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Maduro convoca venezuelanos a abandonarem Instagram e WhatsApp

Presidente venezuelano alega que aplicativo de mensagens está sendo usado para disseminar violência e incita migração para alternativas como Telegram e WeChat

Maduro afirmou que as forças policiais prenderam mais de 2 mil pessoas desde a divulgação da sua vitória na eleição presidencial. (AFP)
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 6 de agosto de 2024 às 06h49.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez um apelo para que seus seguidores desinstalem o WhatsApp de seus celulares, afirmando que o aplicativo de mensagens, de propriedade da Meta, está sendo utilizado por "fascistas" para espalhar violência. Em um discurso durante uma manifestação convocada pela ala jovem do partido governista, Maduro defendeu uma "retirada voluntária, progressiva e radical" do WhatsApp e Instagram, declarando sua preferência por alternativas como o Telegram e o WeChat, um aplicativo de mensagens chinês. As informações são da Bloomberg.

Maduro afirmou que o WhatsApp está sendo usado para ameaçar militares, policiais, líderes comunitários e todos que não se declaram favoráveis ao que ele chama de fascismo. No domingo, ele também mencionou que o TikTok e o Instagram estavam sendo utilizados para promover o que chamou de "ódio", prometendo regulamentar o uso dessas plataformas.

Essa ofensiva contra as redes sociais acontece em meio a uma onda de repressão conduzida pelo regime de Maduro contra qualquer resistência à sua autoproclamada vitória nas eleições presidenciais. O presidente venezuelano tem repetidamente se referido à líder da oposição María Corina Machado e ao seu candidato substituto, Edmundo González, como "fascistas".

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Maduro solicitou ao Supremo Tribunal da Venezuela que revisasse os resultados das eleições. Na segunda-feira, 5, o chefe da autoridade eleitoral, Elvis Amoroso, entregou a documentação eleitoral, conforme transmitido pela televisão estatal. Nenhuma menção foi feita sobre se os documentos incluíam as contagens detalhadas dos votos, como as divulgadas pela oposição. Ainda na segunda-feira, o Procurador-Geral Tarek William Saab anunciou a abertura de uma investigação contra María Corina Machado e Edmundo González, depois que ambos publicaram uma declaração pedindo que militares e policiais se posicionassem ao lado do povo.

A solicitação de Maduro para que os venezuelanos abandonem o WhatsApp representa uma mudança rápida de postura, já que ele havia utilizado as redes sociais para suavizar sua imagem antes das eleições de 28 de julho. A última mensagem compartilhada por Maduro no WhatsApp foi em 30 de julho, quando declarou que "o povo saiu às ruas contra a violência e o fascismo. Deus está conosco. A paz vencerá".

Maduro afirmou que as forças de segurança já prenderam mais de 2 mil pessoas até o momento, como parte da repressão aos protestos.

Contexto

A eleição na Venezuela, realizada em 28 de julho de 2024, tem sido alvo de intensas controvérsias e acusações de fraude. Nicolás Maduro, que está no poder desde 2013, foi declarado vencedor com 51% dos votos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o que provocou uma reação imediata da oposição e de vários países ao redor do mundo. A oposição, liderada por Edmundo González, afirma que uma contagem independente mostra que ele obteve 67% dos votos, o que contradiz os resultados oficiais.

A comunidade internacional, incluindo países da América Latina e da Europa, tem pressionado o governo venezuelano para que publique os registros eleitorais completos, a fim de garantir a transparência e a legitimidade do processo eleitoral. O atraso na divulgação dos registros e a falta de clareza sobre os resultados aumentaram as tensões dentro do país, levando a um aumento das manifestações e protestos em várias cidades venezuelanas.

A situação na Venezuela está sendo monitorada de perto por organizações internacionais e governos ao redor do mundo, que têm expressado preocupações sobre a integridade do processo eleitoral e a possível repressão contra a oposição e os manifestantes. As próximas semanas serão cruciais para o futuro político do país, com a possibilidade de sanções internacionais e mais pressões diplomáticas caso não haja avanços na resolução das controvérsias eleitorais.

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