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G20 sem soluções imediatas não significa fracasso, diz especialista

Professor da UnB diz que há outros temas além da guerra cambial e da inflação que requerem consenso; um deles é a Rodada Doha

Sarkozy em reunião do G20: França sugere polêmico controle do preço dos alimentos (Pascal Le Segretain/Getty Images)

Sarkozy em reunião do G20: França sugere polêmico controle do preço dos alimentos (Pascal Le Segretain/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 16h39.

São Paulo - A reunião do G20, que começou nesta sexta-feira (18), em Paris, não traz perspectivas das mais otimistas quanto à solução de problemas como a inflação generalizada e a guerra cambial. Entretanto, para o professor Antonio Ramalho, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), isto não significará que o encontro entre as 20 maiores economias do mundo terá sido em vão.

"Não ter havido redução abrupta da política cambial chinesa, por exemplo, não significa que o encontro foi um fracasso. Pelo contrário, esta situação não vai mudar tão cedo." Segundo Ramalho, existem grandes chances de que outros temas importantes sejam debatidos, e que se chegue a um consenso.

Um deles é o do relançamento da Rodada de Doha, uma série de encontros vinculados à Organização Mundial do Comércio com o objetivo de reduzir as barreiras comerciais no mundo. A primeira reunião foi realizada em 2001, em Doha, no Qatar. Nos anos seguintes, outros encontros foram promovidos, mas não se chegou a objetivos bem definidos. Desde 2009 as negociações praticamente estancaram.

Nesta reunião do G20, o assunto deve voltar à pauta, embora ainda haja um grande obstáculo para que Doha seja retomada e concluída. A Índia, que tem o segundo maior mercado consumidor do mundo, há pelo menos dois anos tem frustrado boa parte das negociações sobre o comércio de alimentos. O país mantém uma política protecionista para com sua indústria agrícola, barrando as exportações de países como os Estados Unidos e o Brasil.

"Os indianos alegam que haverá um problema sério de migração se houver uma liberalização agrícola. Eles falam na possibilidade de centenas de milhares de agricultores prejudicados pela flexibilização abandonarem o campo em direção a outras regiões", explica Ramalho.

A França é outro país envolvido em questões polêmicas sobre a exportação mundial de alimentos. O país defende a criação de controles de preços para evitar a oscilação desenfreada nos mercados internacionais. Brasil e Estados Unidos, grandes exportadores de commodities, são contrários à medida, sugerida pelo presidente Nicholas Sarkozy.

"Na visão de muitos, o que está acontecendo no Oriente Médio tem a ver com o acesso a alimentos, o medo de fome. Isto diverge da posição francesa, que tem um viés protecionista. A França perdeu a capacidade de manter a política agrícola europeia favorável aos seus interesses. Este é um problema que ainda está longe de ser resolvido", afirma o professor.

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