciou sua renúncia na segunda-feira.
Sob a liderança de Poilievre, o Partido Conservador lidera o Partido Liberal de Trudeau com 29 pontos percentuais, de acordo com uma pesquisa recente citada pelo Wall Street Journal (WSJ). Projeções indicam que os Conservadores podem conquistar mais de 200 das 343 cadeiras da Câmara dos Comuns, o que lhes daria maioria para promover mudanças significativas em uma das dez maiores economias do mundo. Poilievre sinaliza que é exatamente isso que deseja fazer.
Conhecido por seu estilo de discurso contundente e desrespeito às normas políticas de Ottawa, Poilievre adota uma rotina de exercícios que inclui virar pneus de trator de 226 kg e correr morro acima arrastando um trenó de 34 kg. Essa imagem reforça sua estratégia de atrair uma base conservadora e eleitores céticos em relação às elites empresariais e à mídia tradicional. Porém, com Trudeau fora de cena, ele precisa provar que é mais do que um “candidato anti-Trudeau” e que sua marca combativa de política pode conquistar eleitores.
Filho adotivo de professores, Poilievre cresceu na província conservadora de Alberta. Desde cedo, participou de comícios antiaborto e foi presidente do clube conservador na faculdade. Ele entrou para o Parlamento em 2004, derrotando um ex-ministro liberal da Defesa. No governo do ex-primeiro-ministro Stephen Harper (2006-2015), destacou-se por sua determinação em realizar mudanças, segundo Garry Keller, funcionário do governo Harper.
Poilievre se rotula como um populista econômico, combinando políticas de livre mercado com críticas às grandes empresas canadenses. Ele busca atrair eleitores da classe trabalhadora com uma mensagem anti-elite e anúncios que reforçam a ideia de que “tudo parece quebrado no Canadá”. Suas propostas incluem cortar impostos, reduzir regulamentos sobre mudanças climáticas e impulsionar a indústria energética.
Apesar do crescimento nas pesquisas, 55% dos canadenses têm uma visão desfavorável de Poilievre, segundo a Angus Reid. No entanto, isso é melhor do que os 74% de desaprovação de Trudeau. Ainda assim, a liderança de Poilievre sobre Chrystia Freeland, ex-vice-primeira-ministra que pode assumir o comando do Partido Liberal, é mais apertada.
David Coletto, da Abacus Data, observa que Poilievre está disposto a ultrapassar limites e desafiar as ortodoxias de uma forma inédita na política canadense. A dúvida que persiste é se essa abordagem populista será suficiente para liderar o Canadá no pós-Trudeau.
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