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Professora da Malásia identifica irmã como uma das escravas

Uma professora aposentada na Malásia acredita que uma das "três escravas" de Londres é sua irmã, que desapareceu após chegar à capital britânica em 1968

Policiais montam guarda em casa em Londres: casal foi detido com relação ao caso de três mulheres que permaneceram em regime de escravidão doméstica (Luke MacGregor/Reuters)

Policiais montam guarda em casa em Londres: casal foi detido com relação ao caso de três mulheres que permaneceram em regime de escravidão doméstica (Luke MacGregor/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2013 às 07h58.

Londres - Uma professora aposentada na Malásia acredita que uma das "três escravas" de Londres é sua irmã Aishah Mautum, que desapareceu após chegar à capital britânica em 1968 e unir-se a um grupo maoísta, revela nesta terça-feira o jornal "The Daily Telegraph".

Kamar Mautum contou ao jornal desde sua casa em Kuala Lumpur que o desaparecimento de sua irmã levou à família uma grande angústia, pois não souberam nada sobre ela desde então.

Na semana passada, um casal foi detido com relação ao caso de três mulheres que permaneceram em regime de "escravidão doméstica" durante mais de 30 anos, mas poucas horas depois foram libertados até janeiro mediante pagamento de fiança.

Embora a polícia não tenha revelado a identidade das três mulheres, informou que se trata de uma malásia de 69 anos, uma irlandesa de 57 e uma britânica de 30, retidas em uma casa do sul de Londres.

Segundo Kamar Mautum, sua irmã estudou em bons colégios da Malásia e obteve uma bolsa de estudos da Comunidade Britânica de Nações para estudar em Londres.

Aishah, acrescentou, viajou ao Reino Unido em 1968 com seu namorado, Omar Munir, e sonhava em trabalhar e formar uma família, mas depois se envolveu em política e seguiu para um grupo maoísta.

Kamar Mautum contou também que o desejo de sua mãe antes de morrer era saber o que tinha acontecido com Aishah.


"Me senti angustiada sem ela durante tantos anos. Ela tinha tanto talento", acrescentou.

O pai, que era inspetor de escola e proprietário de terras, tinha ensinado aos filhos os valores muçulmanos, mas Aishah decidiu renunciar a tudo, algo que causou tristeza à família.

Segundo os meios de comunicação britânicos, os sequestradores são Aravindan Balakrishnan, de origem indiana, e sua mulher, Chanda, oriunda da Tanzânia, que estiveram vinculados a um centro maoísta do bairro de Brixton, no sul de Londres, nos anos 70.

Kamar disse que sua irmã e o namorado, Omar Munir, se sentiram atraídos pela organização Fórum de Estudantes da Malásia e Cingapura, que tinha reputação de ser um dos grupos maoístas mais radicais que operavam em Londres.

Assim foi como Aishah conheceu Blakrishnan e sentiu grande admiração por ele, o que a levou a romper a relação com Munir.

Segundo contou à família na Malásia, o Governo de seu país estava a par das atividades políticas de Aishah e a advertiu nos anos 70 que teria dificuldades para voltar a seu país.

Segundo a imprensa britânica, Aravindan Balakrishnan, que nos anos 70 era conhecido como o "camarada Bala" em círculos políticos de extrema esquerda, foi expulso em 1974 do Partido Comunista marxista-leninista da Inglaterra, no qual tinha chegado a ser membro do comitê central, por romper a disciplina da organização.

As três mulheres foram resgatadas em 25 de outubro depois que a irlandesa fez uma chamada de telefone, em 18 de outubro, à ONG "Freedom Charity" que, por sua vez, informou sobre a situação à polícia de Londres.

A polícia indicou que as três sofreram abusos emocionais e físicos e que trata de estabelecer quais foram as "algemas invisíveis" que as mantiveram fechadas tanto tempo.

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