Mogherini diz que EUA têm mais força quando trabalha com aliados
A chefe da diplomacia europeia indicou que uma política baseada em "EUA primeiro", como defende Trump, poderia ser se isso for confundido com "EUA sozinho"
EFE
Publicado em 22 de março de 2017 às 15h57.
Washington - A alta representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Federica Mogherini, ressaltou nesta quarta-feira em Washington que seria um "erro" interpretar "EUA primeiro" como "EUA sozinho", já que os interesses do país norte-americano têm mais forças quando trabalha com seus aliados.
Mogherini indicou que uma política baseada em "EUA primeiro", como defendeu o presidente americano Donald Trump, não é um problema, mas poderia ser se isso for confundido com "EUA sozinho".
"Acredito que isto seria um erro, em primeiro lugar, para os interesses dos EUA. E sei que muitos americanos pensam o mesmo, incluído dentro do próprio governo. Discuti esse assunto com meus interlocutores muitas vezes", afirmou Mogherini em entrevista à emissora "Fox" dentro de sua visita aos EUA.
A alta representante europeia aproveitou sua visita a Washington para manter encontros no Congresso com o senador democrata Tim Kaine, e o representante democrata Eliot L. Engel; e na Casa Branca, com H.R McMaster, assessor presidencial de segurança nacional, e com o vice-presidente Mike Pence.
"Minha relação de trabalho com o secretário de Estado, Rex Tillerson, com o secretário de Defesa, James Mattis, com o vice-presidente Pence, e com os legisladores no Capitólio foi boa", insistiu.
Precisamente, na terça-feira a Casa Branca confirmou que Trump realizará sua primeira viagem internacional a Bruxelas para participar da cúpula de chefes de Estado e do governo da Otan em 25 de maio, em um momento de tensões com a organização pelas críticas do líder americano a seus membros pela baixa despesa militar.
Mogherini não quis avaliar os recentes decretos de Trump correspondentes à proibição de viagem para cidadãos de seis países de maioria muçulmana, atualmente bloqueados pela Justiça americana, mas reconheceu que "há decisões políticas nos EUA e na Europa que podem dar argumentos a um discurso radical".
"Por isso é tão importante basear nossas políticas nos direitos humanos dos indivíduos, sem caracterizá-los por sua religião, etnia ou nacionalidade", acrescentou.
A chefe da diplomacia europeia participa hoje de um encontro de 68 países que fazem parte da coalizão liderada pelos EUA contra o Estado Islâmico (EI), e no qual, segundo o Departamento de Estado, espera que surjam "novas ideias" para combater o grupo jihadista.
Por fim, Mogherini falou da saída do Reino Unido da UE, conhecida como "Brexit", cujas negociações começarão em 29 de março, e que Trump aplaudiu e assinalou que terá efeitos positivos para os britânicos.
"Tenho a impressão de que o processo será mais difícil para o Reino Unido do que para o resto da UE", disse Mogherini ao remarcar que os outro spaíses-membros estão "investindo mais" na UE com as conversas atuais para ampliar a integração ao bloco europeu "de países dos Bálcãs".