Macron: presidente francês comentou renúncia da premiê britânica Liz Truss (AFP/AFP)
Carolina Riveira
Publicado em 20 de outubro de 2022 às 11h07.
O presidente francês, Emmanuel Macron, se pronunciou nesta quinta-feira, 20, sobre a renúncia da primeira-ministra britânica, Liz Truss. Truss renunciou nesta manhã diante de pressões crescentes para sua saída, menos de dois meses depois de assumir o cargo.
Macron afirmou que "sempre fico triste em ver um colega partir", mas completou que o Reino Unido precisa de "estabilidade política", para o bem da situação europeia.
“No contexto da guerra e da crise energética, é importante que o Reino Unido encontre estabilidade política o mais rápido possível”, disse Macron ao chegar a Bruxelas para uma cúpula da União Europeia.
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“Tive a oportunidade de encontrar Liz Truss algumas vezes, ainda nesta semana; tínhamos uma relação de trabalho que estava se formando”, disse Macron, que foi reeleito como presidente da França em abril deste ano. Com o fim do mandato da chanceler alemã, Angela Merkel, Macron, que é presidente desde 2017, se tornou um dos líderes mais antigos da UE e tem sido porta-voz de temas regionais.
O Reino Unido não pertence mais à União Europeia, bloco econômico que reúne parte das maiores economias da região, incluindo a França. O país votou em referendo em 2016 para deixar o bloco, em saída que se concretizou efetivamente em 2021.
A saída de Truss vem após rejeição a um pacote econômico de amplo corte de impostos, que tinha fonte incerta de recursos. Embora tenha sido revertido logo após o anúncio, o plano foi mal recebido nos mercados e entre os membros do próprio partido de Truss.
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O Reino Unido terá agora seu terceiro primeiro ministro em menos de três meses. Truss havia assumido após a renúncia do antigo premiê, Boris Johnson, também do Partido Conservador (a legenda, por ter ganhado a maioria no Parlamento nas eleições de 2019, tem o direito de escolher o primeiro-ministro internamente até 2025). O Partido Conservador prometeu que indicará um novo líder até o dia 28 de outubro.
Os imbróglios referentes ao Brexit, como a fronteira entre as Irlandas (a Irlanda do Norte é parte do Reino Unido, enquanto a Irlanda é independente e membro da União Europeia), também seguem sendo fonte de embates entre Londres e a União Europeia.
Nomes como Truss e o ex-premiê Boris Johnson, vistos como da ala "linha dura" do Partido Conservador, foram defensores da saída, mas o partido tem tido dificuldade em explorar eventuais benefícios econômicos de estar fora da UE, como acordos bilaterais específicos.
Assim como no restante da Europa, o Reino Unido enfrenta hoje cenário de inflação alta e incertezas com a alta nos preços de energia diante da guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro. A instabilidade aumenta com a proximidade do inverno europeu, quando o consumo de energia para aquecimento se intensifica.
O governo russo do presidente Vladimir Putin tem cortado o suprimento de gás à Europa em retaliação a sanções europeias contra o país, fazendo subir os preços. A inflação no Reino Unido é a pior em 40 anos, superando 10%, situação que será um dos principais desafios do futuro premiê.