Agência de notícias
Publicado em 16 de janeiro de 2025 às 11h32.
Última atualização em 16 de janeiro de 2025 às 13h03.
O anúncio de que Israel e Hamas concordaram com termos para a libertação dos reféns mantidos em Gaza na quarta-feira foi amplamente comemorado no Estado judeu, que vislumbrou a possibilidade de um retorno dos 94 cativos mantidos em território palestino desde o atentado de 7 de outubro de 2023 — embora uma parte deles já esteja morta. Uma exceção partiu de um grupo de familiares de vítimas, que afirmam que os termos atuais põem em risco os seus parentes e a segurança nacional israelense.
Representantes do Fórum Tikva (Fórum Esperança, em tradução livre), organização fundada logo após o atentado terrorista para prestar auxílio às famílias das vítimas e pressionar pelo seu retorno, saíram contra a proposta. O grupo, que tem entre seus integrantes colonos judeus e defensores de uma linha-dura contra o Hamas, incluindo a recuperação dos reféns por meio da pressão militar, afirma que o acordo peca ao não garantir uma libertação geral dos cativos, ao mesmo tempo em que enfraquece Israel ao devolver posições estratégicas e prisioneiros aos palestinos.
"Este acordo sobre o qual o primeiro-ministro Netanyahu está falando hoje é muito perigoso para meu filho e para a maioria dos reféns, especialmente os jovens e os soldados que ficarão em Gaza por décadas", disse Tzvika Mor, co-fundador da organização e pai de Eitan Mor, refém em Gaza, em entrevista à CNN na quarta-feira.
Em um vídeo publicado no perfil da organização no Instagram, Mor convocou manifestações contra o acordo e vociferou contra o partido Sionismo Religioso, liderado pelo ministro da Economia de Israel, Bezalel Smotrich, que defende a continuidade da operação militar em Gaza e erradicação do Hamas, mas tem sido alvo de pressões de Netanyahu para concordar com o acordo de libertação dos reféns e manter seu apoio à coalizão governista.
Cessar-fogo em Gaza: veja como vai funcionar o acordo entre Israel e Hamas"Cheguei ao movimento Sionismo Religioso, mas eles não me deixam entrar. É uma vergonha. Estou aqui para lhes dizer para se retirarem do governo. Derrubar o governo", disse Mor. "Este negócio deixa o meu filho por muitos mais anos em Gaza. Não estou pronto para isto acontecer. Não estou pronto para vocês, como meus representantes públicos, votem neste acordo. A favor da libertação de terroristas".
Em uma série de publicações gráficas feitas no site oficial do grupo — que representa pouco mais de uma dezena de famílias de reféns e não é reconhecida como a principal entidade relacionada ao tema —, o fórum explica não ser um acordo "em princípio", mas classifica a proposta atual como "imprudente e irresponsável". Entre os pontos criticados, estão a perda de ativos estratégicos, como a desocupação militar dos corredores Filadélfia e Netzarim em Gaza, além da soltura de prisioneiros potencialmente perigosos.
"Sinwar foi libertado como parte do acordo [envolvendo o soldado Gilad] Shalit, e veja o que ele fez conosco", disse Boaz Miran, co-fundador do fórum e irmão de um cativo em Gaza, também em entrevista a CNN. — Não podemos concordar com uma situação em que os prisioneiros libertados assassinarão nosso povo no futuro.