Prefeitos franceses expressam repúdio a protestos "inaceitáveis"
Os distúrbios começaram na terça-feira, 27, à noite, após a morte de Nahel, um jovem de 17 anos atingido por um tiro à queima-roupa durante uma operação policial para controlar o trânsito
Agência de notícias
Publicado em 3 de julho de 2023 às 11h17.
Última atualização em 3 de julho de 2023 às 11h18.
Os prefeitos da França expressaram, nesta segunda-feira, 3, repúdio à atual onda de violência urbana em resposta ao ataque contra a residência de um deles, após quase uma semana de distúrbios noturnos que parecem estar em queda.
"Desde terça-feira, as noites são difíceis para os moradores (...) Os sucessivos atos de violência são inaceitáveis", declarou o prefeito de Nanterre (ao oeste de Paris), Patrick Jarry, que fez um novo apelo por calma.
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Os distúrbios começaram na terça-feira, 27, à noite, após a morte de Nahel, um jovem de 17 anos atingido por um tiro à queima-roupa durante uma operação policial para controlar o trânsito. Um vídeo registrou o momento em que o adolescente foi morto.
Até a manhã de domingo, a violência deixou 3.200 detidos, mais de 700 agentes das forças de segurança feridos, quase 5.000 veículos incendiados, 10.000 latas de lixo queimadas e quase 1.000 edifícios danificados, anunciou o ministério do Interior.
Apesar da queda do número de detidos para 157 na madrugada de segunda-feira, quando 45.000 policiais e gendarmes foram mobilizados em todo país, o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu a manutenção de uma "presença em larga escala" nas ruas.
A Associação de Prefeitos da França (AMF) convocou manifestações para o meio-dia diante das sedes dos governos municipais de todo o país para protestar contra os "graves distúrbios" que atacam "símbolos" como escolas, prefeituras, bibliotecas e delegacias.
Para muitos políticos, uma linha vermelha foi atravessada com o ataque à residência do prefeito de L'Haÿ-les-Roses (10 km ao sul de Paris), o direitista Vincent Jeanbrun. Um carro em chamas colidiu contra a casa.
Jeanbrun estava na sede da prefeitura no momento do ataque, mas sua esposa teve que fugir de casa com os dois filhos e fraturou a tíbia. A justiça investiga o caso como "tentativa de assassinato".
"Eles queriam queimar a casa e quando perceberam que havia alguém dentro, em vez de parar, lançaram uma sequência de fogos de artifício", declarou Jeanbrun à emissora de televisão TF1.
Macron, que cancelou uma visita de Estado à Alemanha no fim de semana, receberá ainda nesta segunda-feira os presidentes das duas Câmaras do Parlamento.
Na terça-feira, ele receberá 220 prefeitos de localidades que registraram distúrbios. A primeira-ministra, Élisabeth Borne, prometeu "grande firmeza" na aplicação de sanções.
Prefeitos pedem fim do "vandalismo"
Após cinco noites de violência urbana, a intensidade dos protestos parece estar em queda. As autoridades anunciaram o balanço da noite de domingo e madrugada de segunda-feira: três agentes das forças de segurança feridos, 352 focos de incêndio nas ruas e 297 veículos queimados. Além disso, uma delegacia de polícia e um quartel da gendarmaria foram atacados.
Um bombeiro de 24 anos morreu quando tentava controlar um incêndio de veículos em um estacionamento subterrâneo na região de Paris, mas até o momento não foi estabelecido nenhum vínculo com os distúrbios.
A violência na França, que sediará a Copa do Mundo de Rugby este ano e os Jogos Olímpicos em 2024, preocupa no exterior. Vários países aconselharam seus cidadãos a não viajar para as áreas afetadas pelos distúrbios.
A ministra dos Deportes, Amélie Oudéa-Castérea, anunciou o reforço da segurança das infraestruturas dos Jogos Olímpicos.
A violência e a raiva dos jovens dos bairros populares lembram os distúrbios que abalaram a França em 2005, após a morte de dois adolescentes perseguidos pela polícia.
Naquele ano, o balanço em três semanas de protestos foi de 10.000 veículos destruídos, mais de 200 edifícios públicos incendiados e 5.200 pessoas detidas.
A avó de Nahel fez um apelo para que as pessoas "parem de vandalizar". "Que não quebrem vitrines, que não destruam escolas, ônibus... são mães que usam o ônibus", afirmou Nadia ao canal BFMTV.