De acordo com o rabino Michel Schlesinger, a confusão teológica se explica pelos muitos pontos de convergência entre o Judaísmo e as religiões cristãs (Samuel Corum / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 26 de fevereiro de 2024 às 18h00.
A identidade nacional e religiosa do Estado de Israel é motivo de constante curiosidade e dúvida ao redor do mundo. Em meio ao conflito com o Hamas na Faixa de Gaza, o público brasileiro passou a pesquisar mais sobre temas relacionados ao país do Oriente Médio: buscadores on-line mostram um aumento do interesse na região, sobretudo no que diz respeito à religião oficial do país, a fé predominante entre os seus habitantes e possíveis relações entre o Judaísmo e Cristianismo.
Do ponto de vista político, Israel se autodetermina como o único Estado Judeu do mundo. De acordo com a professora de Relações Internacionais Karina Calandrin, assessora do Instituto Brasil-Israel (IBI), a definição tem implicações tanto étnicas quanto religiosas.
"Israel se destina a ser um lar nacional para os judeus. A Lei do Retorno, por exemplo, permite a qualquer pessoa com ascendência judaica (que tenha um dos avós judeu pela lei judaica), e até mesmo a convertidos ao judaísmo, imigrar para Israel e obter a cidadania", explica a professora.
Embora a religião oficial do Estado seja o judaísmo — o que impacta diretamente na vida civil do país, como a determinação dos feriados nacionais, por exemplo —, certas características afastam Israel da definição de teocracia. De acordo com dados do Departamento de Estado americano, no recorte por religião, a população israelense é 73,5% judia, 18,1% muçulmana, 1,9% cristã e 1,6% drusa. Os 5% restantes estão subdivididos em outras religiões minoritárias, como adventistas e testemunhas de Jeová, por exemplo. A maioria dos cristãos no país são de etnia árabe.
"Israel tem características totalmente laicas. O país é uma democracia, algo que não aconteceria em um Estado Teocrático. Grupos étnicos e religiosos também têm liberdade para exercer suas crenças. Por exemplo, não há casamento civil em Israel, mas podem ser celebrados casamentos judaicos, cristãos e muçulmanos no país. Na educação, há um sistema religioso judaico, um sistema laico judaico e um currículo árabe. Cada grupo tem sua própria autonomia respeitada para conduzir seus costumes. É difícil enquadrar em uma categoria", explicou o professor de relações internacionais Samuel Feldberg, diretor do conselho acadêmico da StandWithUs Brasil.
Outro assunto sensível que ficou em alta nas pesquisas nos últimos dias diz respeito à relação entre as religiões Judaica e às denominações cristãs. Perguntas como "Judaísmo é Cristão?" e "Relação entre Judaísmo e Cristianismo?" ficaram entre os termos mais buscados.