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Oposição pede mobilização na Venezuela e no 'mundo' após eleição contestada

Grupo contrário a Nicolás Maduro organiza novos protestos para o próximo sábado, 17

Venezuelanos em Monterrey (México) protestam contra o resultado anunciado das eleições presidenciais na Venezuela em 10 de agosto de 2024 (AFP)

Venezuelanos em Monterrey (México) protestam contra o resultado anunciado das eleições presidenciais na Venezuela em 10 de agosto de 2024 (AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 12 de agosto de 2024 às 08h39.

Última atualização em 12 de agosto de 2024 às 08h53.

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A oposição venezuelana convocou neste domingo, 11, novas mobilizações para o próximo sábado, 17 de agosto, para reivindicar sua vitória nas eleições, nas quais o mandatário chavista Nicolás Maduro foi proclamado vencedor para um terceiro mandato.

"Neste sábado, 17 de agosto, vamos tomar as ruas da Venezuela e do mundo. Onde houver um venezuelano, lá estaremos juntos [...] Gritemos juntos para que o mundo apoie nossa vitória e reconheça a verdade e a soberania popular", disse a líder opositora María Corina Machado em um vídeo divulgado nas redes sociais.

Sem acesso a emissoras de televisão e rádios locais, Corina Machado pediu que seu chamado fosse espalhado pelas redes sociais para um "grande protesto mundial pela verdade" e convocou a adesão dos venezuelanos dentro e fora do país.

A opositora aparece em um vídeo que mostra vários migrantes venezuelanos, parte de uma diáspora estimada em 7,7 milhões de pessoas, segundo a ONU, afetados por uma década de crise.

"Lembre-se, vencemos, venceu a Venezuela [...] nos vemos dia 17", acrescentou por sua vez Edmundo González Urrutia, o candidato que concorreu com Maduro nas eleições realizadas em 28 de julho.

Maduro foi proclamado presidente reeleito com 52% dos votos, contra 43% de González Urrutia, mas o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), de viés governista, não publicou a apuração detalhada alegando um ataque hacker contra o sistema de votação. Quatorze dias após a votação, os dados desagregados ainda não foram apresentados.

O resultado anunciado pelo CNE suscitou protestos com um saldo de 24 mortos, segundo organizações de direitos humanos, e mais de 2.200 detidos, segundo o próprio Maduro, que os tacha de "terroristas" e anunciou a preparação de presídios de segurança máxima para recebê-los.

No sábado, González Urrutia, que substituiu Corina Machado nas eleições por uma inabilitação imposta pela Controladoria, que também é apontada de servir aos interesses do governo, instou Maduro a parar com "a violência e as perseguições", em um apelo chancelado pela União Europeia (UE).

Investigados pela Justiça venezuelana, que a oposição acusa de estar a serviço do governo, e ameaçados de prisão por Maduro, tanto Corina Machado como González Urrutia reduziram suas aparições públicas. A dirigente liberal se declarou na clandestinidade desde 1º de agosto.

Nas mãos do tribunal

Maduro recorreu ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), acusado de servir ao chavismo, para "certificar" a eleição mediante um processo que acadêmicos e dirigentes políticos consideram improcedente.

O Supremo convocou Maduro e González Urrutia, que não compareceu por considerar que havia risco de ser preso e porque sua presença violaria a vontade expressada nas urnas. Também foram chamados oito candidatos minoritários.

Agora, caberá à corte "certificar" os resultados.

A sentença "terá caráter de coisa julgada por ser este órgão jurisdicional, a máxima instância em matéria eleitoral, por isso suas decisões são inapeláveis e de cumprimento obrigatório", disse no sábado a magistrada Caryslia Beatriz Rodríguez, titular do TSJ e da Sala Eleitoral do tribunal.

A oposição garante que González Urrutia venceu com 67% dos votos e apresenta como prova um site com cópias de mais de 80% das atas de urna digitalizadas, que o chavismo tacha de fraudulento. O site é alvo de uma investigação do Ministério Público.

Tanto a oposição quanto especialistas consideram que a tese de ataque hacker é uma estratégia do governo para evitar a publicação dos documentos eleitorais. Não obstante, Maduro insiste em que foi um "ciberataque brutal".

Estados Unidos, União Europeia e países da América Latina, entre eles alguns governados por presidentes de esquerda, como Colômbia, Brasil e México, têm insistido na publicação das atas.

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