Mundo

Human Rights Watch acusa Gbagbo de impor reino do terror

Segundo o relatório da ONG, governo praticou execuções extrajudiciais, desaparecimentos, torturas e violações

O presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo: ONG quer proteção aos civis no país (Getty Images)

O presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo: ONG quer proteção aos civis no país (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 08h39.

Joanesburgo - A organização humanitária Human Rights Watch (HRW) acusou nesta quarta-feira as forças de segurança e as milícias que apóiam Laurent Gbagbo de "impor reino do terror aos oponentes reais e imaginários em Abidjan".

Conforme relatório da HRW publicado nesta quarta em seu site, "as forças de segurança e as milícias que apóiam a Gbagbo realizaram, desde o fim de novembro, execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados, torturas e violações".

Ao menos 13 mortes violentas pelos seguidores de Gbagbo estão documentadas no relatório, algumas delas executadas com a colaboração de policiais ou nas imediações de delegacias.

Membros dos Jovens Patriotas e da Federação de Estudantes da Costa do Marfim (FESCI), grupos violentos partidários de Gbagbo e já acusados de inúmeras violações aos direitos humanos, fazem parte das milícias indicadas por HRW.

Esta campanha de violência, segundo o grupo humanitário, é dirigida aos "membros de partidos políticos opositores, grupos étnicos do norte da Costa do Marfim e imigrantes de países vizinhos de África Ocidental".

Por estes motivos, Daniel Bekele, diretor da HRW na África, assinala no informe que "a comunidade internacional deve fazer todo o possível para proteger aos civis e aumentar a pressão sobre Gbagbo e seus aliados para acabar com esta campanha de violência".

Para realizar o relatório, HRW entrevistou mais de cem vítimas e testemunhas, que explicaram que muitas pessoas foram assassinadas a tapas, inúmeras mulheres estupradas e outras vítimas sequestradas em suas casas, mesquitas e restaurantes, das que algumas estão desaparecidas enquanto outras apareceram mortas.


Os abusos iniciaram pouco antes da realização do segundo turno das eleições presidenciais em Costa do Marfim, em 28 de novembro, nas quais a comunidade internacional reconhece como vencedor Alassane Ouattara, enquanto Gbagbo, no poder desde 2000 e apoiado pelas Forças Armadas, pretende seguir na Presidência, diz HRW.

Os atos mais graves de violência, acrescenta o relatório, ocorreram nos bairros populares de Abidjan, onde Ouattara tem maior respaldo e onde há maior número de imigrantes.

Mais agressões ocorreram nos dias da divulgação dos resultados eleitorais, em 2 de dezembro, e 16 de dezembro, quando os seguidores de Ouattara se manifestaram para reivindicar que recebesse o poder.

A violência aumentou nos dias 11 e 12 de janeiro no bairro de Abobo, onde sete policiais morreram nos confrontos.

Os seguidores de Ouattara, segundo testemunhas entrevistados por HRW, queimaram vivo um policial à paisana, depois que o agente matasse a tiros duas pessoas e ferisse outras.

À parte destes fatos concretos, o relatório indica que "não parece que as vítimas tenham feito uso da violência contra as forças de segurança".

HRW garante que não recebeu "nenhuma informação de assassinatos ou abusos sistemáticos dos seguidores de Ouattara contra os de Gbagbo".

Por tudo isto, a organização humanitária reivindica uma "ação internacional imediata para proteger aos civis e assegurar que os autores dos abusos documentados são apresentados à justiça".

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaGovernoONGs

Mais de Mundo

Corte Constitucional de Moçambique confirma vitória do partido governista nas eleições

Terremoto de magnitude 6,1 sacode leste de Cuba

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA