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Colisão entre avião e helicóptero em Washington: o que se sabe sobre o acidente

Avião com 64 pessoas e helicóptero do Exército dos EUA colidiram no ar perto do Aeroporto Ronald Reagan; autoridades investigam causas do acidente

Publicado em 30 de janeiro de 2025 às 07h20.

Última atualização em 31 de janeiro de 2025 às 06h38.

Um avião comercial da American Airlines, operado por sua subsidiária regional American Eagle, colidiu no ar com um helicóptero militar Black Hawk na noite de quarta-feira, 29, próximo ao Aeroporto Nacional Ronald Reagan, em Washington, D.C, nos Estados Unidos.

O acidente, que ocorreu por volta das 22h48, no horário de Brasília, resultou na queda das duas aeronaves no rio Potomac. A bordo do voo 5342 da American Eagle estavam 60 passageiros e quatro tripulantes. No helicóptero, um Black Hawk do Exército dos EUA, havia três militares. Ninguém sobreviveu.

Após a colisão, todas as operações de pouso e decolagem no Aeroporto Ronald Reagan foram temporariamente suspensas, segundo a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês). Os destroços das aeronaves caíram no rio Potomac, dificultando os trabalhos das equipes de resgate devido às baixas temperaturas da água e à correnteza forte.

O secretário de Transportes dos Estados Unidos, Sean Duffy, anunciou nesta quinta que as autoridades localizaram os destroços do helicóptero militar Black Hawk e do avião comercial da American Eagle, envolvidos na colisão.

"Localizamos as duas aeronaves", declarou Duffy durante uma coletiva de imprensa no Aeroporto Nacional Ronald Reagan, que permanecerá fechado até pelo menos às 11h (horário local, 13h de Brasília).

O secretário informou que a fuselagem do avião da American Eagle foi encontrada em três locais diferentes, e que os esforços para recuperar os restos mortais das vítimas seguirão. Ao menos 40 corpos já foram recuperadas.

Caixas-pretas são encontradas

As caixas-pretas foram encontradas, enquanto aumentam as dúvidas sobre a equipe de controle de tráfego aéreo e outros incidentes no aeroporto onde a aeronave deveria pousar.

Normalmente, duas pessoas são responsáveis pelo controle do tráfego de helicópteros e aviões na região — considerada um dos espaços aéreos mais vigiados do mundo —, mas, segundo fontes citadas pela CBS News, apenas uma estava operando na quarta-feira, no momento do acidente.

O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, na sigla em inglês) informou que um relatório preliminar será divulgado em 30 dias.

Os gravadores de dados de voo e de voz da cabine, conhecidos como caixas-pretas, podem fornecer informações essenciais para entender o que ocorreu. De acordo com o NTSB, os dispositivos foram levados para um de seus laboratórios na noite de quinta-feira para análise.

O que se sabe sobre os passageiros

A Federação de Patinação Artística dos Estados Unidos confirmou que patinadores, treinadores e familiares estavam a bordo do voo.

Eles retornavam do Acampamento Nacional de Desenvolvimento, realizado em conjunto com o Campeonato de Patinação Artística dos EUA, em Wichita, Kansas.

"Estamos devastados por esta tragédia indescritível e guardamos as famílias das vítimas muito perto de nossos corações", declarou a organização em comunicado.

O que pode ter acontecido?

Chesley Sullenberger, herói do pouso no Rio Hudson em 2009, afirma que o acidente no Rio Potomac ocorreu em um momento de segurança excepcional na aviação, mas reforça a necessidade de vigilância.

O experiente aviador destacou que as condições noturnas, a proximidade com a água e as pistas curtas do Aeroporto Reagan podem ter dificultado a descida do voo 5342 da American Eagle, contribuindo para a colisão com o helicóptero militar. Segundo ele, a falta de luzes de solo sobre a água pode ter prejudicado a visibilidade dos pilotos.

Tempo frio não ajudou

A água, que tinha uma temperatura de cerca 2 °C, expôs as vítimas a um alto risco de choque térmico, perda de controle muscular e hipotermia, segundo autoridades americanas.

De acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), nessas condições extremas, o corpo humano pode entrar em choque térmico em menos de um minuto, perder os movimentos em 10 minutos e sofrer hipotermia grave em até 30 minutos.

Pentágono abre investigação sobre acidente

O Pentágono anunciou que iniciou uma investigação oficial para apurar as causas da colisão, sendo este o primeiro grande desafio do recém-nomeado secretário de Defesa, Pete Hegseth.

As principais linhas de investigação incluem:

  • Possível falha de comunicação entre os pilotos e o controle de tráfego aéreo, uma vez que o espaço aéreo sobre Washington, D.C., é rigidamente controlado.
  • Problemas técnicos nos sistemas de alerta e prevenção de colisões das aeronaves.
  • Fatores climáticos e a possível influência das condições meteorológicas na noite do acidente.

Segundo a Bloomberg, os investigadores esperam recuperar rapidamente as caixas-pretas das aeronaves para esclarecer o que levou à colisão.

A colisão aérea gerou preocupação sobre a segurança do espaço aéreo em Washington, D.C., uma das regiões mais vigiadas dos EUA. O incidente paralisou temporariamente as operações do Aeroporto Ronald Reagan, impactando centenas de voos domésticos e internacionais.

Além disso, o acidente reforçou debates sobre a segurança operacional de aeronaves militares e civis compartilhando o mesmo espaço aéreo.

Especialistas apontam que, embora colisões aéreas sejam raras, o crescimento da movimentação aérea e a presença constante de aeronaves militares em áreas urbanas podem exigir novas regulamentações para evitar tragédias semelhantes.

As operações de resgate e recuperação dos destroços continuam, enquanto autoridades federais e militares trabalham para entender o que levou à colisão. O governo dos EUA deve apresentar um relatório preliminar nas próximas semanas, com as primeiras conclusões sobre o acidente.

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