Paz e economia: os desafios de Duque na Colômbia
Acordos com as Farc não garantiram a completa paz; já a economia do país cresceu apenas 1,8% no último ano
EXAME Hoje
Publicado em 7 de agosto de 2018 às 06h52.
Última atualização em 7 de agosto de 2018 às 07h26.
O presidente da Colômbia , Juan Manuel Santos, deixa seu cargo nesta terça-feira, num período marcado por crises internas de importância indiscutível e desavenças externas questionáveis.
O conservador Iván Duque, do partido Centro Democrático, será o novo presidente de Colômbia. Com 54% dos votos, o sucessor de Santos, após seus oito anos de mandato, é considerado uma guinada conservadora no governo colombiano, que se manteve na direção social-liberalista.
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Vencedor do prêmio Nobel da Paz, Santos assumiu a negociação do processo de paz com a ex-guerrilha Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) como a “missão” de seu mandato. Missão que custou caro a sua figura pública: Santos termina o mandato com apenas 14% de aprovação.
Além da baixa popularidade, os acordos com as Farc não garantiram a completa paz no país. Membros da antiga guerrilha e de grupos como o ELN continuam realizando sequestros e ataques contra militares e civis no país. As Farc e o governo da Colômbia estão negociando o processo de paz desde o ano passado, mas uma série de ataques de membros da guerrilha e trocas de ameaças tem dificultado as negociações, paralisadas desde janeiro deste ano. Dez ex-guerrilheiros devem assumir cargos legislativos a partir de hoje.
Além da segurança, Duque terá desafios na economia. No primeiro ano de mandato, em 2010, o governo Santos conseguiu registrar um crescimento de 4% em seu PIB. No último ano, a Colômbia cresceu apenas 1,8%. Santos conseguiu garantir um lugar como membro permanente da OCDE, o clube dos países mais ricos do mundo, mas o déficit orçamentário precisa cair de 3,1% para 2,4% do PIB em 2019.
O mais surrealista desafio de Duque é lidar com a vizinha Venezuela. No sábado, o presidente venezuelano Nicolás Maduro afirmou que o autor do suposto ataque contra ele teria sido o próprio governo colombiano, junto com os Estados Unidos. Em um comunicado emitido pelo governo venezuelano, Maduro afirmou que a Colômbia seria “responsável por qualquer nova agressão ou tentativa de ataque contra ele”, e que qualquer ação na fronteira seria considerada uma “provocação contra a Pátria de Bolívar”.
Juan Manuel Santos zombou das acusações, afirmando que estava “totalmente concentrado” no batismo de sua neta no sábado.
Duque precisa decidir se a melhor forma de lidar com os desafios é buscar apoio de seu padrinho político, o ex-presidente Álvaro Uribe, ou se terá uma atuação mais independente. Entre Santos e Uribe, Duque começa a movimentar suas peças no tabuleiro colombiano nesta terça-feira.