Trump disse pretender conversar novamente com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, após o encontro com Zelensky. (Russian Presidential Press Office/AFP)
Redação Exame
Publicado em 29 de dezembro de 2025 às 07h27.
O Kremlin afirmou nesta segunda-feira, 29, que concordava que as negociações para pôr fim à guerra na Ucrânia estavam em sua fase final. Questionado por jornalistas se Moscou concordava com a avaliação do presidente americano Donald Trump, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse: “Claro que sim”.
No domingo, após se reunir com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, Trump afirmou que um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia está "95% concluído", apesar de ainda existirem pontos sensíveis em negociação e nenhum entendimento tenha sido oficialmente fechado. Segundo o republicano, as partes podem chegar a um acordo em "algumas semanas", apesar da existência de "uma ou duas questões espinhosas".
Trump também afirmou que a reunião na Flórida, que durou quase três horas, também incluiu conversas com líderes europeus. "Acho que estamos nos aproximando", afirmou, sem detalhar os termos ainda em discussão, entre eles o futuro status da região de Donbas, no leste do país, além de outros temas relacionados à segurança nacional.
Já Zelensky agradeceu Trump e classificou o encontro como positivo. "A reunião foi ótima", disse aos jornalistas. O presidente ucraniano confirmou que houve "grandes avanços" nas negociações, com o plano cerca de "90% concluído". "Nossa grande meta é conseguir a paz", acrescentou.
Os líderes também destacaram que as discussões vão continuar acontecendo ao longo das proximas semanas. Trump afirmou que pretende realizar uma nova reunião com Zelensky e líderes europeus em janeiro para dar sequência às tratativas e que um grupo de trabalho atuará para finalizar o acordo.
Ao lado de Trump, Zelensky disse esperar que, com esse grupo de trabalho, "tenhamos decisões em janeiro" sobre seis documentos de trabalho que devem resolver as diferenças sobre o cessar-fogo, as garantias de segurança para Kiev por parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da Europa e o futuro das regiões orientais ucranianas ocupadas pela Rússia no Donbass.
O encontro ocorreu no resort de Mar-a-Lago, propriedade de Trump na Flórida, e foi articulado após contatos telefônicos entre o presidente ucraniano, o enviado especial dos Estados Unidos ao Oriente Médio, Steve Witkoff, e Jared Kushner, genro do presidente americano.
No domingo, o presidente dos EUA disse pretender conversar novamente com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, após o encontro com Zelensky.
Mais cedo, os dois líderes mantiveram uma ligação telefônica de pouco mais de uma hora, classificada pelo americano como "muito produtiva". Segundo o Kremlin, uma nova conversa entre Trump e Putin está prevista após a reunião com o presidente ucraniano.
Segundo informações da agência Efe, na ligação de mais de uma hora neste domingo com Trump, Putin "aceitou a proposta americana de resolver a situação na Ucrânia através do estabelecimento de grupos de trabalho. Um deles será responsável pela dimensão da segurança e outro por questões econômicas", informou Moscou.
Zelensky viajou aos EUA em busca de garantias americanas para sustentar uma nova proposta de paz que visa encerrar o conflito de quase quatro anos com a Rússia.
O plano de 20 pontos, elaborado após semanas de negociações entre Washington e Kiev, ainda não foi aceito pela Rússia, que intensificou os ataques em larga escala de mísseis e drones contra a capital ucraniana neste domingo.
O plano de paz traz 20 pontos, entre eles, a reafirmação da soberania da Ucrânia, um acordo pleno de não agressão com a Rússia e um cessar-fogo imediato, sob monitoramento internacional. O plano inclui a manutenção das Forças Armadas ucranianas, o compromisso de Kiev como Estado não nuclear e a formalização, por Moscou, de uma política de não agressão.
Também contempla a adesão da Ucrânia à União Europeia, acordos econômicos com EUA e Europa, um amplo pacote de reconstrução de até US$ 800 bilhões, além de medidas humanitárias como troca total de prisioneiros e devolução de civis.
(*) Com informações da agência Efe e AFP