Redatora
Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 20h33.
O governo dos Estados Unidos planeja iniciar, em 2026, a penhora de salários para cobrar dívidas estudantis de mutuários inadimplentes. A medida será conduzida pelo Departamento de Educação do país e afetará trabalhadores que não realizam pagamentos do empréstimo há mais de um ano, de acordo com informações da Bloomberg.
Os primeiros avisos de penhora salarial serão enviados na semana de 7 de janeiro de 2026 a cerca de 1 mil mutuários. A expectativa é que esse número aumente gradualmente nos meses seguintes, à medida que a cobrança seja ampliada para outros devedores em situação semelhante.
Atualmente, a dívida estudantil nos Estados Unidos ultrapassa US$ 1,6 trilhão. Dados oficiais dos EUA indicam que cerca de 5 milhões de estudantes já estão inadimplentes. Uma análise do American Enterprise Institute aponta que outros 6 milhões podem entrar nessa condição ao longo do próximo ano, caso não haja mudanças significativas no cenário econômico ou nos programas de pagamento.
A retomada mais rigorosa das cobranças ocorre em paralelo a alterações previstas nas políticas federais de alívio da dívida estudantil. Propostas incluídas na legislação conhecida como “One Big Beautiful Bill”, defendida pelo presidente Donald Trump, preveem o fim de programas de pagamento baseados na renda para novos mutuários, o que pode ampliar o número de inadimplentes.
Em maio deste ano, o governo já havia retomado a cobrança de empréstimos estudantis em atraso, interrompida desde o início da pandemia. A medida impactou milhões de pessoas que ainda possuem dívidas educacionais, reacendendo preocupações sobre o peso desses compromissos no orçamento familiar.
Conforme noticiado pela Bloomberg, a penhora salarial tende a afetar de forma mais intensa grupos economicamente vulneráveis. Um relatório de 2024 do Pew Research Center mostra que famílias de menor renda têm quase três vezes mais chance de inadimplência em empréstimos estudantis do que aquelas com rendimentos mais altos. Entre beneficiários de programas de assistência pública, a probabilidade de atraso nos pagamentos é quase o dobro.
Além do impacto financeiro direto, a intensificação da cobrança ocorre em um momento de pressões sobre o custo de vida, com aumento de preços de alimentos e moradia e sinais de fragilidade no mercado de trabalho. O tema também ganha relevância política ao se aproximar o período das eleições legislativas de meio de mandato nos EUA.