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Cresce o interesse por sistemas de defesa na América Latina, diz CEO da Indra

Empresa espanhola de tecnologia civil e militar quer ampliar presença na região e elevar faturamento global para 6 bilhões de euros

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de internacional e economia

Publicado em 18 de abril de 2024 às 06h28.

Última atualização em 18 de abril de 2024 às 16h08.

Os governos da América Latina, de países como Brasil e Chile, estão ampliando seu interesse em investir para renovar suas capacidades de segurança e defesa militar, aponta José Vicente de los Mozos, CEO da Indra. A empresa, que fornece sistemas como radares aéreos e sensores para vigiar fronteiras, busca expandir sua presença na região.

Mozos realizou uma viagem para ampliar negócios no continente na semana passada. A Indra é uma empresa de tecnologia da Espanha, que fornece produtos como radares para controle aéreo, sensores de presença para monitorar fronteiras e sistemas para fiscalizar mercadorias, entre outros. A companhia também atua com serviços de tecnologia para o mercado civil.

"Nesta viagem, tenho visto os países muito mais receptivos a investir em segurança e defesa. Quando falamos com os governos do Brasil, do Chile, do Equador, eles estão muito mais abertos em investir em segurança do que há algum tempo atrás", diz o CEO, em conversa com a EXAME em São Paulo.

A companhia quer aumentar seu faturamento global de 4,3 bilhões de euros para 6 bilhões até 2026, e o plano é que o Brasil responda por 500 milhões de euros desse montante. Uma das principais razões para isso é o aumento dos gastos com defesa na Europa, que cresceram após a Rússia invadir a Ucrânia, em 2022.

"A Europa percebeu a necessidade de desenvolver suas capacidades após o conflito na Ucrânia. Há grandes investimentos de dinheiro nisso. Na América Latina, estamos falando de modernizar o que existe e começar a desenvolver capacidades locais. São duas coisas diferentes, e empresas como nós podemos apoiar. Somos empresas que já estamos na região, e sabemos que os negócios precisam ter um período longo e se acostumar às variações da economia", afirma.

América Latina e economia de ciclos

Mozos avalia que a economia do continente vive ciclos de altos e baixos mais pronunciados, embora os países estejam apostando em caminhos variados.

"Na América Latina, é um sobe e desce de forma histórica. E depende dos países. Nem todos estão aplicando as mesmas receitas econômicas. Na Argentina, houve uma mudança importante de governo e de direção. Javier Milei poderá implantar ações econômicas que colocou em marcha. No Brasil, o presidente Lula está dinamizando a economia, e diria que estamos na parte de cima da onda. É um bom momento para investir e ajudar o governo brasileiro a fazer as modernizações que o país precisa", diz.

"O Brasil é um país líder na América Latina e medidas como o PAC, determinadas pelo presidente Lula, favorecerão o avanço e a modernização do país. A implementação do PAC, assim como os fundos nacionais na Espanha, ajuda a acelerar essa transformação. O importante em todos esses planos é que eles sejam ágeis e se desenvolvam rapidamente", defende.

Embora a América Latina não tenha registrado guerras nas últimas décadas, há preocupações com temas como proteção de fronteiras, imigração irregular e combate ao narcotráfico. No Equador, por exemplo, o governo adotou medidas duras depois que criminosos ligados a cartéis assassinaram um candidato à presidente, no ano passado, e invadiram um programa de TV ao vivo e fizeram os apresentadores de reféns.

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