Presidente francês, François Hollande: política de assentamentos complica negociações, disse Hollande (Mohamad Torokman/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2013 às 09h15.
Ramala - O presidente da França, François Hollande, declarou nesta segunda-feira que seu país se opõe à política de assentamentos de Israel, reiterando que tal medida "complica as negociações" e, por consequência, reduz as possibilidades de uma possível solução pacífica ao conflito no Oriente Médio.
"A França se opõe aos assentamentos, que devem ser cessados porque complicam as negociações", disse Hollande em uma entrevista coletiva junto ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, com quem se reuniu em Ramala.
O chefe do Estado francês ressaltou que "o gesto de retirar os projetos de assentamentos deve ser oferecido para assegurar os avanços nas negociações". Anteriormente, a equipe negociadora palestina renunciou a seguir os contatos devido à falta de seriedade de Israel por causa da política de assentamentos.
Hollande, que realiza sua primeira visita oficial à Palestina e Israel, também se referiu ao processo de paz entre israelenses e palestinos, iniciado no final de julho, na noite de ontem e assegurou que os assentamentos judaicos supõem um obstáculo nesse caminho.
"Os assentamentos complicam o que pode ser um acordo definitivo. Queremos a paz e devemos ter gestos nesta direção", disse Holande ontem em entrevista coletiva com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Jerusalem.
Em seu comparecimento junto a Abbas, Hollande também abordou o problema dos refugiados palestinos, uma das questões fundamentais do conflito palestino-israelense, e assinalou que "devem ser feitas propostas realistas ou, caso contrário, não haverá um acordo".
O presidente francês também se mostrou confiante em que as duas partes possam chegar a um acordo de paz, ressaltando que o compromisso da França com esse fim não é novo e que se baseia em dois direitos fundamentais: "Um Estado soberano palestino e a segurança de Israel, que não são contraditórios".
De acordo com Hollande, estes princípios são "garantias mútuas" de que não haverá paz sem segurança: "não haverá um Estado viável e democrático palestino se a segurança de Israel não estiver garantida".
Por sua parte, o presidente Abbas agradeceu o apoio político e orçamentário de Hollande, materializado hoje com a assinatura de vários acordos bilaterais em distintas matérias, e mencionou que analisou a relação bilateral e os obstáculos no atual processo de paz com Hollande.
"Lutamos por um Estado palestino e soberano com Jerusalém Oriental como sua capital, e isto terá um efeito positivo nesta região do mundo", ressaltou o líder palestino.
Abbas também louvou os esforços dos EUA e dos outros três membros do Quarteto para o Oriente Médio (UE, ONU e Rússia), que censuraram os últimos anúncios de Israel em torno de novas casas no território palestino ao considerar que os mesmos "são ilegais e violam o direito internacional".
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) agradeceu à França, como membro da UE, pela aprovação das políticas de identificação dos produtos provenientes dos assentamentos judaicos, ressaltando que tal medida deverá trazer resultados positivos.
"Esperamos que isto leve o governo israelense a reconsiderar sua política de assentamentos. Não queremos um boicote a Israel, mas aos assentamentos", reafirmou Abbas.
Hollande foi recebido hoje com honras em sua chegada a Ramala, onde visitou o mausoléu que abriga os restos mortais do histórico dirigente palestino Yasser Arafat, situado no complexo da Muqata de Ramala, a sede da ANP.
Antes de abandonar o território palestino e retornar a Jerusalém, o presidente deveria visitar o museu do poeta Mahmoud Darwish em Ramala.