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Israel pode ter escondido explosivos em 5 mil pagers do Hezbollah

Ataque coordenado atinge comunicações do grupo no Líbano, elevando tensões com Israel e desestabilizando a região

Câmeras de segurança mostram momento que os pagers explodiram no bolso de pessoas em Beirute, no Líbano. (AFP PHOTO / UGC / ANONYMOUS/AFP)
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 18 de setembro de 2024 às 06h36.

Última atualização em 18 de setembro de 2024 às 09h40.

O Hezbollah, grupo libanês apoiado pelo Irã, enfrentou um dos maiores reveses em sua história recente após um ataque coordenado que atingiu suas comunicações estratégicas. Aproximadamente 5.000pagers, distribuídos entre seus membros em todo o Líbano, explodiram simultaneamente, resultando na morte de 12 pessoas e deixando cerca de 3.000 feridos, incluindo combatentes do Hezbollah e o enviado iraniano à Beirute.As explosões, que ocorreram na última terça-feira, 17, foram atribuídas à agência de inteligênciaisraelense Mossad, que teria manipulado os dispositivos eletrônicos para incluir explosivos durante o processo de fabricação. As informações são da Reuters.

As explosões representam um golpe estratégico profundo para o Hezbollah, que vinha utilizando esses dispositivos como parte de sua rede de comunicações descentralizada. Os pagers, adquiridos em uma tentativa de evitar o monitoramento eletrônico sofisticado de Israel, eram vistos como uma forma segura de comunicação. No entanto, a revelação de que o Mossad conseguiu infiltrar e modificar esses dispositivos eletrônicos expõe uma vulnerabilidade significativa na infraestrutura do grupo.

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O contexto das explosões e a resposta do Hezbollah

O ataque com explosivos ocorre em um momento de crescente tensão na fronteira entre Israel e o Líbano, onde os dois lados têm trocado ataques desde o início da ofensiva de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza, que começou em outubro. O Hezbollah, aliado do Hamas e apoiado diretamente pelo Irã, tem conduzido operações contra alvos israelenses como parte de sua resposta à guerra em Gaza. Contudo, o ataque aos dispositivos de comunicação do Hezbollah parece ser um movimento planejado por Israel para enfraquecer a capacidade operacional do grupo.

Segundo fontes de segurança libanesas ouvidas pela Reuters, o Hezbollah havia encomendado os pagers de uma empresa taiwanesa, mas as investigações revelaram que os dispositivos foram alterados antes de chegarem ao Líbano. Essas modificações incluíam a inserção de pequenas quantidades de explosivos, que foram ativados por um sinal remoto enviado pelos serviços de inteligência israelenses, de acordo com fontes do The  New York Times e pela Reuters.O Mossad, que historicamente tem desempenhado um papel central nas operações de inteligência de Israel, não comentou oficialmente o ataque, mantendo a política de não confirmar nem negar tais operações.

O Hezbollah reagiu rapidamente às explosões, com sua liderança prometendo vingança contra Israel. Em uma declaração oficial, o grupo afirmou que o ataque não ficará sem resposta, agravando as já tensas relações entre os dois lados. A liderança do Hezbollah também reconheceu que as explosões representam uma das maiores falhas de segurança do grupo em décadas, comprometendo não apenas suas comunicações, mas também sua moral.

O impacto estratégico e a escalada regional

Esse ataque ocorre em um momento particularmente delicado para a região. Desde o início da guerra em Gaza, a situação na fronteira entre Israel e o Líbano tem se tornado cada vez mais volátil. Hezbollah e Israel têm se envolvido em confrontos diários, com trocas de foguetes, mísseis e ataques aéreos.A explosão dos pagers pode intensificar ainda mais esse conflito, levando a uma escalada que poderia arrastar outros atores regionais, como o Irã, que é o principal apoiador financeiro e militar do Hezbollah.

O ataque aos pagers também levanta questões sobre as capacidades de defesa do Hezbollah. Se um grupo tão bem armado e organizado como o Hezbollah pode ser atingido dessa maneira, outros atores na região podem se ver igualmente vulneráveis às operações de inteligência israelenses. Isso pode ter implicações mais amplas para os aliados do Hezbollah, especialmente o Irã, que também enfrenta a vigilância constante de Israel.

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