Junta militar do Sudão diz que não trairá o povo e passará o poder
Militares dizem que só procuram manter a segurança do país nesta etapa de transição que durará, a princípio, dois anos
EFE
Publicado em 12 de abril de 2019 às 09h21.
Cartum — A junta militar do Sudão , encarregada de comandar o país após a destituição do presidente, Omar al Bashir, assegurou que está do lado do povo e não o trairá, e só procura manter a segurança do país nesta etapa de transição que durará, a princípio, dois anos.
O chefe do comitê político do Conselho Militar Transitório anunciado ontem pelo Exército sudanês, Omar Zein Alabidin, assegurou hoje em entrevista coletiva que o Exército não fez um "golpe de Estado" e que "não tem soluções" para a atual crise, mas sua única missão é manter a segurança do país.
"Não viemos com soluções para os problemas políticos e econômicos", declarou o general, que falou pela primeira vez com a imprensa em Cartum, vestido com seu uniforme.
"Os manifestantes têm que nos dar as soluções e o horizonte político, econômico e social", pediu se dirigindo aos que estão desde sábado passado acampados na entrada do quartel-general do Exército na capital.
Além disso, Alabidin assegurou que a junta militar não tem ideologia nem afiliação e seu objetivo é que "o Sudão encontre a oportunidade para organizar e tramitar a autoridade, e um sistema de governo baseado na transferência pacífica do poder", depois da manifestação de Bashir, após 30 anos de mandato.
"Juro que não trairemos vocês, estamos aqui para vocês, mas é preciso limitar o caos", advertiu Alabidin.
Além disso, o chefe do comitê do Conselho Militar assegurou que "o Governo será completamente civil", mas pediu às forças políticas que entrem em acordo sobre esse governo, que será formado supostamente depois de dois anos.
Prometeu que os militares não ficarão no poder mais do que dois anos, "nem um dia mais", prazo dado ontem pelo ministro de Defesa, Awad bin Auf.
Alabidin, disse que não vão entregar Bashir à Corte Penal Internacional ou nenhum organismo internacional durante o período transitório, e que este pode ser julgado no Sudão "se forem provadas as acusações contra ele".
O agora ex-presidente é procurado pelo tribunal de Haia, que emitiu uma ordem de detenção contra ele em 2009 por crimes contra a humanidade e de guerra cometidos na região de Darfur.