A Aerolíneas Argentinas confirmou, em nota, que não realizará voos nesta quinta-feira no país (Divulgação)
Repórter
Publicado em 8 de maio de 2024 às 17h44.
Última atualização em 8 de maio de 2024 às 18h32.
A principal central sindical da Argentina, a Confederação Geral do Trabalho (CGT), vai realizar mais uma greve geral nesta quinta-feira, 9, contra as políticas reformistas do governo de Javier Milei. Segundo a CGT, a paralisação nacional vai afetar os serviços de educação, saúde, comércio e da rede bancária, além do tráfego aéreo.
A greve vai afetar o funcionamento dos aeroportos, com suspensão de voos nacionais e internacionais. Isso porque a Associação dos Pilotos de Linha Aérea (APLA) manifestou adesão à greve. A estimativa é que pelo menos 700 voos serão cancelados, o que deve afetar 90 mil passageiros.
A Aerolíneas Argentinas confirmou, em nota, que não realizará voos nesta quinta-feira no país. A empresa cancelará 191 voos, o que afetará 24 mil passageiros e gerará custo para a companhia de US$ 2 milhões.
Procurada pela EXAME, a Gol informou que cancelou seus voos de ou para os aeroportos da Argentina nesta quinta-feira. "A ação se deve à greve geral anunciada para o país nesta data, que afetará toda a operação aeroportuária nas cidades em que a companhia opera (Buenos Aires, Córdoba, Mendoza e Rosário), impossibilitando a realização dos voos", disse em comunicado. Os clientes afetados terão os voos remarcados ou poderão solicitar o reembolso integral.
A Latam, que também realiza voos para a Argentina, disse que a sua operação de e para o país do dia 9 também foi cancelada e que, entre as opções possíveis para os clientes, estão a troca da data da passagem sem custos para um dia antes ou sete dias depois e o reembolso integral do valor do bilhete.
A Flybondi orientou os passageiros a acompanhar o status de seus voos para esta quinta-feira pelo site da empresa, e que se o voo foi cancelado ou terá atraso de mais de 4 horas, há a possibilidade de alteração gratuita.
De acordo com o jornal Clarín, nesta quinta-feira também não haverá serviços de metrô, trem ou ônibus a partir da meia-noite. A previsão é que a greve dure 24 horas.
Nesta semana, em comemoração ao Dia do Trabalho, a central sindical se posicionou contra o governo de Milei. Segundo comunicado da CGT, "em nome de uma liberdade de mercado mal compreendida, o governo implementa um ajuste brutal que afeta especialmente as clásses médias assalariadas, pelos aposentados e pensionistas". O texto citou ainda as "negociações conjuntas intervencionistas do ministro da Economia, que impedem o reajuste de salários, causam recessão e aumentos que geram queda nos níveis de atividade econômica e nos índices de consumo bpasico".
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No dia 1º de maio, milhares de argentinos foram às ruas, passando pela Avenida Independência até o Paseo Colón e chegando ao Monumento Canto al Trabajo, que fica em frente à Faculdade de Engenharia da Universidade de Buenos Aires (UBA). No evento, a greve do dia 9, que já estava marcada há meses, foi confirmada pelos líderes sindicais.
Os protestos desta quinta são realizados poucos dias após a Câmara dos Deputados aprovar o pacote de reformas de Milei. A proposta muda várias regras da economia argentina, inclui reformas trabalhistas e fiscais, e propõe a privatização de empresas estatais. Agora, o texto segue para votação no Senado argentino, onde senadores de esquerda prometem atuar pela rejeição das medidas.
Mais enxuta, a Lei de Bases veio para substituir a Lei 'Ómnibus' já que, para conseguir a aprovação, Milei fez algumas concessões. Agora, o Executivo passa a ter o poder de privatizar boa parte das empresas estatais, de tomar decisões de cunho administrativo, econômico, financeiro e de política energética sem passar pelo Congresso e também passa a ter o poder de reestruturar os órgãos governamentais.
Além disso, o projeto propõe a criação de um período de experiência de seis meses para pessoas recém-contratadas e o fim das multas para empresários que contratam empregados sem registro. Isso significa que, apesar do enxugamento, o novo texto incorpora a reforma trabalhista. Desta vez, no entanto, ela é bem menor, com apenas 17 artigos, ante 60 na antiga proposta.