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EXAME/IDEIA: Biden e Trump empatam no estado "candidato a confusão"

Nova pesquisa mostra Biden e Trump empatados na Geórgia, que já foi reduto republicano. Desaprovação alta de Trump entre os negros é desafio do presidente

Trump em comício em Atlanta, na Geórgia: desaprovação alta entre eleitores negros no estado (Dustin Chambers/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

Trump em comício em Atlanta, na Geórgia: desaprovação alta entre eleitores negros no estado (Dustin Chambers/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 25 de setembro de 2020 às 13h07.

Última atualização em 2 de outubro de 2020 às 07h54.

A menos de 45 dias da eleição presidencial americana, um dos estados do sul, outrora fonte de vitória quase certa para os republicanos, virou palco de uma disputa acirrada.

É o que mostra nova pesquisa da parceria EXAME/IDEIA, que traz o presidente Donald Trump e o democrata Joe Biden literalmente empatados no estado da Geórgia.

Na sondagem, realizada entre 21 e 23 de setembro, Trump e Biden aparecem cada um com 46% das intenções de voto no estado. Há ainda 8% de indecisos em disputa. 

A pesquisa foi feita com eleitores dos Estados Unidos pelo EXAME/IDEIA, que une EXAME Research, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Foram ouvidas 1.200 pessoas por telefone e a margem de erro é de 3 pontos percentuais.

Se desenhando para ser decisiva neste ano, a Geórgia é classificada por Maurício Moura, fundador do IDEIA e responsável pela pesquisa, como uma das "candidatas a confusão" com resultados de votos pelo correio que podem demorar a sair e questionamentos dos resultados.

"A pesquisa mostra como o quadro na Geórgia é completamente indefinido", diz Moura, que é pesquisador na Universidade George Washington, ao comentar o quadro do estado no novo episódio do podcast EXAME Política, que vai ao ar às sextas-feiras com os principais temas da eleição americana (ouça o episódio no fim da reportagem).

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Com menos de 11 milhões de habitantes e vizinha da Flórida (essa última, um reduto de brasileiros nos Estados Unidos e onde os dois candidatos também estão virtualmente empatados), a Geórgia é historicamente mais inclinada a votar nos republicanos.

Mas, como vem se tornando cada vez mais um território em disputa, alguns analistas já começam a classificar a Geórgia como um dos swing states, os estados decisivos em que nem republicanos nem democratas têm vitória certa.

A última vez que os democratas ganharam na Geórgia em uma eleição presidencial foi em 1992, com Bill Clinton.

Um dos motivos para uma disputa mais acirrada neste ano é a reprovação alta de Trump entre eleitores negros. Nesse grupo, 72% desaprova Trump, ante 43% de eleitores brancos.

Nas intenções de voto entre os negros, Trump perde por 35% a 60% para Biden, ou incríveis 25 pontos percentuais. Entre os brancos, o presidente ganha por 10 pontos.

Como na Geórgia um terço do eleitorado é negro, a desaprovação de Trump torna o estado menos óbvio do que nos últimos anos.

Biden também vence por margens amplas entre quem tem ensino superior ou pós-graduação, latinos e jovens com menos de 29 anos. Já Trump tem vantagem grande entre os mais velhos, eleitores da zona rural e quem têm formação apenas até o ensino médio ou inferior.

Eleitores com camiseta "negros por Trump" em Atlanta, na Geórgia: presidente é desaprovado pela maioria (Dustin Chambers/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

Biden tem mais intenções de voto entre quem vai votar pelo correio, como já acontece em outros estados sondados nas pesquisas EXAME/IDEIA. Esse é outro dos motivos que podem levar à "confusão" esperada por Moura na Geórgia e em outros lugares com disputas apertadas.

Um caso controverso já aconteceu no estado em 2018, quando o resultado para governador foi declarado sem que milhares de votos pelos correios tivessem sido contados. Também houve relatos de que o voto de eleitores em regiões de negros e latinos foi dificultado.

"Um temor dos democratas é que os republicamos possam novamente declarar vitória sem que todos os votos tenham sido contados", diz Moura sobre o cenário em 2020.

O pesquisador aponta como tendência que os aliados do presidente Donald Trump, como já vêm fazendo, tentem minar a credibilidade do voto pelo correio incluindo pedindo recontagem, declarando vitória antes do fim das contagens ou alegando fraudes. Ter uma eleição onde cada voto conta, certamente, não ajudará para um cenário pacífico.

No sistema eleitoral americano, cada estado tem um número de votos e quem ganha leva todos os votos na maior parte dos estados, mesmo que a vitória tenha sido apertada (entenda o colégio eleitoral neste episódio do podcast EXAME Política).

Quem vencer na Geórgia leva 16 dos 538 votos do colégio eleitoral americano

Em 2016, a vitória de Trump na Geórgia foi com um pouco mais de folga do que desenham as pesquisas até agora. O presidente venceu a ex-secretária de Estado Hillary Clinton no estado com 5 pontos de diferença (50,4% dos votos a 45,3%).

O alto número de eleitores negros também não impediu que Obama perdesse no estado em suas duas eleições: em 2012, o ex-presidente perdeu por 8 pontos percentuais para o republicano Mitt Romney e, em 2008, perdeu para John McCain por 5 pontos.

O cenário mudou, e a eleição de novembro caminha para ser uma das mais acirradas e conturbadas dos últimos 20 anos na Geórgia.

O podcast EXAME Política vai ao ar todas as sextas-feiras com os principais temas da eleição americana. Ouça o novo episódio abaixo e siga em sua plataforma de áudio preferida para acompanhar os próximos programas.

 

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