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Entenda porque russos estão divididos sobre acusações contra a Ucrânia por ataque em Moscou

Russos dizem que estão unidos na sua dor quanto o ataque sangrento de sexta-feira a uma casa de shows em Moscou, mas opiniões estão divididas quanto à versão do Kremlin

O ataque perpetrado por homens armados na noite de sexta-feira, que custou a vida de pelo menos 137 pessoas, foi reivindicado pelo Estado Islâmico (Sergei Vedyashkin/AFP)

O ataque perpetrado por homens armados na noite de sexta-feira, que custou a vida de pelo menos 137 pessoas, foi reivindicado pelo Estado Islâmico (Sergei Vedyashkin/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 24 de março de 2024 às 13h31.

Os russos, devastados pelo ataque sangrento de sexta-feira a uma casa de shows em Moscou, dizem que estão unidos na sua dor, mas as opiniões estão divididas quanto à versão do Kremlin, que parece culpar a Ucrânia.

O ataque perpetrado por homens armados na noite de sexta-feira, que custou a vida de pelo menos 137 pessoas, foi reivindicado pelo Estado Islâmico (EI).

No entanto, o Kremlin ainda não mencionou a reivindicação do grupo jihadista e insiste que os quatro supostos agressores, que foram detidos, tentaram fugir para a Ucrânia, país onde lançou uma ofensiva em fevereiro de 2022.

Nas ruas de Moscou, muitos se recusam a falar sobre este tema delicado, mas Vomik Aliev, um estudante de medicina com pais muçulmanos, expõe sua opinião.

"Acredito que por trás deste ato terrorista estão os islamistas extremistas do EI. A Ucrânia também comete atos terroristas, mas isso está mais de acordo com o que os islamistas fazem", explica o jovem de 22 anos, que afirma ser um frequentador assíduo do Crocus City Hall, a casa de shows onde ocorreu o ataque.

"Não acredito na versão do envolvimento da Ucrânia, mesmo depois do que o presidente disse", afirma o estudante.

Apesar da divergência, considera que a tragédia tem sido um fator de união.

"Esses eventos nos unem para que juntos superemos os obstáculos", diz Vomil. "Não estou surpreso (com o apoio dos ocidentais que denunciaram o ataque), ninguém gosta de terroristas".

Todos os meios valem

Ruslana Baranovskaia, jurista de 35 anos, ainda está muito comovida e em "estado de choque". No entanto, questiona o fato de as autoridades russas, que sempre se vangloriam das suas medidas de segurança, terem sido incapazes de evitar a tragédia.

Especialmente considerando que algumas potências ocidentais alertaram Moscou e os seus cidadãos na Rússia sobre o risco de um ataque.

"Os Estados Unidos e o Reino Unido alertaram os seus cidadãos, por que os nossos serviços especiais não sabiam de nada?", questiona.

Na terça-feira, três dias antes do ataque, Vladimir Putin denunciou as advertências "provocativas" dos Estados Unidos e "o desejo de intimidar e desestabilizar" a sociedade russa.

No domingo, Washington reiterou que "o Estado Islâmico é totalmente responsável por este ataque" e disse não ver "nenhum envolvimento ucraniano".

"No início de março, o governo americano compartilhou informações com a Rússia sobre um ataque terrorista planejado em Moscou", disse uma porta-voz da Casa Branca.

"Não me sinto segura. Que alguém possa sair e me matar é assustador", diz Baranovskaia.

No entanto, outros consideram o envolvimento de Kiev plausível. As autoridades russas não param de acusar a Ucrânia de estar governada por "nazistas" ou realizar "ataques terroristas", para justificar o ataque lançado contra este país.

Valeri Chernov, de 52 anos, destaca que o ataque ao Crocus City Hall fará com que todos "entendam que o front não está apenas em uma parte da Rússia, mas em todo o país".

"Alguns não compreenderam que existe uma guerra e que todos os meios são válidos", afirma este comerciante.

"Quem está por trás disso? Os inimigos da Rússia e de Putin que procuram desestabilizar o poder. É realmente possível (que sejam) a Ucrânia e o Ocidente. Não estou descartando nada. É possível que eles tenham usado o EI para desviar a atenção da população", diz.

Esta semana, o Kremlin reconheceu que o país está em "guerra" na Ucrânia, palavra cujo uso foi proibido, com preferência para o termo "operação militar especial".

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