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Ex-jogador de críquete é favorito em eleições no Paquistão

Quase 1,6 milhão de eleitores vão votar para os ocupantes de 272 assentos no Parlamento, o que definirá a escolha do novo primeiro-ministro

Paquistão: Soldados do Exército patrulham um ponto de distribuição de material eleitoral (Akhtar Soomro/Reuters)

Paquistão: Soldados do Exército patrulham um ponto de distribuição de material eleitoral (Akhtar Soomro/Reuters)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 25 de julho de 2018 às 06h50.

Última atualização em 25 de julho de 2018 às 09h46.

Os paquistaneses vão às urnas nesta quarta-feira numa eleição legislativa que promete entrar para a história do país. Primeiro, por ser apenas a segunda transição de poder democrática nos 71 anos desde a independência. Segundo, por ser o primeiro pleito com tantos candidatos religiosos – são mais de 1.500, contra apenas algumas centenas em 2013.

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Quase 1,6 milhão de eleitores vão votar para os ocupantes de 272 assentos no Parlamento, o que definirá a escolha do novo primeiro-ministro. Há três forças principais na disputa pelo cargo: Imran Khan, um ex-jogador de críquete do partido PTI, é apontado como o favorito; a Liga Muçulmana do Paquistão-N (LMP-N), que atualmente governa o país e cujo principal nome, o ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, foi acusado de corrupção e afastado do cargo no ano passado pela Suprema Corte; e Bhutto Zardari, de apenas 29 anos, do partido de centro-esquerda PPP (Partido do Povo do Paquistão).

A força mais determinante de todas, no entanto, é uma quarta: o Exército paquistanês, acusado de atuar por baixo dos panos para favorecer Khan e seu partido. “Os militares querem trazer uma nova liderança, alguém que possa repetir e marquetar o novo discurso pró-Exército de um novo Paquistão, que não está em guerra, que é poderoso, que pode olhar nos olhos dos Estados Unidos e que esteja livre de corrupção”, afirmou a EXAME a analista independente Ayesha Siddiqa, autora do livro “Militar Inc. – Por dentro da economia militar do Paquistão”.

A campanha de Khan, o favorito das forças armadas, é baseada numa mensagem anticorrupção, crítica que respinga nos outros dois principais nomes no pleito. No início deste mês, Nawaz Sharif foi sentenciado a dez anos de prisão pelo Judiciário – visto como um aliado do Exército – por acusação de corrupção ao não comprovar que seus apartamentos em Londres não foram comprados com dinheiro ilícito. Já Bhutto Zardari precisa superar a imagem do pai, o ex-presidente Asif Ali Zardari, também acusado de corrupção.

Apesar de os principais partidos do Paquistão serem todos islâmicos, proliferam nesta eleição novas legendas religiosas com posicionamentos mais radicais. Com uma defesa de uma interpretação ainda mais rígida da sharia, a lei islâmica, esses partidos acusam as três principais siglas de querer conduzir o país com uma linha orientada ao Ocidente, abandonando os valores islâmicos.

Segundo analistas, muitos desses partidos vêm sendo apoiados pelos militares, que visam um controle indireto cada vez maior do Parlamento -ainda mais com uma eventual vitória de Khan. Para Siddiqa, é provável que alguns desses candidatos sejam eleitos.

Após dois ataques terroristas em comícios eleitorais terem deixado mais de 130 mortos e 150 feridos no último dia 13, o Exército promete mobilizar 371.000 homens para garantir a segurança (quatro vezes o número de militares no último pleito).

 

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