Sessão na quarta (6) irá selar a vitória do presidente eleito Joe Biden (ak_phuong/Getty Images)
Marília Almeida
Publicado em 3 de janeiro de 2021 às 15h18.
Última atualização em 3 de janeiro de 2021 às 18h10.
O novo Congresso dos Estados Unidos assume suas funções neste domingo (3), em meio a um ambiente de expectativa pela definição da maioria no Senado e pela promessa de uma sessão agitada na próxima quarta (6), quando será selada a vitória do presidente eleito Joe Biden.
O democrata Biden, de 78 anos, terá maioria na Câmara dos Representantes, cujos 435 membros tomam posse neste domingo, antes de designarem o presidente da Casa para os próximos dois anos. O posição quase certamente recaíra sobre Nancy Pelosi, de 80, apesar da relutância de algumas vozes mais progressistas da sigla.
No Senado, a história é outra, já que a definição está sujeita a duas eleições que ocorrerão nesta terça-feira (5) no estado da Geórgia (sul). Os democratas precisam conquistar as duas cadeiras - algo difícil - para recuperar o controle do Senado.
Prova do que está em jogo é que tanto o presidente Donald Trump quanto o presidente eleito Biden visitarão o estado na segunda-feira. Os vice-presidentes Mike Pence (atual) e Kamala Harris (futura) farão o mesmo.
Harris, que em 20 de janeiro será a primeira mulher e representante de uma minoria a chegar à vice-presidência do país, era esperada em Savannah neste domingo (3), para motivar o voto da população negra. A mobilização desse eleitoral é crucial.
"Temos apenas alguns dias para fazer todo o possível para voltar ao Senado", tuitou Biden no sábado (2), conclamando seus apoiadores a arregaçarem as mangas nesta reta final.
Nas últimas semanas, Trump também tuitou muito sobre a Geórgia. Menos para apoiar os candidatos de seu partido e mais para denunciar "fraudes" em massa que, segundo ele, roubaram sua vitória neste estado tradicionalmente republicano.
Segundo vários analistas, isso é algo que pode favorecer os democratas, já que, convencidos da existência de fraude, os eleitores republicanos podem se ver tentados a ficar em casa.
Dois meses após as eleições, Trump ainda se recusa a aceitar a derrota. Apesar do fracasso retumbante de sua "guerrilha" judicial e da falta de provas contundentes, ele conseguiu semear dúvidas na mente da maioria de seus apoiadores, que esperam ser ouvidos na quarta-feira (6), em Washington, D.C.
Essas manifestações, incluindo uma "marcha por Trump", coincidirão com uma sessão do Congresso destinada a registrar formalmente o triunfo de Biden, confirmado com 306 grandes eleitores contra 232.
Essa ação do Congresso é uma obrigação constitucional e, em geral, trata-se de uma mera formalidade. Este ano, no entanto, promete ser explosiva.
Embora alguns pesos pesados republicanos, como o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, tenham reconhecido a vitória de Biden, o presidente Trump ainda conta com o apoio inabalável de dezenas de legisladores em ambas as casas. Eles prometem ecoar, no Capitólio, as acusações de fraude eleitoral.
Sua intervenção não tem chance de inviabilizar a sessão - não têm votos suficientes -, mas podem atrapalhar, ou retardar o procedimento.
Em última análise, sua atitude pode complicar a missão prioritária de Biden de "reconciliar" os Estados Unidos para além das disputas partidárias.
Sua relevância dependerá, em grande parte, do que acontecer na Geórgia. No papel, os senadores republicanos David Perdue, de 71, e Kelly Loeffler, 50, são os favoritos para manter suas cadeiras. O primeiro venceu no primeiro turno, e a segunda deve se beneficiar dos votos de outro conservador.
Mas seus oponentes democratas, Jon Ossoff, um produtor audiovisual de 33 anos, e Raphael Warnock, um pastor negro de 51 anos, apostam no impulso criado com a vitória de Biden em novembro.
"Vamos fazer história", disse Ossoff a algumas dezenas de simpatizantes no sábado, na pequena cidade de Eatonton, em meio a uma zona rural onde cartazes pró-Trump continuam sendo uma legião