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Putin tem vitória em referendo que o autoriza a ficar no poder até 2036

Referendo na Rússia decidiu que o presidente Vladimir Putin fique mais 12 anos no cargo após o fim do mandato. A oposição questiona os resultados

Vladimir Putin: se continuar até 2036, presidente russo pode bater recorde de Stalin (Mikhail Svetlov/Getty Images)

Vladimir Putin: se continuar até 2036, presidente russo pode bater recorde de Stalin (Mikhail Svetlov/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 1 de julho de 2020 às 11h38.

Última atualização em 2 de julho de 2020 às 08h04.

O referendo na Rússia sobre uma reforma constitucional no país terminou nesta quarta-feira, 1, com resultados favoráveis ao presidente Vladimir Putin. A reforma, entre outras mudanças, autoriza o presidente a permanecer no cargo até 2036.

Cerca de 73% dos eleitores votaram a favor da reforma. Os números seguem na linha de pesquisas anteriores de boca de urna, que apontavam em torno de 70% a favor.

O resultado foi anunciado pelas autoridades eleitorais russas cinco horas antes do fim do referendo, segundo a imprensa local, o que gerou críticas por parte da oposição ao governo Putin.

A mudança permite a Putin continuar no poder por mais 12 anos depois que seu atual mandato acabar, em 2024. Na prática, o presidente dirige a Rússia há 20 anos, alternando períodos como primeiro-ministro e como presidente desde 1999.

Se continuar vencendo as eleições até 2036 como as novas regras lhe autorizam, Putin poderá bater o recorde do ditador Josef Stalin, que comandou a antiga União Soviética por 29 anos.

Grupos de oposição também afirmam que suas próprias pesquisas de boca de urna tiveram resultados menores, com um empate em Moscou e derrota na cidade natal do presidente, São Petersburgo (onde as pesquisas da oposição mostram 57% contra a reforma).

O apoio a Putin, contudo, ainda é alto na Rússia. O Levada Centre, considerado o instituto de pesquisa mais independente do país, aponta que 59% da população confia em Putin.

Outra crítica ao referendo foi que, ao todo, foram feitas 206 emendas na Constituição, sendo o maior mandato de Putin apenas uma delas. Mas a votação só permitia uma resposta de sim ou não para todo o conjunto de alterações. Uma campanha publicitária por parte do governo destacou outras mudanças constitucionais no mesmo pacote de reformas que apelam à parte mais conservadora da sociedade russa, como proteção das aposentadorias e a proibição a casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Os russos também foram incentivados a votar com sorteios de prêmios oferecendo apartamentos. Segundo a agência Reuters, pagamentos de 10.000 rublos (141 dólares) foram feitos para eleitores com crianças.

Coronavírus na Rússia

A votação do referendo começou na semana passada e foi realizada por sete dias para tentar limitar a propagação do coronavírus. Mas Putin foi criticado por manter o referendo mesmo em meio à pandemia.

A Rússia é um dos países onde o número de contágios mais crescem e é hoje o terceiro país com mais casos, atrás de Brasil e Estados Unidos.

O país tem hoje mais de 653.000 casos. Em mortes, é o 12º país, com 9.521 vítimas fatais.

A extensão do mandato de Putin e outras mudanças constitucionais já haviam sido aprovadas pelo Parlamento russo em março, mas a decisão de manter o referendo popular é apontada por analistas como um desejo do governo de mostrar sua força entre a população e legitimar as mudanças.

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