Depois de uma histórica visita a Cuba, o presidente francês, François Hollande, chegou nesta terça-feira ao Haiti e foi recebido pelo presidente Michel Martelly no aeroporto.

Esse pequeno país caribenho exige da França o reembolso da dívida contraída há dois séculos para obter sua independência.

"Nenhuma negociação, nenhuma compensação pode reparar as feridas da História que ainda nos marcam hoje", disse Martelly a Hollande em um discurso na capital, Porto Príncipe.

"O Haiti não esqueceu, mas o Haiti não é teimoso", amenizou o presidente, na tentativa de pôr fim a um intenso debate no país sobre se é possível reconstruir as relações com sua antiga potência colonial sem as indenizações exigidas.

No século XIX, o Haiti, a primeira república negra da História, teve de pagar indenizações aos ex-colonos franceses para compensar sua perda de receita e obter seu reconhecimento em nível diplomático. Atualmente, essa quantia estaria estimada em 17 bilhões de euros.

Hollande prometeu a Martelly que a França financiará um amplo programa para modernizar o sistema educacional do Haiti, mas não se referiu ao tema da dívida.

"Vocês não estão pedindo ajuda, querem desenvolvimento. Não estão pedindo empréstimos sociais, mas investimentos", disse Hollande.

Durante os discursos, policiais tentavam conter dezenas de manifestantes. "Hollande, dinheiro, sim, moralismo, não", diziam alguns cartazes.

Hollande e Martelly visitaram juntos o Museu do Panteão Nacional do Haiti.

Com o objetivo de reforçar as trocas comerciais entre ambos os países, Hollande e Martelly devem assinar vários acordos econômicos. Um deles permitirá a Porto Príncipe exportar bananas orgânicas para o mercado europeu.

Primeiro presidente francês a realizar uma visita oficial a essa ex-colônia francesa desde sua independência em 1804, Hollande termina neste país uma viagem de cinco dias pelo Caribe. O roteiro incluiu ainda São Bartolomeu, San Martín, Martinica e Guadalupe.